Oaktree, de Howard Marks, prevê boom de captação de recursos no Brasil

Interesse de investidores para evitar a volatilidade local e aplicar dinheiro no exterior fez do país a área de crescimento mais rápido dentro da estratégia de crédito global da Oaktree

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Bloomberg — A Oaktree Capital Management, de Howard Marks, quer aumentar rapidamente a presença de sua principal oferta de crédito no Brasil, aproveitando um crescente apetite dos investidores locais para colocar recursos no exterior, como forma de evitar a volatilidade dos ativos locais.

No ano passado, o Brasil foi a área de crescimento mais rápido dentro da estratégia de crédito global da Oaktree, que tem US$ 14 bilhões sob gestão.

Um feeder fund que fornece aos clientes brasileiros acesso ao fundo de crédito global da Oaktree expandiu 70%, para R$ 1,8 bilhão. O fundo também aumentou sua base de clientes em 25%, para 13.000, de acordo com Bernardo Queima, CEO da Gama Investimentos — parceira local que representa a Oaktree exclusivamente no Brasil desde 2018.

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“Uma das coisas interessantes sobre o Brasil é que as taxas locais estão subindo e as pessoas podem obter um ótimo retorno, mas os investidores estão percebendo que há benefícios em diversificar para além dos voláteis mercados de dinheiro locais”, disse Wayne Dahl, gestor da Oaktree, em entrevista em São Paulo à Bloomberg News.

Investidores abastados da América Latina, particularmente no Brasil, historicamente preferem investir nos mercados locais, onde altas taxas de juros permitem que eles coloquem dinheiro em instrumentos de renda fixa que frequentemente oferecem retornos de dois dígitos com relativamente pouco risco.

A taxa de referência Selic está atualmente em 13,25%, e economistas esperam que ela suba para 15% até o final do ano.

O feeder para clientes brasileiros pode chegar a R$ 10 bilhões sob gestão ao longo do próximo ano e meio. Não há metas específicas para captação de recursos, Queima acrescentou.

A Oaktree não tem planos de abrir um escritório no Brasil, e deve continuar trabalhando através de seu parceiro local.

Volatilidade

Os ativos locais se recuperaram neste ano após uma derrocada no final de 2024, quando preocupações persistentes sobre a situação fiscal do país causaram um selloff que “engoliu” tudo, de ações a dívidas em moeda local e títulos em dólar.

Isso se soma a um cenário desafiador para os mercados emergentes, com questões sobre o caminho do Federal Reserve na política monetária, as políticas tarifárias de Donald Trump e os riscos políticos regionais.

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A Oaktree nao deu detalhes específicos sobre suas alocações no portfólio do fundo de crédito global, mas Dahl disse que a opção de investir em mercados emergentes, incluindo o Brasil, está disponível.

O fundo de crédito global investe em dívida corporativa — e tem alguma exposição à América Latina —, mas favoreceu créditos em mercados desenvolvidos. A Oaktree também tem uma estratégia específica para mercados emergentes que é administrada por um grupo diferente, ele acrescentou.

“Nos últimos 12 a 24 meses, fomos ligeiramente melhores vendedores do que compradores em mercados emergentes”, disse Dahl.

“Bons créditos estão sendo negociados a spreads relativamente similares ao que podemos investir em mercados desenvolvidos, então precisaríamos desse prêmio para ir para fora.”

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