Para a LVMH, demanda mais fraca da China mostra que o pior não ficou para trás

Dezoito meses atrás, as ações do maior grupo de luxo do mundo eram negociadas em nível recorde; queda foi de 33% desde então e empresa não se arrisca a prever as perspectivas

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Bloomberg — Dezoito meses atrás, as ações da LVMH estavam sendo negociadas em um nível recorde e o acionista controlador do grupo, Bernard Arnault, era a pessoa mais rica do mundo.

Nesta quarta-feira (16), a revelação de uma nova queda na demanda chinesa por bolsas Louis Vuitton, vestidos Dior e outros produtos de moda de alta qualidade no terceiro trimestre eliminou mais de 150 bilhões de euros em capitalização de mercado da LVMH.

A queda de 5% nas vendas orgânicas globais na base anual acabou, segundo analistas, com qualquer perspectiva de um soft landing no mercado de luxo. Foi o pior resultado desde o segundo trimestre de 2020, no auge das medidas de restrição à circulação imposta pela pandemia.

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Desde o pico em abril de 2023, as ações recuaram cerca de 33%.

A questão para os investidores é quanto tempo durará a queda e se a recuperação será parecida com os bons tempos que a precederam.

Pela primeira vez desde o segundo trimestre de 2020, quando o mundo entrou em lockdown, a unidade de moda e artigos de couro da LVMH registrou uma queda nas vendas orgânicas trimestrais.

Uma vez que a LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton SE é geralmente considerada um termômetro para o setor mais amplo, suas vendas potencialmente pressagiam resultados mais fracos de rivais menores, como Brunello Cucinelli SpA, Hermes International SCA, Kering SA e L'Oreal SA, que publicarão atualizações de receita nesta semana e na próxima. As ações da LVMH caíram até 7,5% na quarta-feira, atingindo o nível mais baixo em dois anos, levando seus concorrentes à baixa.

A zona geográfica que inclui a China foi a de pior desempenho para a LVMH, mas a falta de crescimento nos Estados Unidos, a segunda maior região do grupo, mostra que o problema é generalizado.

A empresa assustou os investidores com um guidance vago em meio a riscos que vão desde o crescimento econômico chinês até as tensões comerciais.

“Não tenho ideia”, disse o diretor financeiro da LVMH, Jean-Jacques Guiony, na terça-feira, quando questionado sobre as perspectivas.

“A visibilidade de nossos negócios é tão boa quanto as vendas de ontem. Já passamos por altos e baixos. A única coisa que sabemos é que, quando o negócio está ruim, geralmente fica bom depois disso. É um negócio cíclico”, afirmou.

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Na Ásia, excluindo o Japão, mas com a China, as vendas orgânicas caíram 16% no terceiro trimestre, um declínio maior do que o esperado. Foi o terceiro desempenho trimestral negativo consecutivo.

Os consumidores da China, em particular, reduziram seus gastos em meio a preocupações relacionadas a um mercado imobiliário fraco e a perspectivas incertas de emprego.

Essas preocupações levaram as autoridades chinesas a lançar um pacote de estímulo no mês passado que ainda não mostrou um impacto positivo sobre o apetite dos consumidores.

“A confiança do consumidor na China continental hoje está de volta ao nível mais baixo de todos os tempos atingido durante a Covid”, disse Guiony.

Atualmente, é difícil avaliar o possível impacto dessas medidas sobre a demanda, acrescentou, mas "isso mostra que eles estão levando a questão muito a sério".

Não há sinais de que as medidas recentes tenham mudado o comportamento dos consumidores, disse o Citigroup em uma nota, com base na atividade em um shopping de luxo no leste da China durante o feriado da Golden Week no começo deste mês.

O shopping registrou um declínio percentual de vendas na casa de 10% durante o feriado, com os compradores de classe média deixando de comparecer em grande número, já que sofrem os efeitos negativos sobre a riqueza dos preços mais fracos dos imóveis na China, segundo a nota.

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As marcas agora estarão de olho no Dia dos Solteiros, considerada a maior extravagância anual de pechinchas da China, criada em torno de um evento de 11 de novembro que o Alibaba popularizou há mais de uma década.

Do outro lado do mundo, Donald Trump, o candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, prometeu na terça impor aumentos drásticos nas tarifas, o que poderia aumentar ainda mais as tensões comerciais que já prejudicam, por exemplo, as perspectivas da Hennessy, a marca de conhaque premium da LVMH, na China.

A desaceleração na China aumenta a importância relativa dos EUA para a LVMH. Há um ano, os EUA representavam 24% da receita total do conglomerado francês, com a Ásia, excluindo o Japão, gerando 32%. Os números agora são de 25% e 29%, respectivamente.

Para Arnault, a queda da LVMH significa que sua riqueza pessoal também diminuiu. Na terça, sua fortuna era de cerca de US$ 182 bilhões, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index. Ele é o único entre os cinco primeiros que viu sua riqueza cair neste ano, em cerca de US$ 26 bilhões.

-- Com a colaboração de Daniela Wei.

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