Bloomberg — A CEO da Petrobras, Magda Chambriard, disse que a gigante brasileira do petróleo pode resistir à queda dos preços globais durante o governo de Donald Trump, em parte apoiando-se em seus clientes na China e na Índia.
O apelo do novo presidente dos EUA para que os produtores americanos “perfurem, baby, perfurem” e os planos tarifários que podem potencialmente desacelerar a economia global já ajudaram a derrubar os preços globais do petróleo em cerca de 6% desde sua posse, para aproximadamente US$ 75 o barril. E eles podem cair ainda mais.
Mas Chambriard disse que isso não deve afetar a Petrobras, já que a empresa estabeleceu mercados na China e na Índia, com um plano estratégico que é “resiliente” ao preço do petróleo abaixo dos níveis atuais.
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“Nosso plano estratégico de cinco anos é totalmente resiliente a US$ 65”, disse Chambriard, que participa da conferência India Energy Week, em uma entrevista à Bloomberg TV.
“Não acredito que os preços possam cair muito mais do que isso, mesmo porque os EUA precisam sustentar a produção não convencional”, acrescentou, referindo-se aos campos de xisto dos EUA.
É provável que o petróleo seja negociado entre US$ 70 e US$ 75 por barril sob o novo governo dos EUA, disse ela quando questionada sobre a pressão de Trump para aumentar a produção e para baixar os preços globais.
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A Petrobras, empresa controlada pelo Estado brasileiro, presumiu que a referência global do petróleo Brent teria uma média de US$ 83 por barril este ano em seu plano estratégico divulgado em novembro.
Chambriard também não está preocupada com a possibilidade de a demanda chinesa diminuir, apesar da desaceleração econômica do país, e disse que é muito cedo para determinar se as políticas de Trump realmente mudarão a dinâmica do fornecimento de combustíveis fósseis.
O Brasil tem aumentado a produção, com o objetivo de ampliá-la nos próximos cinco anos em 400.000 barris por dia, que poderiam ser vendidos a parceiros em outras grandes economias emergentes dos Brics, disse ela.
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A Petrobras segue em busca de novas fronteiras de exploração, já que alguns de seus principais campos atingiram o pico e começaram a desaparecer.
Chambriard disse que a empresa considerará as oportunidades na Índia “muito seriamente”, já que o país acaba de anunciar planos para oferecer 25 blocos de exploração em águas profundas e ultraprofundas.
A maior aposta da produtora de petróleo para expandir a produção após 2030 no Brasil é uma nova e importante fronteira offshore conhecida como Margem Equatorial.
A empresa busca uma licença para perfurar seu primeiro poço na bacia da Foz do Amazonas, dentro dessa região, que tem uma geologia semelhante à da vizinha Guiana, onde a Exxon Mobil encontrou bilhões de barris.
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Chambriard disse que a Petrobras tem esperanças de obter a licença neste ano, depois de atender a todas as exigências feitas pelo Ibama, órgão de proteção ambiental.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na quarta-feira que quer que o petróleo seja explorado na Margem Equatorial e que a Petrobras deve receber o sinal verde para avançar pela região.
“Estamos muito bem preparados e o que temos lá no delta do Amazonas para conter qualquer tipo de vazamento é tão grande que ninguém no mundo colocou essa quantidade de equipamentos em um local”, disse o CEO.
-- Com a colaboração de Peter Millard, Samuel Gould e Naman Tandon.
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