Petrobras negocia exploração na África com Exxon, Shell e Galp, diz diretora executiva

Em entrevista à Bloomberg News, Sylvia dos Anjos, diretora de exploração e produção, diz que a empresa avalia 10 oportunidades de parcerias em países como Namíbia, África do Sul e Angola

Empresa busca capitalizar sua experiência no desenvolvimento de poços em águas profundas, segundo Sylvia dos Anjos
Por Mariana Durão
26 de Setembro, 2024 | 05:17 PM

Bloomberg — A Petrobras (PETR3; PETR4) negocia comprar participações em blocos de exploração africanos de empresas como Exxon, Shell, TotalEnergies e Equinor.

As discussões se referem a blocos em países como Namíbia, África do Sul e Angola, disse em entrevista à Bloomberg News a diretora executiva de exploração e produção da estatal, Sylvia dos Anjos.

A Petrobras avalia um total de 10 oportunidades de parceria com grandes petrolíferas na África para capitalizar com sua experiência no desenvolvimento de poços em águas profundas, disse Anjos.

O campo Mopane da Galp Energia, na Namíbia, é uma das opções em que a Petrobras busca comprar uma participação de 40% para se tornar a operadora da promissora descoberta offshore.

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A maior produtora de petróleo da América Latina adquiriu recentemente participações minoritárias em três blocos da Shell em São Tomé e Príncipe, duas ilhas vulcânicas na costa da África central que mostraram similaridades geológicas com a Guiana.

Galp, Exxon, Shell e Equinor não quiseram comentar. A TotalEnergies não respondeu imediatamente a pedidos de comentário.

Leia mais: TotalEnergies está aberta a parcerias com a Petrobras fora do Brasil, diz CEO

O interesse na África é parte de uma mudança mais ampla na Petrobras, que se concentrava exclusivamente em campos de águas profundas no Brasil, na chamada região do pré-sal.

A maioria das descobertas comerciais foram feitas no início deste século e a exploração recente não tem dado muito resultado, o que leva a Petrobras a se voltar para outras bacias no Brasil e no exterior. Além da África, a companhia também está de olho na região de petróleo e gás de xisto de Vaca Muerta, na Argentina, disse Anjos.

Geologia semelhante

O Brasil tem áreas que são geologicamente semelhantes à Namíbia, onde há otimismo de que o país possa virar outra Guiana, onde uma descoberta gigante de petróleo transformou a economia da nação pouco povoada.

A África estava conectada à América do Sul antes que os dois continentes começassem a se separar há 100 milhões de anos e a geologia do outro lado do Atlântico é uma escolha natural para Petrobras.

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O CEO da Shell, Wael Sawan, se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Nova York nesta semana, em um sinal de maior cooperação. Enquanto isso, o CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyanne, disse em conferência no Rio de Janeiro que está aberto a parcerias com Petrobras no exterior.

“Ele bateu na nossa porta”, disse Anjos.

Vaca Muerta

Anjos confirmou que a Petrobras busca acordos em Vaca Muerta, como parte de um plano para aumentar o fornecimento de gás natural, e manteve conversas com Tecpetrol e YPF, que querem dividir os custos de desenvolvimento com um parceiro, disse.

A Petrobras quer aumentar as importações de gás natural por meio da Bolívia para abastecer a indústria local e usinas e dar início à produção de fertilizantes.

“Avaliaremos a viabilidade e os riscos. Faz parte do negócio garantirmos nosso próprio gás”, disse ela.

A YPF não quis comentar. A Tecpetrol não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Os fundos para financiar quaisquer acordos viriam dos US$ 11 bilhões que a empresa reservou para aquisições em seu plano de investimentos de US$ 102 bilhões em cinco anos.

A diretora de exploração e produção da Petrobras descartou retornar à Venezuela. A estatal uma delegação para visitar campos de petróleo no país a pedido do presidente Nicolás Maduro, mas, segundo Anjos, as áreas oferecidas apresentam muitos problemas ambientais.

“Não se trata só de política. O Lago Maracaibo é de chorar de tanto óleo dentro”, disse ela. “A Petrobras não pode se expor em um ambiente assim.”

Ela disse que uma das principais prioridades da Petrobras é obter licenças para explorar a bacia da Foz do Amazonas, na chamada Margem Equatorial, onde a indústria tem expectativas de descobertas semelhantes às que a Exxon fez na Guiana.

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