‘Ozempic dos ricos’, Mounjaro, da Eli Lilly, custará até R$ 3.780 no Brasil

Medicamento usado para controle de glicemia e emagrecimento, na categoria do remédio da Novo Nordisk, chegará às farmácias do país depois da fixação de valores por órgão da Anvisa

Eli Lilly & Co. Mounjaro brand tirzepatide medication arranged at a pharmacy in Provo, Utah, US, on Monday, Nov. 27, 2023
31 de Março, 2024 | 07:09 PM

Bloomberg Línea — Um dos maiores mercados de medicamentos do mundo, com mais de R$ 190 bilhões em faturamento no ano passado, o Brasil será um dos próximos países a comercializar o Mounjaro, medicamento do laboratório Eli Lilly indicado para melhorar o controle glicêmico de adultos e usado off label (fora das indicações da bula) para emagrecimento, a exemplo do Ozempic e do Rybelsus, da Novo Nordisk.

Apesar de ter obtido autorização para importar o remédio em setembro do ano passado, a Lilly do Brasil aguardava a definição dos preços máximos de venda para distribuidoras, redes de farmácias e consumidores, uma atribuição legal do governo federal.

A lista de reajuste dos medicamentos, que entra em vigor nesta segunda-feira (1⁰ de abril), fixa esses valores na faixa entre R$ 1.677,10 e R$ 3.782,17 para a venda do Mounjaro ao consumidor, a depender da embalagem (dose e número de canetas aplicadoras) e da alíquota do imposto (ICMS) cobrado nos estados.

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Nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Amapá, onde a alíquota do ICMS é de 18%, o Mounjaro pode ter preço máximo nas farmácias de R$ 1.789,57 (duas canetas) a R$ 3.579,16 (quatro canetas).

O Piauí, estado com a maior alíquota de ICMS do país (22%), será o mercado em que o medicamento da Lilly será mais caro, com preços de R$ 1.891,09 (duas canetas) a R$ 3.782,17 (quatro canetas).

Em sete estados com incidência de 17% do ICMS, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, os preços máximos do remédio serão de R$ 1.677,10 (duas canetas) a R$ 3.354,22 (quatro canetas).

Chamado informalmente de “Ozempic dos ricos” pela imprensa brasileira especializada em saúde por ser mais caro, o Mounjaro chega ao Brasil para disputar mercado com o produto mais famoso da Novo Nordisk, cujo preço também poderá ser reajustado a partir de abril.

O valor máximo permitido pelo governo para o Ozempic passará a custar entre R$ 1.143,82 e R$ 1.289,95, também de acordo com o ICMS do estado.

Cada embalagem do Mounjaro contém 2 ou 4 canetas aplicadoras de 0,5 mL. Segundo a bula publicada no site da Lilly do Brasil, o Mounjaro é apresentado na forma de solução injetável, contendo 2,5 mg, 5 mg, 7,5 mg, 10 mg, 12,5 mg ou 15 mg de tirzepatida (princípio ativo) em 0,5 mL. Cada caneta é de uso único.

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Os novos preços dos medicamentos constam da lista da CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos), da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), orientando o setor sobre os preços máximos que empresas fabricantes, importadoras ou distribuidoras podem praticar a partir de abril.

A lista também fixa os preços máximos permitidos para a venda a farmácias, drogarias e órgãos públicos, contemplando tanto a margem de lucro como os impostos previstos.

Na última sexta-feira (29), o Ministério da Saúde informou que a CMED estabeleceu um teto de reajuste para a lista de medicamentos em 4%, o menor percentual desde 2020, ano de início da pandemia. O aumento dos preços não é automático, ou seja, indústria e varejo podem decidir o momento que consideram mais adequado para praticar os novos valores, o que pode variar de acordo com as condições de mercado e da concorrência.

O site da Eli Lilly do Brasil já apresenta o Mounjaro na lista de medicamentos aprovados no país, bem como sua bula para o consumidor e profissionais de saúde, mas não divulgou ainda a data do início da venda do remédio (tirzepatida como princípio ativo) no país.

Em nota enviada à Bloomberg Linea, a Lilly disse que, antes de lançar o Mounjaro em algum país, há uma avaliação de mercado para garantir o fornecimento adequado do medicamento.

“Ainda temos alguns passos importantes até que Mounjaro chegue ao mercado nacional, incluindo os trâmites de importação do produto, informação essa que ainda não temos. É importante contextualizar que o crescimento do mercado global de incretinas injetáveis é sem precedentes”, informou a companhia.

Atualiza às 12h10, do dia 1⁰ de abril, com nota da Lilly do Brasil

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.