Petrobras quer que bancos chineses financiem exploração em águas profundas, diz CFO

Em entrevista à Bloomberg News, Sergio Caetano Leite diz que a estatal se reuniu recentemente com instituições chinesas para negociar financiamentos

Plataforma da Petrobras
Por Mariana Durão
26 de Setembro, 2023 | 09:56 AM

Bloomberg — A Petrobras (PETR3; PETR4) pediu a bancos chineses para financiar o avanço de sua exploração de petróleo em águas profundas, em um sinal de laços crescentes entre a petrolífera brasileira e a segunda maior economia do mundo.

A estatal reuniu-se recentemente com instituições financeiras chinesas para negociar financiamentos para si mesma, e principalmente para sua cadeia de fornecedores de equipamentos e serviços, disse o diretor executivo financeiro Sergio Caetano Leite em uma entrevista à Bloomberg News. A ideia é garantir que haja capital suficiente e acessível para projetos de petróleo em águas profundas no Brasil.

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A iniciativa da Petrobras ocorre no momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca investimentos chineses para concretizar seus ambiciosos planos de reindustrialização da economia brasileira. A China é o maior parceiro comercial do Brasil e compra quase um terço de todas as exportações do país.

“A Petrobras tem crescido em um ritmo acelerado e quer garantir que seus fornecedores possam acompanhar esse crescimento”, disse o executivo em entrevista na sede da Petrobras.

Muitas das plataformas flutuantes, de produção, armazenamento e transferência que a Petrobras compra ou aluga são montadas em estaleiros chineses. Isso torna mais fácil para os construtores das chamadas FPSOs obterem empréstimos chineses para as embarcações, que podem custar até US$ 3,5 bilhões cada. Os bancos chineses também ajudarão a Petrobras a financiar seus projetos de energia renovável, disse Leite.

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As instituições financeiras chinesas já respondem por mais de 25% dos empréstimos da Petrobras, e Leite vê essa participação crescendo, embora a empresa pretenda manter seu endividamento total abaixo de US$ 65 bilhões. A Petrobras assinou memorandos com prazo de cinco anos com o China Development Bank e o Bank of China durante uma viagem de negócios ao país no mês passado.

A diretoria da estatal se reuniu ainda com outras instituições financeiras, incluindo Sinosure, CITIC Bank, ICBC e fundos soberanos chineses. A Petrobras está estudando a abertura de uma subsidiária chinesa no próximo ano para se concentrar em finanças e compras, disse ele.

A Petrobras tem a maior frota de FPSOs e a que mais cresce no mundo. A empresa acrescentará mais 14 até o final de 2027 e, se seus fornecedores tiverem melhor acesso ao crédito, isso reduzirá os custos gerais, disse Leite.

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As transações financeiras em yuan também são um tópico que os bancos chineses gostariam de discutir com a Petrobras, disse ele. Atualmente, a Petrobras não tem nenhuma operação em andamento na moeda chinesa.

A Petrobras também está trabalhando para se aproximar dos países do Oriente Médio. Após uma viagem à China no mês passado, os executivos da empresa pararam em Abu Dhabi para reuniões com empresas como Adnoc e Mubadala Capital. A estatal também planeja uma visita à Arábia Saudita em breve, disse Leite.

Leite vê os países do Golfo como atores importantes na transição energética, pois “buscam reverter sua imagem de vilões do petróleo” e estão dispostos a gastar muito na descarbonização da economia. A própria Petrobras está planejando destinar até 15% de seus investimentos totais a projetos de energia renovável e está procurando parceiros para compartilhar os custos de investimento.

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“Quem vai bancar a transição energética é o setor financeiro e a indústria de petróleo e gás”, disse o executivo.

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