Para CFO do Magazine Luiza, vendas de bens duráveis tendem a sustentar rentabilidade

Em entrevista à Bloomberg Línea, Roberto Bellissimo Rodrigues diz que as vendas em abril fecharam em ‘dígito alto’ em todos os canais e afirma que companhia entrou em uma nova fase após alta das margens

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Bloomberg Línea — O Magazine Luiza (MGLU3) fechou abril com um crescimento das vendas entre 5% e 10%, em todos os canais, segundo o CFO da varejista, Roberto Bellissimo Rodrigues. A companha trabalha com a perspectiva de continuidade do aumento da demanda por bens duráveis, como eletrodomésticos e eletrônicos, que têm rentabilidade maior.

“Estamos entrando em uma nova fase. Os juros caem, as vendas de bens duráveis sobem. Estamos animados com o crescimento das vendas com margens saudáveis e sustentáveis”, afirmou Rodrigues em entrevista à Bloomberg Línea.

A empresa apresentou um lucro líquido ajustado de R$ 30 milhões no primeiro trimestre, em resultado divulgado na quinta-feira (9). A geração de caixa medida pelo Ebitda ajustado cresceu 54%, atingindo 7,4% de margem, alta de 2,5 pontos percentuais em 12 meses. Houve uma diluição de 39% nas despesas financeiras.

Apesar da recuperação nas vendas, alguns investidores ainda alimentam ceticismo sobre o desempenho da terceira maior varejista do país. As ações são negociadas com desvalorização acima de 3% nesta manhã.

“Começamos o ano acima das expectativas do mercado e temos como continuar evoluindo, pois nossa margem, Ebitda e despesa financeira estão melhores. Temos potencial de mudar de patamar de margem bruta e Ebitda nos próximos anos. Tudo está na dependência da tendência de redução do CDI (taxa de juros)”, observou.

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As vendas totais foram de R$ 16 bilhões no primeiro trimestre, com crescimento médio de 20% nos últimos quatro anos. O valor representa um aumento de 3% em 12 meses. A margem bruta de 29,9% significa um crescimento de 2,6 pontos no comparativo anual.

“Já aumentamos as margens. Não precisamos mais fazer isso. O crescimento adicional não vai vir do reajuste de preço, mas do aumento da receita de serviços, de participação de plataforma de ads, dos serviços de cloud e fulfillment”, disse Rodrigues.

O executivo disse a companhia zerou, no mês passado, uma dívida de curto prazo no valor de R$ 3 bilhões, o que contribui para a redução do endividamento de R$ 7 bilhões para R$ 4 bilhões. Além disso, o Magalu fechou o primeiro trimestre com uma posição de caixa de R$ 9 bilhões.

“Foi um trimestre histórico. Enquanto a maioria do varejo queima caixa no começo do ano, conseguimos mantê-lo no mesmo nível”, afirmou o CFO.

As lojas físicas tiveram um aumento de 8% nas vendas em 12 meses, totalizando R$ 4,6 bilhões. No conceito “mesmas lojas”, que considera unidades com pelo menos um ano de atividade, o aumento chegou a 9%. Segundo o CFO, citando dado da consultoria GfK, a empresa ganhou 1,2 ponto percentual de market share nas lojas físicas.

Nos últimos quatro anos, o e-commerce da companhia cresceu em média 29% ao ano, alcançando a marca de R$ 11,5 bilhões em vendas no primeiro trimestre.

Rodrigues disse que o Magalu repassou o Difal (diferencial de alíquotas do ICMS, imposto interestadual) de forma gradativa ao longo de 2023, o que torna a base de comparação do 1P (venda do estoque próprio) no primeiro trimestre mais desafiadora.

Ele considerou que a continuidade do aumento das vendas, dentro de um contexto macroeconômico de cortes dos juros básicos, se reflete na melhora do crediário e na redução da inadimplência na Luizacred, financeira do grupo. Houve um crescimento de 3% no TPV (volume total de pagamentos) de cartões, atingindo R$ 14,1 bilhões.

A carteira de crédito da financeira totalizou R$ 19,6 bilhões. A Luizacred lucrou R$ 13 milhões entre janeiro e março, ante um prejuízo de R$ 35 milhões em igual período do ano passado.

Analistas

A equipe de research do BTG Pactual avaliou que a rentabilidade apresentada pela varejista no primeiro trimestre foi o destaque devido às maiores receitas de serviços e a uma abordagem racional, mas a tendência de vendas fracas persiste em meio a um ambiente desafiador para o comércio eletrônico.

Os analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Pedro Lima escreveram que o foco na rentabilidade deve persistir nos próximos trimestres e que o fluxo de caixa livre deve ser um destaque positivo. Eles mantiveram a recomendação de compra para o papel com preço-alvo de R$ 4 para os próximos 12 meses, upside de 140% ante R$ 1,67 (fechamento da quinta-feira, 9).

“Parece que o pior já ficou para trás e Magazine Luiza deverá se beneficiar das melhores condições do cenário macroeconômico, com efeitos encorajadores no primeiro trimestre, uma abordagem mais racional e seu modelo de negócios de multicanalidade para alavancar a operação do marketplace”, citaram no relatório.

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