Petrobras reajusta gasolina e diesel, e analistas preveem IPCA mais alto

Defasagem dos combustíveis em relação aos preços internacionais aumentou nos últimos meses e analistas enxergam alta no IPCA causada pelos novos valores

Petrobras
15 de Agosto, 2023 | 10:24 AM

Bloomberg Línea — A Petrobras (PETR3; PETR4) informou nesta terça-feira (15) que aumentará o preço médio por litro da gasolina A em R$ 0,41 para as distribuidoras. A partir de quarta-feira (16), o valor cobrado será de R$ 2,93 por litro. O diesel também será reajustando, passando por um aumento de R$ 0,78 por litro, o que eleva seu custo para R$ 3,80 por litro.

O reajuste representa um aumento de 16% no preço da gasolina vendida às distribuidoras e de 26% no valor do diesel, combustível que é um dos principais custos do transporte de mercadorias no país.

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Segundo a companhia, a parcela da Petrobras no preço do diesel ao consumidor será, em média, R$ 3,34 a cada litro vendido na bomba. Em relação à gasolina, a parcela será de, em média, R$ 2,14 a cada litro vendido na bomba.

Por volta das 9h45, no horário de Brasília, o ADR de Petrobras (PBR) subia 3,63% no pré-mercado de Nova York, a US$ 13,99.

O aumento deve ter efeitos para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em um momento em que o Banco Central inicia um ciclo de cortes de juros no país.

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O efeito direto do reajuste de gasolina índice, segundo a Ativa Investimentos, deve ser de 29 pontos-base, o que somado ao avanço do diesel chega a cerca de 31 pontos-base. Com isso, a projeção da casa de investimentos para a inflação anual sobe de 4,8% para 5,1%, ao passo que o IPCA de agosto salta de 0,08% para 0,23% e de setembro de 0,26% para 0,41%.

A XP Investimentos (XP), por sua vez, enxerga cerca de 30 pontos-base de viés de alta para a previsão de 4,6% do IPCA em 2023.

Defasagem

A defasagem dos combustíveis em relação aos preços internacionais aumentou nos últimos meses após uma mudança na política de reajustes de preços adotada pela Petrobras. Dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) apontam que, até o dia 11 deste mês, foi registrada uma defasagem média de -24% no óleo diesel e de -24% na gasolina.

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A nova política da Petrobras tem preocupado analistas do mercado. Citigroup, HSBC Securities e JPMorgan rebaixaram a ação neste mês, abandonando suas recomendações equivalentes à compra.

Isso porque eles estão preocupados com a nova política de preços de combustíveis da empresa estatal, combinada com o risco de um aumento nos planos de investimento, que pode fazer com que os níveis de endividamento disparem.

A Petrobras subsidiou combustíveis, algo politicamente sensível, da última vez que o PT estava no poder, levantando preocupações de que a gigante do petróleo mais uma vez gastará dinheiro para ajudar o país a manter a inflação sob controle.

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-- Com informações de Bloomberg News

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Tamires Vitorio

Jornalista formada pela FAPCOM, com experiência em mercados, economia, negócios e tecnologia. Foi repórter da EXAME e CNN e editora no Money Times.