PetroReconcavo investe US$ 60 mi e terá capacidade para processar 100% do seu gás

Em entrevista à Bloomberg Línea, VP comercial e de novos negócios, João Vitor Moreira diz que nova unidade Miranga vai reduzir custos e a dependência de terceiros e elevar a produtividade

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Bloomberg Línea — A PetroReconcavo (RECV3) anunciou nesta segunda-feira (4) um investimento estimado de US$ 60 milhões na construção de sua segunda unidade de processamento de gás na Bahia, a UPGN (Unidade de Processamento de Gás Natural) Miranga.

É o maior investimento em uma única instalação industrial da produtora independente de óleo e gás em bacias terrestres, o que representa um avanço significativo na atuação no segmento de midstream (etapa intermediária na cadeia de fornecimento de petróleo).

Segundo o importante player do mercado de junior oils no Brasil, a iniciativa aumenta a competitividade da companhia, reduz a dependência de terceiros e os custos de processamento de gás, ao mesmo tempo em que promove sustentabilidade operacional e desenvolvimento econômico no estado da Bahia. Há clientes com contratos de fornecimento de gás com duração de dez anos.

“Com essa decisão de investimento, a PetroReconcavo vai passar a ter a capacidade de tratar 100% do seu gás natural de forma independente e continuar a colocar no mercado, com a verticalização de algo que já existe com ganhos de produtividade e custos menores”, disse o vice-presidente comercial e de novos negócios da companhia, João Vitor Moreira, à Bloomberg Línea.

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A nova UPGN terá uma capacidade de processamento de 950 mil m³/dia, com potencial de expansão para até 1,5 milhão de m³/dia, e será localizada no município baiano de Pojuca.

A área já foi adquirida pela companha e será destinada ao tratamento e ao processamento do gás natural de todos os ativos operados pela companhia que não estão interligados à outra unidade de tratamento da PetroReconcavo no estado da Bahia, a UTG São Roque.

“A nova unidade mais que triplica nossa capacidade de processamento de gás na Bahia”, destacou o executivo, que acrescentou que as obras começam em 2025 com licenciamento para movimentação da terra e informe à ANP (Agência Nacional do Petróleo).

A decisão de investimento no projeto representa um passo importante na estratégia de desenvolvimento das reservas de gás natural da PetroReconcavo, pois possibilita a verticalização completa das atividades de midstream na Bahia, reforçou Moreira.

“Consideramos a nova unidade pronta até o final de 2027. Depois viraria a chave e passará a contribuir com a estrutura de custos até o início de 2028″, detalhou.

O executivo disse que a companhia tem caixa para executar o capex, mas não descartou a possibilidade de uma nova captação de recursos no mercado. O nível de endividamento da companhia (dívida líquida/Ebitda) está em 0,50 x, um patamar considerado saudável.

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“Já tivemos pequenos custos na fase de projetos, mas vamos executar esse investimento ao longo de 2025 e 2026. Podemos captar fontes de recursos específicas para esse tipo de ativo a um custo de capital adequado, mas a companhia tem a capacidade de arcar 100% com esse investimento sem elevar os patamares do que consideramos adequado para uma empresa produtora de commodity”, disse.

Impulso com a abertura do mercado em 2022

O executivo relembrou a trajetória da companhia na alocação de recursos no gás natural. Em 2017, a PetroReconcavo tomou a decisão de investir em ativos nos estados do Rio Grande do Norte e da Bahia, que têm vocação para gás natural.

“Éramos muito mais uma empresa de produção de petróleo. Fizemos um uso pioneiro das estruturas da abertura do mercado de gás natural em 2022, com a nova Lei do Gás, quando a Petrobras abriu suas estruturas essenciais”, recordou Moreira.

Essa decisão fez com que a companhia saísse de uma realidade de menos de 10% da produção e da receita atrelada à gás natural para, em setembro passado, contar com mais 42%.

“A PetroReconcavo está muito bem posicionada por ter custos de extração bem competitivos. Isso é reconhecido pelo mercado. Somos uma empresa que opera campos maduros. Fizemos um programa de revitalização deles”, disse o executivo.

Segundo Moreira, a nova unidade tem previsão de gerar cerca de 400 empregos diretos durante a sua construção, além de impulsionar a economia local com a criação de novos negócios e serviços indiretos.

“Conseguimos prover o mercado com um gás competitivo mesmo em um ambiente de preços um pouquinho apertado. Conseguimos remunerar esse investimento com o desenvolvimento de suas reservas de gás natural”, observou.

Maior autonomia

A UPGN será construída em módulos e instalada em uma região estratégica para a companhia, o que permitirá o alinhamento dos gasodutos de escoamento da produção advinda dos campos e conexão à malha de transporte.

“Esse novo projeto marca mais um passo da companhia na sua estratégia de aumento da resiliência operacional e excelência no desenvolvimento de suas reservas de gás natural”, disse Moreira.

O executivo disse avaliar que a PetroReconcavo fez uma escolha acertada ao apostar no gás natural e no estado da Bahia, e esta planta permitirá maior autonomia e ganhos de produtividade, bem como assegurará capacidade disponível para o desenvolvimento de novas reservas.

“Sob a ótica do midstream, representa um marco para a companhia ao assegurar capacidade para processar 100% dos prognósticos de produção, com a consequente atração de demanda incremental associada ao mercado de gás natural”, concluiu o executivo.

Esse é o segundo investimento da companhia em infraestrutura no segmento de midstream. O primeiro foi a UTG São Roque, destinada ao processamento do gás dos campos de Mata de São João, Remanso, Jacuípe e Riacho de São Pedro, na Bahia, que iniciou suas operações em agosto deste ano, com capacidade de 400 mil m³/dia.

A PetroReconcavo possui contratos de fornecimento de gás natural com as principais distribuidoras do Nordeste, como Bahiagás, Potigás, Sergas e Copergás, o que a consolida como a maior produtora independente de gás natural na região. Além disso, mantém contratos com produtores independentes e consumidores livres de gás natural.

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