Petrobras busca ativos na Argentina para ampliar compra de gás, dizem fontes

Segundo fontes ouvidas pela Bloomberg News, estatal estuda entrar em projetos de gás de xisto no país como um plano para aumentar o fornecimento de energia para o Brasil

Petrobras
Por Peter Millard - Mariana Durao - Jonathan Gilbert
26 de Agosto, 2024 | 02:23 PM

Bloomberg — A Petrobras (PETR3; PETR4) está em busca de negócios de gás de xisto na Argentina como parte de um plano maior para aumentar o fornecimento do combustível e estimular o crescimento industrial, de acordo com pessoas familiarizadas com a estratégia ouvidas pela Bloomberg News.

Os ativos nos quais a Petrobras procura adquirir uma participação incluem os da Tecpetrol, uma unidade do Grupo Techint do bilionário Paolo Rocca, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque o assunto é confidencial.

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A Petrobras disse, em uma resposta a perguntas da Bloomberg News, que procura gerar valor e restaurar as reservas de petróleo e gás natural por meio de oportunidades no Brasil e no exterior, o que foi delineado em seu plano estratégico de cinco anos. A Tecpetrol não quis comentar.

A Petrobras procura se expandir internacionalmente, com foco especial em projetos de petróleo e gás na América Latina e na costa atlântica da África, em vez de se limitar a campos de águas profundas no Brasil.

A estratégia é uma fonte de controvérsia dentro de um governo que também promete priorizar sua agenda ambiental, incluindo tentativas de promover uma transição verde da economia brasileira.

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Outros grandes produtores de gás no anunciado trecho de xisto de Vaca Muerta na Argentina são a estatal YPF, a TotalEnergies, a Pampa Energia e o Pan American Energy Group, que pertence em 50% à BP.

A Petrobras se desfez de seus ativos na Argentina há vários anos, mas manteve uma participação de 34% no campo de gás de xisto de Rio Neuquen, um empreendimento com a YPF e a Pampa.

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O novo impulso em Vaca Muerta significa que a Argentina poderia exportar gás para o Brasil já no ano que vem. Mas, em vez de apenas importar o combustível, a Petrobras gostaria de se envolver na produção, disseram as pessoas.

Engenheiros argentinos trabalham para reverter o fluxo de um grande gasoduto, com a ideia de que os perfuradores de Vaca Muerta possam usá-lo para enviar o combustível excedente para São Paulo via Bolívia. A Bolívia tradicionalmente canaliza gás para seus dois vizinhos, mas sua produção está em declínio.

Em agosto, a Argentina pré-autorizou a Tecpetrol e a TotalEnergies a exportar gás para o Brasil, de acordo com a província de Neuquen, que detém a maior parte das reservas de xisto argentinas.

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Autoridades governamentais e executivos do setor cogitam a ideia de também ampliar outra rede de gasodutos para poder enviar gás diretamente para o sul do Brasil, evitando uma rota mais longa pela Bolívia.

Expansão

A produção da Petrobras deve atingir seu pico por volta de 2030, a menos que a empresa faça grandes descobertas ou aquisições. Vaca Muerta, que é frequentemente comparada à Bacia do Permiano, nos EUA, poderia ajudar.

A formação de xisto passou por uma série de promessas na última década devido ao difícil clima de negócios da Argentina. Mas a construção de gasodutos e a desregulamentação sob o comando do presidente Javier Milei têm impulsionado os investimentos em perfuração e os planos de exportação, com a produção na Bacia de Neuquen atingindo picos sazonais equivalentes a mais de 1 milhão de barris por dia.

Leia mais: Vaca Muerta: o megacampo de gás argentino que o BNDES deve financiar

As ambições do Brasil em relação ao gás ultrapassam até mesmo a rivalidade política. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva trocou farpas com Milei durante todo o ano, à medida que os laços diplomáticos se deterioram entre as duas maiores economias da América do Sul. Mas em junho, Lula se encontrou com o governador de Neuquen, Rolando Figueroa, durante uma conferência de investimentos no Rio de Janeiro.

Lula também se reuniu este mês com a diretora executiva da Petrobras, Magda Chambriard, para discutir como aumentar o fornecimento e reduzir os preços, enquanto o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, propõe fortemente o uso do gás para impulsionar os setores industrial e manufatureiro do Brasil.

No entanto, a importação de gás argentino pode prejudicar as ambições do Brasil de se tornar um líder global na transição energética, pois o combustível pode substituir as energias renováveis.

Se ao país recorrer às suas usinas a gás para obter energia, isso poderá ser um revés para uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo: cerca de 90% da rede do Brasil atualmente funciona com fontes de energia renováveis, incluindo hidrelétrica, eólica e solar.

O gás também compete com o hidrogênio verde - no qual o Brasil busca ser um grande produtor - como matéria-prima para a fabricação de fertilizantes.

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