O presidente do conselho da Toyota Motor, Akio Toyoda, propôs a aquisição da Toyota Industries, disseram à Bloomberg News pessoas familiarizadas com o assunto.
O negócio busca consolidar seu controle sobre o maior império empresarial do Japão, enquanto uma onda de fusões e aquisições agita o país.
A proposta avalia a Toyota Industries, que fabrica teares para a indústria têxtil e peças para os carros da Toyota, em 6 trilhões de ienes (US$ 42 bilhões), disse uma das fontes, o que representa um prêmio de cerca de 40% sobre sua capitalização de mercado no fechamento da sexta-feira (25).
A Toyota Industries, empresa fundada pelo bisavô de Toyoda, Sakichi, que deu origem à montadora número 1 do mundo, formou um comitê especial após receber a oferta.
E contratou consultores para avaliar sua viabilidade, afirmaram as fontes, que pediram para não serem identificadas porque as informações não são públicas.
Embora Akio seja presidente do conselho da Toyota Motor, sua participação direta na empresa é inferior a 1%, enquanto a Toyota Industries detém 9,1% da montadora.
A aquisição reforçaria a participação e a influência de Akio sobre o grupo Toyota, que inclui fornecedores e participações em outros negócios, incluindo montadoras rivais.
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Um acordo figuraria entre as maiores aquisições já registradas globalmente. As discussões ainda estão em andamento e o acordo pode não prosseguir em sua forma atual, ou mesmo não ser concretizado.
A Toyota Industries e a Toyota Motor não responderam imediatamente aos pedidos de comentário.
Precedente da Seven & i
A proposta de aquisição de Akio ocorre meses após o fracasso de uma proposta semelhante para fechar o capital da varejista japonesa Seven & i.
Liderada pela família fundadora Ito, o fracasso desse plano devido à falta de financiamento aumentou as chances de uma aquisição pela rival canadense Alimentation Couche-Tard.
A liberalização dos fluxos de capital no país, juntamente com a pressão por maior governança e responsabilidade perante os acionistas, têm desafiado os laços de longa data entre a administração e as partes interessadas que enfatizavam a estabilidade.
Se a oferta pela Toyota Industries for adiante, o financiamento compreenderá o investimento pessoal de Akio Toyoda, juntamente com empréstimos do Mitsubishi UFJ Financial Group e de outros megabancos japoneses, disse uma das fontes.
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Akio, de 68 anos, deixou o cargo de diretor executivo da Toyota Motor em 2023, após liderar a empresa familiar por 14 anos, passando o cargo para o então chefe da Lexus, Koji Sato. Ainda assim, o neto do fundador da montadora exerce grande influência sobre a empresa.
Apoio em declínio
Nos últimos anos, no entanto, o apoio dos acionistas da Toyota Motor a Toyoda diminuiu.
Mais de um quarto dos votos se opuseram à sua recondução, em parte devido à forma como a empresa lidou com as certificações de segurança de veículos. Sua parcela de votos a favor caiu para 72%, ante 85% e 96% nos dois anos anteriores.
Apesar de toda essa resistência, a insistência de Toyoda para que a Toyota mantenha o rumo com uma estratégia “multicaminho” que deixe espaço para motores híbridos a gasolina e eletricidade se mostrou acertada.
A empresa ampliou sua liderança como a maior vendedora de automóveis do mundo, à medida que a transição da indústria para veículos totalmente elétricos desacelera. Com 42,5 trilhões de ienes, a Toyota é a segunda empresa do setor automotivo mais valiosa do mundo, depois da Tesla.
Não está claro se uma aquisição bem-sucedida da Toyota Industries mudaria a participação de Toyoda no conselho da montadora. Embora agora seja menor e mais discreta do que a gigante automotiva, a Toyota Industries ocupa uma posição reverenciada na história da família Toyoda.
As duas empresas ainda estão profundamente interligadas. A Toyota Motor e suas afiliadas detêm cerca de 38% das ações da Toyota Industries, enquanto a Toyota Fudosan, empresa imobiliária que conta com Akio como presidente do conselho, detém 5%.
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