PicPay aposta em IA no atendimento a cliente para ganhar mercado, diz CEO

Fintech dos irmãos Batista implementou o ChatGPT na interação com usuários, o que resulta em tempos de resposta mais rápidos, diz Eduardo Chedid à Bloomberg News

Sede do PicPay em São Paulo; fintech disse que não tem pressa para abrir o capital em um futuro próximo (Foto: Rogério Cassimiro/PicPay)
Por Rachel Gamarski - Barbara Nascimento e Reto Gregori
01 de Março, 2024 | 01:04 PM

Bloomberg — O PicPay, fintech de pagamentos que faz parte da holding J&F, dos irmãos Batista, aposta na inteligência artificial (IA) para aumentar o seu apelo na América Latina, em um ambiente com concorrentes de peso, como o gigante Nubank.

Em um dos testes mais ambiciosos para a IA no setor financeiro, o processo de interação de atendimento aos clientes da plataforma é hoje comandado pelo ChatGPT.

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Em parceria com a Microsoft, o PicPay tem usado a ferramenta para responder a perguntas básicas sobre atividades bancárias ou pagamentos futuros. Os usuários descobriram que o serviço é mais rápido e tão amigável quanto os agentes humanos, disse o CEO Eduardo Chedid em entrevista à Bloomberg News.

“Esta é a maior oferta de atendimento ao cliente com IA em operação”, disse o CEO na sede da Bloomberg News em São Paulo. Com a nova tecnologia, “você não saberá que não está falando com um de nossos representantes de atendimento ao cliente”.

Uma das fintechs brasileiras mais populares, nascida como uma carteira digital, o PicPay é controlado pela J&F Investimentos e tem 36 milhões de clientes, em um mercado em que os brasileiros costumam usar vários bancos ao mesmo tempo.

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A empresa afirma realizar mais de R$ 13 bilhões em transações por mês e espera aumentar a base de clientes ativos para 45 milhões em três anos.

A Microsoft (MSFT) afirmou que o PicPay é uma das primeiras empresas financeiras a utilizar sua tecnologia de IA.

O plano, segundo Chedid, é agregar todas as informações financeiras do usuário em um só lugar. Por exemplo, explicou, “você pode pedir à plataforma que some todas as suas despesas relacionadas à escola do seu filho nos últimos seis meses”.

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Planos de IPO

Embora a empresa tenha anunciado planos de IPO em 2021, Chedid disse que não tem pressa, em um cenário cujas avaliações de ativos de fintechs se mostram deprimidas.

Nos Estados Unidos, a Stripe fechou um acordo na quarta-feira (28) que a avalia em US$ 65 bilhões – US$ 30 bilhões abaixo do obtido há três anos, quando o PicPay visava um valuation de US$ 8 bilhões.

“Não vamos abrir o capital só porque queremos”, disse o CEO.

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A fintech reportou o primeiro lucro, um ganho de R$ 20,4 milhões, no quarto trimestre de 2022. Segundo o CEO, a empresa permaneceu lucrativa desde então.

O PicPay também busca ampliar seus negócios. O mais recente deles foi a compra da empresa de crédito consignado BX Blue, como forma de ampliar a oferta e depender menos do produto de carteira digital, que responde por 85% de seu faturamento. A meta é reduzir esse número para 50% em três anos, disse Chedid.

O CEO não espera que o PicPay seja a primeira empresa a testar o mercado de IPOs após longa seca. “Não seremos os pioneiros; provavelmente será uma empresa dos EUA ou uma mais famosa”, disse.

Fora de cripto

O PicPay interrompeu suas operações de criptomoedas em outubro passado e não há planos de voltar para esse mercado, disse Chedid. Ele acrescentou que a companhia ainda acredita no ativo, mas avalia que ainda existem algumas lacunas regulatórias no Brasil e nos EUA. A decisão também faz parte da estratégia da empresa de abrir o capital em algum momento.

“Quando as coisas ficarem mais claras com os órgãos reguladores americanos e brasileiros, poderemos voltar”, afirmou.

O PicPay, fundado em 2012, foi adquirido pelos irmãos Batista em 2015. Joesley e Wesley Batista são mais conhecidos como proprietários da JBS (JBSS3), maior fornecedora de carne do mundo.

Também também estiveram no centro de um escândalo de corrupção que abalou o país em 2017, que envolveu dezenas de políticos, quase derrubou um presidente da República - Michel Temer - e causou a sua prisão temporária.

- Com a colaboração de Giovanna Bellotti Azevedo e Cristiane Lucchesi.

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