Por que analistas do Itaú BBA cortaram o preço-alvo das ações da Eletrobras

Analistas do banco reduziram o valor esperado ao fim de 2024 de R$ 61,60 para R$ 53,50, apontando riscos para a tese de investimento; papeis recuam mais de 3% nesta terça

O Itaú BBA reduziu preço-alvo da ação da Eletrobras para 2024, mas manteve recomendação 'outperform' (equivalente à compra)
16 de Janeiro, 2024 | 02:38 PM

Bloomberg Línea — A equipe de equity research do Itaú BBA cortou o preço-alvo para a ação ordinária da Eletrobras (ELET3) de R$ 61,60 para R$ 53,50 no fim de 2024, mantendo, contudo, a recomendação “outperform” (equivalente à compra). O banco de investimento vê como principais riscos a disputa sobre votos no Supremo Tribunal Federal (STF) e as questões relacionadas aos preços de energia.

Nesta terça-feira (16), a ação recuava mais de 3% por volta das 14h30, pouco acima dos R$ 42. Isso representa um upside - potencial de alta - de cerca de 27% sobre o preço atual.

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Em relatório divulgado nesta terça-feira (16), analistas do Itaú BBA liderados por Marcelo Sá apontaram como um dos riscos para a tese de investimento um resultado desfavorável da disputa sobre direitos de voto da União, atualmente em andamento no STF. O governo federal contesta trechos da lei de desestatização da Eletrobras que diminuíram seu poder de voto na empresa.

Apesar das incertezas sobre o resultado dessa disputa, o banco aponta a possibilidade de acordo com o governo, evitando futuras ações judiciais.

“Muitos investidores internacionais com quem interagimos em 2023 foram cautelosos na compra de ações da Eletrobras, temendo o risco de um resultado negativo dessa disputa. Acreditamos, portanto, que uma vez resolvida a questão poderá haver fluxos estrangeiros no estoque”, disse o analista.

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Um processo de turnaround mais longo do que o esperado também foi apontado como um risco para os papéis da empresa de energia, assim como eventuais perdas pelo não desenvolvimento da usina de Angra 3 ou, ainda, seu desenvolvimento em termos pouco atrativos.

O banco de investimento também alertou para subsídios adicionais para o desenvolvimento do setor de energias renováveis no país, com aumento do quadro de excesso de oferta de energia e consequente pressão adicional nos preços do insumo.

O Itaú BBA destacou no relatório que os preços da energia se recuperaram parcialmente de suas mínimas, mas ainda estão bem abaixo do custo marginal de expansão. “No entanto acreditamos que o preço atual das ações reflete o pior cenário para os preços da energia”, disseram os analistas liderados por Sá.

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Os analistas disseram que mudanças para cima na perspectiva de preços de energia no longo prazo aumentam o preço-alvo para as ações da Eletrobras.

Do lado da gestão da companhia, o banco apontou o foco da alta administração na otimização da estrutura tributária da empresa.

“A incorporação de Furnas pela holding agilizará a utilização de créditos tributários, dando um benefício fiscal à holding”, disseram os analistas, acrescentando que “ainda existem muitas outras medidas que poderiam ser tomadas para otimizar a estrutura tributária da empresa, como o pagamento de juros sobre capital próprio”.

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Como catalisadores de curto prazo, o Itaú BBA apontou a venda dos ativos no segmento de usinas térmicas e assinatura de novos contratos de compra e venda de energia em condições atrativas.

“Ainda gostamos de Eletrobras, pois acreditamos que o preço atual das ações já reflete uma curva baixa de preços de energia e vemos mais potencial positivo do que risco negativo”, apontou o relatório.

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Juliana Estigarríbia

Jornalista brasileira, cobre negócios há mais de 12 anos, com experiência em tempo real, site, revista e jornal impresso. Tem passagens pelo Broadcast, da Agência Estado/Estadão, revista Exame e jornal DCI. Anteriormente, atuou em produção e reportagem de política por 7 anos para veículos de rádio e TV.