Bloomberg Línea — A Americanas (AMER3) deve começar a pagar os credores a partir do próximo dia 1º de abril, depois que o plano de recuperação judicial foi homologado pela Justiça do Rio nesta segunda-feira (26). A previsão foi feita pela CFO da companhia, Camille Faria, em entrevista à Bloomberg Línea.
O início dos pagamentos depende ainda da publicação do documento de homologação pela 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. A executiva espera que isso ocorra até a próxima quinta-feira (29), considerando o prazo legal.
“Até o final deste semestre, esperamos que o grosso do plano de recuperação tenha sido executado”, acrescentou.
Aprovado em dezembro pela maioria dos credores, o plano prevê uma capitalização de R$ 24 bilhões, sendo que a metade desse montante será injetada pelo trio de acionistas de referência, os bilionários Jorge Paulo Lehmann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, da 3G Capital.
A data indicativa de 1º de abril, uma segunda-feira, se deve à regra de que os primeiros pagamentos dos credores ocorrem em um prazo de 30 dias após a publicação do documento que homologou o plano, explicou a executiva.
Segundo o plano homologado, os primeiros da fila são credores que não processaram a varejista e têm até R$ 12 mil a receber ou aceitaram quitar a dívida por esse valor.
Outro passo importante é a convocação de uma AGE (Assembleia Geral Extraordinária), a fim de que os acionistas aprovem a proposta de aumento de capital. Não foi definida ainda a data, algo que a companhia pretende fazer nas próximas semanas.
Confira a seguir entrevista com a CFO nesta segunda-feira, editada para fins de clareza.
Quais os próximos passos para a Americanas depois da homologação do plano de recuperação judicial pela Justiça? O que ainda falta ser feito?
Muita coisa. Agora só começou. Temos que lembrar que assumimos no segundo trimestre do ano passado, navegando no escuro, sem saber os resultados financeiros da companhia. A jornada será longa. 2024 será um ano muito importante. Até o fim deste semestre, esperamos que o grosso do plano de recuperação judicial seja executado. Os primeiros pagamentos aos credores devem começar no dia 1º de abril.
Como estão os pagamentos aos grandes fornecedores?
Estamos pagando à vista ou antecipado. Isso se refere às compras feitas após a RJ (recuperação judicial). Tudo que foi antes da RJ está congelado nos valores da lista de credores. O plano de recuperação prevê que os fornecedores na condição de credores colaboradores continuem fornecendo volumes, sortimento e preços praticados como antes da RJ.
Quando a companhia voltará a acessar o mercado para captar recursos?
O plano prevê a oferta de R$ 1,5 bilhão de uma linha de antecipação de recebíveis, além de R$ 1 bilhão em fianças bancárias para garantir que a companhia consiga judicializar e defender teses tributárias. Também há uma previsão de escrituras das debêntures no valor de R$ 750 milhões que pode ser captado. Fizemos um portal para que os credores façam a opção da modalidade de pagamento e em 15 dias devemos publicar o edital do leilão reverso [para recompra de dívida].
Qual é a perspectiva de redução de custos?
Estamos revisando tudo, contratos para entender qual é a estrutura mais adequada para companhia e saber se ainda tem margem para reduzir. No ano passado, já revisitamos todos os gastos.
O balanço dos nove primeiros meses de 2023 saiu um mês além do inicialmente previsto. Isso altera os guidances divulgados em novembro para o patrimônio líquido e endividamento em 2025?
Não. Se tiver alguma eventual alteração no guidance, vamos comunicar ao mercado.
A HNT (Hortifruti Natural da Terra) e o Grupo Uni.co (que detém marcas Puket e Imaginarium) vão ser vendidas neste ano?
No plano, não temos a obrigação de vender esses ativos, apenas a opcionalidade no prazo de 24 meses. A retomada desse processo de venda não está em nossos planos no curto prazo. Estamos cuidando desses ativos para maximizar seu valor.
Como estão os estoques da companhia?
Estão normalizados. No final de 2022, já houve uma limpeza no estoque. E, em 2023, houve esforços de venda de estoque.
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