Primeira privatização de Milei esbarra em dívida de US$ 536 mi, segundo fonte

Presidente argentino espera vender a estatal IMPSA, empresa de equipamentos, mas uma dívida em aberta pode emperrar o negócio com um comprador com base nos EUA

Privatizações foram uma parte importante das promessas de campanha de Javier Milei (Foto: Ignacio Olivera Doll/Bloomberg)
Por Ignacio Olivera Doll
29 de Novembro, 2024 | 12:19 PM

Bloomberg — O presidente Javier Milei impôs até dezembro o prazo para a primeira tentativa de privatização em seu governo em um plano para vender uma longa lista de empresas estatais da Argentina. Segundo especialistas, será desafiador para o governo se desfazer de muitos negócios considerados estratégicos.

As privatizações fizeram parte importante das promessas de campanha de Milei, que ele simbolizou com o uso de uma motosserra.

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Ele disse não acreditar que o governo deva administrar empresas e afirma repetidamente que “tudo o que puder ser privatizado, nós vamos privatizar”. Milei espera vender ferrovias estatais, bancos, uma companhia aérea e muito mais.

Seu governo escolheu a empresa de construção hidrelétrica Industria Metalurgicas Pescarmona, ou IMPSA, como seu primeiro alvo de privatização.

E já manteve negociações com um possível comprador: o Industrial Acquisitions, com base nos Estados Unidos, que adquire e revitaliza empresas nos setores de energia e infraestrutura, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto que falou com a Bloomberg News.

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Mas uma das dificuldades é que a IMPSA ainda deve US$ 536 milhões aos credores e a IAF quer que essas dívidas sejam quitadas antes de comprar a empresa, de acordo com essa pessoa, que pediu para não ser identificada, pois o processo está em andamento.

A IMPSA pertence, em sua maior parte, ao governo nacional e ao governo da província de Mendoza, onde está sua sede.

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A empresa é um “microcosmo” dos próprios problemas da dívida soberana da Argentina.

A IMPSA reestruturou suas dívidas duas vezes na última década, enquanto seus títulos internacionais representam 38,4% de sua carteira e são oferecidos atualmente por apenas um décimo de seu valor de emissão.

O governo de Milei, porém, impôs um prazo: a IMPSA deve ser privatizada até 15 de dezembro, ou então entrará em falência, segundo essa pessoa. Para resolver o ônus da dívida, a IAF contratou a corretora AdCap Securities, sediada em Buenos Aires, antes de adquirir a empresa.

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A AdCap se recusou a comentar como seria a solução exata para a dívida. A IMPSA, a IAF e o Ministério da Economia da Argentina não responderam aos pedidos de comentários da Bloomberg News.

O caso da IMPSA exemplifica os desafios que Milei enfrenta para desvincular o governo argentino de sua rede de empresas estatais. Os protestos trabalhistas deste ano prejudicaram o serviço da companhia aérea estatal Aerolineas Argentinas e do maior empregador público, a gigante ferroviária Trenes Argentinos.

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Recentemente, o presidente iniciou o processo de leilão da empresa ferroviária de carga do país, mas um possível comprador teria que assumir uma malha em profundo estado de degradação.

Estabelecida em 1907, a IMPSA foi fundada na principal região vinícola da Argentina, Mendoza, onde construiu equipamentos de ferro, aço e irrigação, em parte para vinhedos. Mais recentemente, concentrou-se em projetos hidrelétricos e maquinário pesado em portos de carga.

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