Bloomberg — A Novo Nordisk já tem um lançamento à vista após a geração de medicamentos para pacientes que desejam perder peso: uma pílula que ajuda as pessoas a emagrecer sem as desvantagens de uma injeção.
O medicamento representa a próxima fronteira na luta contra diabetes e obesidade e promete bilhões de euros em receita à companhia. Mas há um dilema para a Novo Nordisk, que não pode lançar amplamente o medicamento sem colocar em risco seus best-sellers atuais.
A pílula ajuda os pacientes a perderem tanto peso quanto o famoso Wegovy - sem contar o Ozempic, indicado para diabetes. No entanto a versão oral exige muito mais do mesmo princípio ativo, chamado semaglutida, e a Novo já não consegue produzir o suficiente para atender à demanda pelas injeções.
Isso deixa a Novo em um dilema. Ou encontra uma maneira de incrementar ainda mais a produção ou limita o lançamento da pílula, perdendo terreno para concorrentes que correm para desenvolver produtos similares, como a Eli Lilly & Co., a Amgen e a Pfizer.
O diretor executivo Lars Fruergaard Jorgensen reconhece que a Novo subestimou a demanda quando inicialmente planejou a pílula.
Agora, a empresa, que originalmente planejava solicitar a aprovação regulatória dos Estados Unidos no ano passado, tem que considerar como gerenciar melhor seu suprimento limitado de semaglutida.
“É claro que quando fazemos uma versão em comprimido e usamos semaglutida, precisamos usar muito”, disse Jorgensen em uma entrevista à Bloomberg News na quarta-feira (7) em Nova York. “Não podemos conquistar o mundo com essa tecnologia como modelo.”
A Novo adiou um pedido regulatório nos EUA para este ano e agora diz que aguardará os resultados de mais testes clínicos, incluindo um que investiga uma versão de dose mais baixa que exigiria menos do princípio ativo.
Em jogo está como permanecer no topo da onda de vendas de tratamentos para obesidade que impulsionou o valor de mercado da Novo para mais de US$ 530 bilhões, tornando-a a maior empresa da Europa e um motor de crescimento para a economia dinamarquesa.
As ações da Novo subiram quase 2,5% na sexta-feira (9) e têm alta de 72% nos últimos 12 meses.
Aquisição
A Novo fechou um acordo na segunda-feira para pagar US$ 11 bilhões por três fábricas como parte da aquisição da Catalent pela sua holding.
Jorgensen, em uma entrevista à Bloomberg TV, promoveu a transação como uma “enorme oportunidade de atender mais pacientes” que buscam tratamento com Wegovy e seu medicamento-irmão, a injeção para diabetes Ozempic.
A competição está acirrada entre a Novo e a Lilly, cujo Zepbound recentemente aprovado é previsto para se tornar o medicamento mais vendido na história. Uma pílula experimental para perda de peso que está sendo desenvolvida entrou no ano passado na última fase de testes clínicos.
Um comprimido é o próximo marco para um mercado que, segundo analistas da Bloomberg Intelligence, alcançará US$ 80 bilhões até 2030.
Mas não é a única coisa a ser considerada pelas fabricantes de medicamentos, que também estão trabalhando em fazer tratamentos de próxima geração que desencadeiam menos efeitos colaterais, exigem administração menos frequente ou minimizam a perda de massa muscular que pode ocorrer com a rápida mudança de peso.
A pílula experimental da Lilly é um tipo de molécula diferente da encontrada nos produtos da Novo que, pelo menos em teoria, deveria ser mais fácil de fabricar e potencialmente mais barata, disse Michael Shah, analista da Bloomberg Intelligence.
Também pode ser tomado com alimentos, disse ele. Numa pesquisa, cerca de um terço dos médicos disseram a Shah e colegas que prescrevem medicamentos orais antes das injeções.
Embora injetar Wegovy com uma caneta não seja tão complicado quanto alguns possam pensar, “uma pílula essencialmente abriria ainda mais o mercado”, disse Shah.
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