Bloomberg Línea — O Grupo Porto Seguro (PSSA3) registrou um prejuízo de R$ 100 milhões em 2024 com suas operações de aluguel de carro e de aparelho celular, segundo resultado financeiro divulgado nesta sexta-feira (14). A companhia decidiu acabar definitivamente com os serviços denominados de Carro Fácil e o Tech Fácil.
O serviço de assinatura de automóveis era uma aposta do ex-CEO da Porto Roberto Santos, que deixou o cargo no final de 2023, sendo substituído por Paulo Kakinoff. A companhia chegou a negociar a criação de uma joint venture com a Cosan (CSAN3) para explorar o modelo de locação, mas a sociedade não vingou.
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“Tivemos um prejuízo de R$ 90 milhões em 2024 com o Carro Fácil, que não se repetirá em 2025. Encerramos a operação e fizemos todas as provisões necessárias para a operação”, disse Celso Damadi, CFO da Porto, em conversa com jornalistas, em resposta à Bloomberg Línea sobre o impacto do fim do serviço no balanço.
O impacto líquido da baixa do produto “carro por assinatura” no resultado do quarto trimestre foi de R$ 41 milhões. No período, excluído esse e outros efeitos extraordinários, a Porto lucrou R$ 710 milhões, uma alta de 3% em 12 meses, em linha com o consenso de estimativas de analistas compiladas pela Bloomberg. Em 2024, o lucro foi de R$ 2,7 bilhões, aumento de 18% desconsiderando tais efeitos.
“O último empréstimo para liquidar o Carro Fácil, que era a alavancagem de compra de carro, foi liquidado em fevereiro, ou seja, toda a parte de endividamento já está liquidada”, afirmou o executivo.
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Já o serviço de aluguel de celular trouxe uma perda menos relevante, de R$ 10 milhões, em 2024. Lançado em 2021, o Tech Fácil foi oferecido a partir de uma parceria entre a Porto e a Samsung, com planos de assinatura para troca de aparelho a cada ano.
“As duas operações [Carro Fácil e Tech Fácil], em conjunto, deram prejuízo de R$ 100 milhões e fazem parte um um grupo de desinvestimentos que a companhia vem fazendo nos últimos anos”, reforçou Damadi.
Já as receitas totais do grupo avançaram dois dígitos, para R$ 10 bilhões no quarto trimestre (+14% em 12 meses) e R$ 37 bilhões no acumulado do ano (+13%). A rentabilidade sobre o patrimônio (ROE) foi superior a 20% em suas quatro unidades de negócios (Seguros, Saúde, Bank e Serviços).
Rentabilidade em 2025
Porto divulgou ainda suas projeções para 2025, com destaque para a vertical de saúde. A companhia espera crescimento do prêmio ganho nesse negócio entre 25% e 40%. No quarto trimestre, o lucro líquido da Porto Saúde cresceu 109% em 12 meses, para R$ 139 milhões.
Houve aumento de 24% no número de vidas do seguro saúde, para um total de 675 mil beneficiários, e de 27% em “odonto”, para 995 mil pessoas, o que contribuiu para a alta de 37% nas receitas da unidade de negócio no quarto trimestre no comparativo anual.
O CEO confirmou o interesse de fundos de investimento nessa vertical e disse que a companhia mantém tratativas sobre o assunto, sem revelar os nomes dos interlocutores.
“Estamos crescendo com recursos próprios, sem acessar o mercado de capitais e sem transações com fundos. Não há nenhuma conversa de forma vinculada e exclusiva acontecendo neste momento”, disse Kakinoff.
Uma nota publicada hoje pelo Pipeline, do Valor Econômico, sem citar fontes, disse que teria havido avanço na negociação da Porto para a venda de participação minoritária em sua divisão de saúde.
Segundo a matéria, a gestora americana Summit Partners teria exclusividade nas tratativas, depois de a Porto ter conversado com outros potenciais interessados, como General Atlantic, Advent e CPPIB.
“Só vamos engajar e concretizar algo dessa natureza exclusivamente se houver adição importante de valor e valor estratégico na companhia”, disse o CEO aos jornalistas, antes de tomar conhecimento da nota do Pipeline.
As ações da Porto estavam em queda de 0,61%, cotadas a R$ 39,25, por volta das 14h50, mas acumulam valorização de 8,37% no acumulado do ano e de 51,49% em 12 meses.
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