Petrobras: o que importa no plano estratégico de US$ 102 bi, o primeiro sob Lula

Valor 31% superior ao previsto no ciclo anterior mantém investimentos na camada do pré-sal como prioridade e faz projeções para projetos de ‘baixo carbono’

A companhia elevou os investimentos previstos no planejamento de 2024 a 2028 ante o ciclo anterior
23 de Novembro, 2023 | 08:18 PM

Bloomberg Línea — A Petrobras (PETR3, PETR4) aprovou nesta quinta-feira (23) o plano estratégico da empresa para o período de 2024 a 2028, com previsão de investimentos da ordem de US$ 102 bilhões.

O valor é 31% superior ao previsto no ciclo anterior, de US$ 78 bilhões de 2023 a 2027, mas considera projetos ainda em análise. Trata-se do primeiro planejamento sob o comando do CEO Jean Paul Prates, indicado pelo governo Lula.

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“Aumentamos os investimentos totais da Petrobras com responsabilidade, foco na disciplina de capital e compromisso de manter o endividamento sob controle”, disse Prates em comunicado ao mercado.

Do total previsto no planejamento, US$ 91 bilhões correspondem a projetos em implantação e US$ 11 bilhões a projetos em avaliação, “sujeitos a estudos adicionais de financiabilidade antes do início da contratação e execução”.

O capex do segmento de exploração e produção (E&P) representa 72% do total, seguido pelo refino, transporte e comercialização (RTC) com 16%; gás e energia (G&E) e baixo carbono com 9%; e corporativo com 3%.

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O investimento previsto em E&P para o período soma US$ 73 bilhões, com cerca de 67% destinados ao pré-sal. Segundo a petroleira, o segmento “tem grande diferencial competitivo econômico e ambiental, com produção de óleo de melhor qualidade e com menores emissões de gases de efeito estufa”.

O anúncio de investimentos significativos no segmento de exploração e produção de petróleo vem num momento em que as críticas em torno de projetos de combustíveis fósseis crescem no mundo, embora a empresa também preveja aumento para os investimentos em projetos de baixa emissão de carbono (mais informações abaixo).

Em comunicado, Prates destacou que ainda serão necessários investimentos em exploração e produção de petróleo para que a demanda de energia seja atendida. “Por isso, buscamos a reposição de reservas e o desenvolvimento de novas fronteiras exploratórias que assegurem o atendimento à demanda global de energia durante a transição energética com a menor pegada de carbono possível”, disse.

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Conforme o documento, serão destinados US$ 7,5 bilhões para projetos de exploração no período, sendo US$ 3,1 bilhões para exploração na Margem Equatorial; US$ 3,1 bilhões nas Bacias do Sudeste e US$ 1,3 bilhão para outros países.

A estatal ressaltou que o segmento de E&P “mantém a premissa de dupla resiliência – econômica e ambiental”, além de “alto valor econômico, com portfólio viável a cenários de baixos preços de petróleo no longo prazo”. A companhia trabalha com um valor de Brent de equilíbrio médio prospectivo de US$ 25 por barril.

Para 2027, as projeções de produção de óleo e produção total e comercial de óleo e gás natural foram mantidas com relação ao plano anterior, destaca a estatal.

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Downstream e midstream

No refino, o novo plano prevê o aumento da capacidade de processamento nas refinarias em 225 mil barris por dia (bpd) e da produção de diesel S-10 (menos poluente) em mais de 290 mil bpd até 2029, suportado pela entrada de grandes projetos como o Trem 2 da RNEST, informa a estatal.

Já em petroquímica, a Petrobras afirma que está estudando investimentos tanto em projetos ativos como “em aquisições”, sem entretanto dar detalhes.

A companhia também informa seu retorno ao segmento de fertilizantes, com planos de retomar a operação da Araucária Nitrogenados (Ansa) e a conclusão das obras da fábrica de fertilizantes do Mato Grosso do Sul (UFN 3).

Baixo carbono

De acordo com o novo plano, a Petrobras destinará US$ 11,5 bilhões para projetos de baixo carbono nos próximos cinco anos, mais que o dobro do previsto pelo planejamento anterior.

As iniciativas e projetos de descarbonização contemplados incluem biorrefino; eólicas; solar; captura, utilização e armazenamento de carbono e hidrogênio.

“A Petrobras está voltando a investir em projetos de novas energias. Vamos escolher projetos rentáveis, priorizando parcerias para redução de risco e compartilhamento de aprendizados. Com esta nova frente, queremos também desenvolver as vantagens competitivas regionais do Brasil”, disse Prates em comunicado.

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Juliana Estigarríbia

Jornalista brasileira, cobre negócios há mais de 12 anos, com experiência em tempo real, site, revista e jornal impresso. Tem passagens pelo Broadcast, da Agência Estado/Estadão, revista Exame e jornal DCI. Anteriormente, atuou em produção e reportagem de política por 7 anos para veículos de rádio e TV.