Petrobras vai investir em etanol para fazer frente à queda do consumo de gasolina

Para presidente da estatal, Magda Chambriard, a diversificação do portfólio é uma obrigação e que a aposta é rentável

agência petrobras
22 de Novembro, 2024 | 04:47 PM

Bloomberg Línea — A Petrobras (PETR3, PETR4) aposta no etanol para fazer frente à queda do consumo de gasolina no longo prazo, em meio ao contexto global de transição energética. Executivos da companhia afirmaram nesta sexta-feira (22) que a ideia é buscar “parceiros grandes” para dar início à empreitada.

“A Petrobras entrou [na indústria do] etanol na década de 1970, saímos recentemente. O produto é hoje o principal competidor da gasolina, em um país onde a frota é flex. Nosso DNA tem muito a ver com a molécula, a diversificação de fontes é mandatória para nós”, disse a CEO da companhia, Magda Chambriard, em entrevista a jornalistas.

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O diretor executivo de transição energética e sustentabilidade da estatal, Maurício Tolmasquim, disse que no transporte leve a gasolina vai perder mercado ao longo do tempo, ao passo que até 2040 o consumo de etanol vai crescer.

“Queremos continuar grandes e faremos isso entrando no mercado do nosso maior competidor, o etanol, que nós mesmos vamos produzir”, disse.

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Ele afirmou que a companhia deve fazer isso por meio de parcerias. “Não vamos entrar sozinhos [no segmento] porque seria um caminho longo a percorrer. A companhia já começou a sondar potenciais parceiros, o etanol tem uma sinergia muito grande com outras atividades da Petrobras”, afirmou o executivo.

Tolmasquim esclareceu que a ideia é criar uma nova empresa, uma joint venture, para “começar grande”.

“[Etanol] de cana e sobretudo de milho. Vemos que isso pode ser implantado muito rapidamente, basta chegar a um acordo estratégico. Criando essa nova empresa, uma joint venture, passamos a ter o combustível no portfólio da Petrobras”, disse. “Queremos ser rápidos, mas seguindo a governança da companhia.”

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Embora a petroleira ainda não tenha fechado um modelo de negócio para produzir etanol, o executivo salientou que a estatal já sondou alguns parceiros. “Agora que vamos começar a discutir mais seriamente.”

Chambriard observou que a companhia tem uma área dedicada a fusões e aquisições que está lidando com essas oportunidades.

“Estamos conversando com quatro ou cinco empresas, mas obviamente não podemos antecipar quais são ou o porte do negócio”, disse a executiva. “Tratando-se de Petrobras, tem que ser uma empresa de porte relevante, compatível com o nosso”, acrescentou.

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Em um cenário de desafios constantes ao longo de décadas para a indústria do etanol, os executivos da Petrobras garantiram que o negócio é rentável. “O etanol é bastante rentável, é atrativo economicamente, [com taxa de retorno médio] acima de 10%”, afirmou Tolmasquim.

Sem dar detalhes, ele ressaltou que a Petrobras pode buscar oportunidades no etanol de cana, principalmente na região Sudeste e em São Paulo, ou mesmo de milho, cuja principal região produtora é o Centro-Oeste.

“Se for no Centro-Oeste, existe uma sinergia com a questão de transporte de combustíveis, levamos fóssil [na ida] e trazemos etanol [na volta] para o Sudeste”, explicou.

No plano quinquenal até 2029, a Petrobras reserva US$ 2,2 bilhões para o segmento de etanol.

Investimentos em E&P

Dos US$ 111 bilhões de investimentos previstos para o período de 2025 a 2029 no plano estratégico da Petrobras, US$ 77 bilhões estão reservados para o segmento de exploração & produção (E&P), sendo 60% desse montante para a camada pré-sal.

“Petróleo e gás continuará sendo nosso foco no quinquênio. Esse investimento, tanto no plano quinquenal quanto até 2050, está em sintonia com todos os cenários de projeção do Acordo de Paris, estamos pari passu com a transição energética”, disse Chambriard.

Com a frase “toda gota de óleo importa”, a companhia abriu a apresentação do plano de negócios nesta sexta-feira.

“Todos os nossos projetos serão feitos de forma responsável, zelando pela rentabilidade. Vamos construir valor, mantendo nosso foco em petróleo e gás”, afirmou Chambriard. “É congruente produzir petróleo e gás com a transição energética, temos metade da pegada de carbono do óleo mundial.”

Segundo a executiva, em 2050 o foco da companhia continuará na produção de óleo e gás, entretanto, com um produto “mais renovável” se comparado ao extraído atualmente.

Analistas do Citi (C) destacaram em relatório que, embora o plano estratégico 2025-2029 contemple um aumento do capex total, esse crescimento veio em linha com as estimativas do banco.

Em reunião com investidores, Chambriard reforçou que o portfólio da companhia é rentável no longo prazo. “Mesmo em um cenário de Brent a US$ 45, nossos projetos de petróleo são sustentáveis”, afirmou.

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Juliana Estigarríbia

Jornalista brasileira, cobre negócios há mais de 12 anos, com experiência em tempo real, site, revista e jornal impresso. Tem passagens pelo Broadcast, da Agência Estado/Estadão, revista Exame e jornal DCI. Anteriormente, atuou em produção e reportagem de política por 7 anos para veículos de rádio e TV.