O que faz a Braskem e quem são os proprietários da empresa

Companhia teve avaliação rebaixada pela Fitch Ratings após prefeitura de Maceió ter declarado situação de emergência por 180 dias

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Bloomberg Línea — A Braskem (BRKM5) esteve nos holofotes nos últimos dias após a prefeitura de Maceió, no Alagoas, ter declarado situação de emergência por 180 dias na capital alagoana na quarta-feira (29) devido ao risco iminente de colapso da mina nº 18, mantida pela Braskem, na região da Lagoa Mundaú.

Isso fez com que a empresa tivesse sua avaliação rebaixada pela Fitch Ratings, que informou em nota na semana passada que o colapso iminente da mina em Maceió “poderá impactar materialmente o fluxo de caixa da Braskem e pressionar seu rating”. A agência acrescentou que, no momento, as consequências de um possível incidente ainda são incertas.

O diretor-presidente da empresa, Roberto Bischoff, afirmou em evento na segunda-feira (4), que “está absolutamente comprometido com um trabalho de mais de quatro anos e de fazer esse processo sem colocar em risco as pessoas”, segundo o jornal Folha de S. Paulo. “Infelizmente, o assunto entra em alguma situação política que a gente acaba tendo informações distorcidas, redes sociais”, continuou ele.

Quem são os proprietários da Braskem

A Braskem é uma empresa petroquímica criada em 2002 e faz parte do conglomerado Novonor (ex-Odebrecht). Ela surgiu da fusão das empresas Copene, OPP, Trikem, Proppet, Nitrocarbono e Polialden, em 2002, que haviam sido adquiridas pela Odebrecht ao longo das décadas anteriores.

No terceiro trimestre deste ano, a empresa reportou um Ebitda ajustado de R$ 921 milhões, o que representou uma alta de 31% na comparação trimestral. O prejuízo, por sua vez, ficou em R$ 2,418 bilhões, ante R$ 1,103 bilhão no mesmo período do ano anterior.

A Novonor, controladora da Braskem negocia, desde meados de setembro, a venda de sua participação de 50,1% na empresa. Há anos a Novonor tenta vender a sua participação para lidar com a crise causada pela Operação Lava-Jato.

Outros 47% da companhia são da Petrobras (PETR3; PETR4), que era acionista da Copene antes da criação da Braskem e, ao longo dos anos, foi aumentando sua participação na empresa.

Em outubro, o atual presidente da estatal, Jean Paul Prates, afirmou que espera que a venda da Braskem seja concluída até fevereiro.

“A Petrobras, em princípio, interessa-se em manter a sua posição. Se vai incrementar sua posição dependendo do sócio que for escolhido, ou se vai exercer o direito de preferência de comprar o restante, ou mesmo vender sua participação, o que é menos possível já que estamos indicando um caminho rumo a verticalização, quem vai dizer é o próprio processo. Nós pretendemos que esse processo termine até, no máximo, janeiro e fevereiro”, disse ele em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

A venda, no entanto, pode ficar enfrentar obstáculos com a situação da barragem em Maceió. Segundo analistas de mercado, o imbróglio em Alagoas tem sido um fator decisivo para a precificação da fatia à venda da companhia, que deverá gastar mais dinheiro para resolver o problema.

Na terça-feira (5), o Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA-AL) anunciou que irá multar a Braskem em mais de R$ 72 milhões “pelos danos ambientais e pelo risco de colapso e desabamento da mina 18″.

A mineração de sal-gema, matéria-prima usada para a produção de policloreto de vinila (PVC), soda cáustica bicarbonato de sódio e ácido clorídrico, começou por volta dos anos 70 em Maceió, realizada pela Trikem, uma das empresas fundidas para a criação da Braskem.

Em 2018, surgiram os primeiros sinais de um afundamento do solo no município alagoense, com relatos de tremores, e casas tiveram suas paredes rachadas, forçando uma série de moradores a deixarem suas residências no que se tornou uma “cidade fantasma”. À época, cerca de 64 mil pessoas moravam ou seriam retiradas da área.

O Serviço Geológico do Brasil em um relatório de 2019 afirmou que a mineração realizada pela Braskem foi responsável pela alteração do solo em Maceió. “A correlação entre zonas de falha com direção NNW-SSE que ocorrem nos bairros do Mutange e Bebedouro e a localização das minas de sal indicam que o processo de mineração interferiu diretamente na trama estrutural preexistente da região e favoreceu a reativação dessas estruturas, produzindo a subsidência observada nos dados de interferometria”, diz a conclusão do documento.

No final de novembro, a situação ganhou um novo capítulo com a Defesa Civil de Maceió emitindo um alerta para um possível colapso. Desde o dia 30 de novembro, segundo o órgão, o solo na região do Mutange cedeu mais de dois metros. De quinta-feira para esta sexta-feira (8), em um período de 24h, o afundamento foi de 5,7 centímetros.

A Defesa Civil municipal, estadual e nacional afirmaram, em nota conjunta, que “o risco de colapso do solo em um trecho no bairro do Mutange, em Maceió, atinge restritamente uma área com diâmetro aproximado de 78 metros, correspondente a três vezes o raio da cavidade 18″. Ainda segundo a Defesa, “o trecho em que o colapso poderia ocorrer equivale ao tamanho de uma piscina olímpica e meia”.

Em nota enviada à Bloomberg Línea, a Braskem diz que “continua mobilizada e informa que área de serviço na região está isolada”. “A desocupação completa dessa área — chamada “área de resguardo” — foi concluída em abril de 2020. ″, finaliza a empresa.

A B3 anunciou que irá excluir a Braskem da carteira de seu Índice de Sustentabilidade Empresarial.

Segundo o principal índice de mercados brasileiro, “a decisão não deve ser tomada como pré-julgamento das responsabilidades da companhia, mas decorre da aplicação do disposto na metodologia do ISE B3, item 5.3, que estabelece a exclusão de ativos que ‘durante a vigência da carteira se envolvam em incidentes que as tornem incompatíveis com os objetivos do ISE B3, conforme critérios estabelecidos na política de gestão de riscos do índice’.”

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