Por que esta refinaria privatizada da Petrobras planeja virar companhia aberta?

Grupo Atem, vencedor de leilão de privatização, pede registro de companhia aberta para a Refinaria de Manaus, em categoria que permite emissão de títulos como debêntures

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Bloomberg Línea — A Refinaria de Manaus, vendida pela Petrobras (PETR3, PETR4) por US$ 257,2 milhões (mais de R$ 1,3 bilhão ao câmbio da época) para o Grupo Atem em dezembro de 2022, estuda uma captação no mercado de capitais, segundo documento protocolado na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) no último dia 30 de junho. A companhia pediu registro de companhia aberta na categoria B, que permite emissão de títulos de dívida, como debêntures, e não ações (categoria A).

O Grupo Atem possui atuação na região Norte, inicialmente como distribuidora de petróleo. Em dezembro de 2018, um consórcio formado pela companhia com a Oliveira Energia arrematou, por exemplo, a distribuidora Amazonas Energia, no leilão promovido pela Eletrobras (ELET3, ELET6), mas vendeu sua participação para a sócia em novembro de 2020.

A Refinaria de Manaus confirmou à Bloomberg Línea que protocolou junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) no último dia 30 de junho o pedido para registro de companhia aberta na categoria B “visando estar preparada para emissões e distribuições públicas de títulos de dívida”. A empresa acrescentou, no entanto, que não há nenhum processo de emissão em curso.

Eventual emissão poderia reforçar a capacidade de novos investimentos da refinaria, segundo especialistas do setor.

O ativo ainda está em fase de transição operacional. As logomarcas da Petrobras ainda são exibidas nas instalações da Reman (Refinaria Isaac Sabbá). Isso se deve ao compromisso de um período de até 15 meses em que a estatal de capital misto continuará apoiando a Reman nas operações, sob um acordo de prestação de serviços, para evitar qualquer interrupção operacional.

O Grupo Atem assumiu, em novembro do ano passado, essa refinaria por meio de uma venda pela Petrobras das ações da empresa Refinaria de Manaus S.A., constituída para deter a Reman e seus ativos logísticos na capital amazonense para a empresa Ream Participações S.A , veículo societário de propriedade dos sócios da Atem’s Distribuidora de Petróleo S.A. (Atem).

O processo de desinvestimento da Petrobras na Reman foi lançado em junho de 2019 e, em agosto de 2021, o contrato de venda da refinaria foi assinado com o Grupo Atem.

A venda integra o compromisso firmado pela Petrobras com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para a abertura do setor de refino no Brasil. A Reman possui capacidade de processamento de 46 mil barris/dia, e seus ativos incluem um terminal aquaviário.

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