Por que o aspartame entrou na mira da OMS e como isso afeta a Coca-Cola

Organização Mundial da Saúde deve declarar em julho que a substância usada em alimentos e bebidas sem açúcar é potencialmente cancerígena

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Bloomberg — A Organização Mundial da Saúde (OMS) irá declarar em julho um dos adoçantes artificiais mais amplamente utilizados no mundo, encontrado em milhares de alimentos sem açúcar, desde refrigerantes até geleias e chicletes, como potencialmente cancerígeno. A substância em questão é o aspartame.

O aspartame será considerado “possivelmente carcinogênico para humanos” pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) da OMS, conforme relatado pela agência Reuters.

Aqui está tudo o que você precisa saber sobre essa substância:

O que é o aspartame?

O aspartame é popular entre os fabricantes de alimentos por causa de seu alto nível de doçura e baixo teor calórico. Ele é produzido combinando dois aminoácidos naturalmente presentes, a fenilalanina e o ácido aspártico. Foi descoberto em 1965 pelo químico James M. Schlatter, nos Estados Unidos. Segundo relatos, ele estava pesquisando medicamentos para úlceras e lambeu o dedo, que estava coberto com o composto, descobrindo assim sua doçura.

Onde o aspartame é usado?

O substituto do açúcar é encontrado em milhares de produtos fabricados por algumas das maiores empresas de alimentos do mundo - a Coca-Cola e a PepsiCo o utilizam em suas opções sem açúcar, e a Mars o adiciona aos produtos de chiclete da Wrigley’s. Também é vendido como adoçante de prateleira sob marcas como Equal e NutraSweet.

O que a OMS irá dizer?

A OMS planeja lançar dois relatórios sobre o aspartame em 14 de julho. A IARC deverá destacar seu risco de câncer. O outro relatório, do Comitê Conjunto de Especialistas em Aditivos Alimentares da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), fornecerá uma atualização da avaliação de risco do adoçante, abordando também a ingestão diária aceitável do aspartame e outros possíveis efeitos adversos de seu consumo.

Quais outras conclusões a IARC poderá chegar?

A avaliação classificará o aspartame em uma das quatro categorias: carcinogênico para humanos, provavelmente carcinogênico para humanos, possivelmente carcinogênico para humanos ou “não classificável quanto à sua carcinogenicidade para humanos”.

O que dizem as diretrizes atuais?

A JECFA emitiu uma avaliação do aditivo pela primeira vez em 1981, concluindo que a ingestão diária aceitável do aspartame é de 40 miligramas por quilograma de peso corporal. Esse limite é apoiado por outros órgãos reguladores, como a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos. Uma lata de refrigerante diet de 355 ml geralmente contém cerca de 200 mg de aspartame, de acordo com a Universidade do Alabama.

O que dizem outros grupos?

A Agência de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos considera o aspartame seguro desde 1974, quando aprovou o composto para “uso como adoçante de mesa e em chicletes, cereais matinais frios e bases secas para certos alimentos”. Em 1996, a FDA aprovou seu uso como “adoçante geral”.

No entanto, o Centro de Ciência no Interesse Público, um grupo de defesa do consumidor, chamou o aspartame de adoçante de baixa caloria de “maior preocupação” porque há “evidências convincentes de que ele causa câncer e é um potente carcinógeno”. O grupo indicou o aspartame para avaliação pela IARC em 2014 e 2019.

Qual foi a resposta da indústria?

“Há um amplo consenso na comunidade científica e regulatória de que o aspartame é seguro. Essa é uma conclusão alcançada repetidamente por agências de segurança alimentar ao redor do mundo”, afirmou a American Beverage Association à Bloomberg em um comunicado. A Coca-Cola e a PepsiCo se recusaram a comentar.

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