Bloomberg — A Airbus disse que pretende substituir até meados da década de 2030 sua família de aviões best-seller A320, embarcando em um novo programa que busca replicar o sucesso do modelo que colocou o fabricante europeu no mapa há três décadas e eventualmente superou o 737 da Boeing (BA).
O gigante aeroespacial está por ora dedicado a dois projetos distintos: um para um avião menor capaz de voar cerca de 1.000 milhas (1.600 quilômetros) e movido a hidrogênio, e um sucessor do A320 de curto a médio alcance que usará o chamado combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês), disse o CEO Guillaume Faury na conferência de resultados anual da Airbus em Toulouse.
“Estamos na fase de teste”, disse Faury no evento nesta semana que passou. “Estamos testando asas com uma envergadura maior, com certas características em termos de adaptabilidade no ar. Estamos testando os sistemas de propulsão.”
O mercado de aeronaves com corredor único - single aisle - é de longe o segmento mais importante da aviação comercial e responde pela maior parte das aeronaves de transporte aéreo. É também o que mais contribui para os lucros tanto da Airbus como da Boeing.
Os dois fabricantes têm mantido um duopólio nesse segmento de mercado por décadas, mas o equilíbrio tem se inclinado a favor da Airbus nos últimos anos, o que ficou evidente mais recentemente diante dos sucessivos problemas da Boeing com seu modelo 737 Max, que compete com o A320.
Com uma aeronave movida a hidrogênio, a Airbus planeja começar pelo segmento de entrada desse mercado - que transporta aproximadamente 100 passageiros - e depois aumentar a depender do “sucesso no tempo”, disse Faury.
O próximo marco importante é a seleção do sistema de propulsão, com detalhes finais como tamanho e mercado-alvo definidos por volta de 2025 ou 2026, com um lançamento oficial previsto para o período de 2027 a 2028, disse ele.
O sucessor da família A320 será uma nova plataforma e está programado para entrar em serviço na segunda metade da próxima década, disse ele. A capacidade de assentos para esses modelos varia de cerca de 140 a 240 pessoas, dependendo do subtipo e da configuração.
Por enquanto, ambas as empresas concordaram com derivados avançados de seus jatos de corredor único, que no caso da Boeing remonta aos anos 1960.
Os fabricantes de aviões mais recentemente equiparam novos motores em seus modelos de corpos estreitos - narrow body -, embora agora estejam descobrindo que as capacidades das estruturas das aeronaves estão esgotadas, o que exige uma abordagem de design completamente nova.
A aeronave mais recente completamente nova da Airbus é o A350 de fuselagem larga - wide body -, que depende fortemente de materiais de fibra de carbono. Isso é semelhante à Boeing e seu 787 Dreamliner, que entrou em serviço no final de 2011.
O design da nova aeronave da Airbus dependerá da seleção do motor, disse Faury. A Airbus está considerando a arquitetura para o sucessor do A320, incluindo o motor a rotor aberto RISE da CFM International que substitui o motor a jato convencional, por um com grandes pás de jato, disse Faury.
A Boeing, que priorizou a redução da dívida assim que resolver seus problemas de fabricação de certos modelos, acertou uma parceria com a NASA, além de companhias aéreas dos EUA e outros players no ano passado em um projeto que poderia se tornar um potencial sucessor do 737 Max.
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