Porto acaba com aluguel de carro e celular, aposta que deu prejuízo de R$ 100 mi

Serviços da família de produtos por assinatura são descontinuados após impacto negativo nos resultados da companhia em 2024. Projeção para vertical de saúde, alvo de interesse de fundos, se destaca para 2025

Paulo Kakinoff, CEO da Porto, diz que a companhia vê crescimento das unidades de negócios mesmo sem a alavanca de M&A
14 de Fevereiro, 2025 | 04:13 PM

Bloomberg Línea — O Grupo Porto Seguro (PSSA3) registrou um prejuízo de R$ 100 milhões em 2024 com suas operações de aluguel de carro e de aparelho celular, segundo resultado financeiro divulgado nesta sexta-feira (14). A companhia decidiu acabar definitivamente com os serviços denominados de Carro Fácil e o Tech Fácil.

O serviço de assinatura de automóveis era uma aposta do ex-CEO da Porto Roberto Santos, que deixou o cargo no final de 2023, sendo substituído por Paulo Kakinoff. A companhia chegou a negociar a criação de uma joint venture com a Cosan (CSAN3) para explorar o modelo de locação, mas a sociedade não vingou.

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“Tivemos um prejuízo de R$ 90 milhões em 2024 com o Carro Fácil, que não se repetirá em 2025. Encerramos a operação e fizemos todas as provisões necessárias para a operação”, disse Celso Damadi, CFO da Porto, em conversa com jornalistas, em resposta à Bloomberg Línea sobre o impacto do fim do serviço no balanço.

O impacto líquido da baixa do produto “carro por assinatura” no resultado do quarto trimestre foi de R$ 41 milhões. No período, excluído esse e outros efeitos extraordinários, a Porto lucrou R$ 710 milhões, uma alta de 3% em 12 meses, em linha com o consenso de estimativas de analistas compiladas pela Bloomberg. Em 2024, o lucro foi de R$ 2,7 bilhões, aumento de 18% desconsiderando tais efeitos.

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“O último empréstimo para liquidar o Carro Fácil, que era a alavancagem de compra de carro, foi liquidado em fevereiro, ou seja, toda a parte de endividamento já está liquidada”, afirmou o executivo.

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Já o serviço de aluguel de celular trouxe uma perda menos relevante, de R$ 10 milhões, em 2024. Lançado em 2021, o Tech Fácil foi oferecido a partir de uma parceria entre a Porto e a Samsung, com planos de assinatura para troca de aparelho a cada ano.

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“As duas operações [Carro Fácil e Tech Fácil], em conjunto, deram prejuízo de R$ 100 milhões e fazem parte um um grupo de desinvestimentos que a companhia vem fazendo nos últimos anos”, reforçou Damadi.

Já as receitas totais do grupo avançaram dois dígitos, para R$ 10 bilhões no quarto trimestre (+14% em 12 meses) e R$ 37 bilhões no acumulado do ano (+13%). A rentabilidade sobre o patrimônio (ROE) foi superior a 20% em suas quatro unidades de negócios (Seguros, Saúde, Bank e Serviços).

Rentabilidade em 2025

Porto divulgou ainda suas projeções para 2025, com destaque para a vertical de saúde. A companhia espera crescimento do prêmio ganho nesse negócio entre 25% e 40%. No quarto trimestre, o lucro líquido da Porto Saúde cresceu 109% em 12 meses, para R$ 139 milhões.

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Houve aumento de 24% no número de vidas do seguro saúde, para um total de 675 mil beneficiários, e de 27% em “odonto”, para 995 mil pessoas, o que contribuiu para a alta de 37% nas receitas da unidade de negócio no quarto trimestre no comparativo anual.

O CEO confirmou o interesse de fundos de investimento nessa vertical e disse que a companhia mantém tratativas sobre o assunto, sem revelar os nomes dos interlocutores.

“Estamos crescendo com recursos próprios, sem acessar o mercado de capitais e sem transações com fundos. Não há nenhuma conversa de forma vinculada e exclusiva acontecendo neste momento”, disse Kakinoff.

Uma nota publicada hoje pelo Pipeline, do Valor Econômico, sem citar fontes, disse que teria havido avanço na negociação da Porto para a venda de participação minoritária em sua divisão de saúde.

Segundo a matéria, a gestora americana Summit Partners teria exclusividade nas tratativas, depois de a Porto ter conversado com outros potenciais interessados, como General Atlantic, Advent e CPPIB.

“Só vamos engajar e concretizar algo dessa natureza exclusivamente se houver adição importante de valor e valor estratégico na companhia”, disse o CEO aos jornalistas, antes de tomar conhecimento da nota do Pipeline.

As ações da Porto estavam em queda de 0,61%, cotadas a R$ 39,25, por volta das 14h50, mas acumulam valorização de 8,37% no acumulado do ano e de 51,49% em 12 meses.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.