Política de senhas leva Netflix a superar, de novo, projeções de Wall Street

Medida que impede o compartilhamento de senhas e assinaturas mais acessível com publicidade contribuíram para o resultado positivo no terceiro trimestre; ação subia 5% no after market

Por

A Netflix adicionou mais de 5 milhões de clientes no terceiro trimestre e superou as expectativas de Wall Street em todas as principais métricas financeiras, apesar de uma grade de programação ainda limitada pelas greves dos roteiristas de Hollywood que aconteceu no ano passado.

Os analistas previam que a Netflix adicionaria 4,52 milhões de assinantes.

As vendas no período cresceram 15%, e chegaram a US$ 9,83 bilhões, segundo balanço financeiro da empresa divulgado na quinta-feira (17). O lucro aumentou para US$ 5,40 por ação.

Nas negociações após o pregão, as ações da Netflix subiram até 5,4%, para US$ 724,89.

As ações mais do que quadruplicaram desde maio de 2022, quando uma desaceleração no crescimento da empresa levou a uma grande venda de posições, o assustou os investidores sobre o negócio de entretenimento.

Desde então, a Netflix conquistou mais de 60 milhões de clientes graças à sua nova política que impede o compartilhamento de senhas e à introdução de uma assinatura de preço mais baixo com publicidade. A empresa encerrou o trimestre com 282,7 milhões de assinantes.

Leia mais: Netflix negocia para transmitir talk show ‘Hot Ones’ e ampliar programação ao vivo

A maioria dos analistas acredita que a política de compartilhamento de senhas é temporária e que a Netflix logo precisará encontrar outra maneira de crescer.

A empresa ainda não obteve retornos financeiros significativos de seus investimentos em publicidade ou videogames, e algumas pessoas em Wall Street agora temem que as ações estejam supervalorizadas.

Apesar disso, a liderança da Netflix procurou tranquilizar os investidores ao dizer que a empresa se beneficiará da política de compartilhamento de senhas nos próximos anos.

A empresa previu na quinta-feira que as vendas no próximo ano aumentarão entre 11% e 13%, podendo chegar a US$ 44 bilhões, a partir da chegada de novos assinantes e aumentos de preços.

A Netflix já informou que aumentará os preços na Espanha e na Itália na sexta-feira (18) e disse que eliminará gradualmente um de seus planos mais baratos no Brasil ainda neste trimestre.

Duas macrorregiões, a de Europa, Oriente Médio e África e da Ásia-Pacífico, foram responsáveis por quase todos os novos clientes da empresa. Por outro lado, a Netflix perdeu clientes na América Latina pela primeira vez desde o início de 2023.

Embora a Netflix reconheça que seu negócio de publicidade esteja progredindo lentamente, o conselho da empresa informou que tem grandes ambições para os próximos dois anos.

A empresa tem desenvolvido sua própria tecnologia de publicidade e fechou vários acordos para vender seu serviço com suporte de publicidade juntamente com outros serviços de streaming.

“Temos muito mais trabalho a fazer para melhorar nossa oferta aos anunciantes, o que será uma prioridade nos próximos anos”, disse a empresa no balanço.

A Netflix começou a investir em programação ao vivo como uma forma de aumentar a quantidade de inventário que tem para vender aos anunciantes: como uma luta de boxe ao vivo no próximo mês, seguida por dois jogos da NFL, a liga de futebol americano, no dia de Natal. A partir do próximo ano, a Netflix oferecerá aos clientes três horas de luta livre ao vivo toda semana.

Leia mais: Após ação subir 340%, Netflix enfrenta o desafio de se manter atraente ao investidor

Os gastos com publicidade e a nova programação possivelmente vão desacelerar a trajetória lucrativa, informou também a administração da empresa.

Nos últimos cinco anos, a receita líquida quadruplicou, mas sua margem operacional poderá crescer apenas um ponto percentual, para 28% em 2025 em relação ao projetado para 2024.

"Queremos equilibrar o crescimento da margem a curto prazo com o investimento adequado em nossos negócios", disse a empresa. "Ainda vemos muito espaço para aumentar nossas margens no longo prazo."

Veja mais em bloomberg.com

©2024 Bloomberg L.P.