O que a Bayer pode aprender com o sucesso de seu time de futebol, o Leverkusen

O clube alemão se tornou vencedor invicto inédito do campeonato nacional, a Bundesliga, quebrou a hegemonia do Bayern de Munique e também disputa a final da Liga Europa

Time de futebol em campo. São 13 homens de uniforme preto correndo
Por Tim Loh
18 de Maio, 2024 | 09:00 AM

Bloomberg — Quando alguns colegas de trabalho se juntam para jogar em um campeonato de futebol, isso é mais um estímulo para o moral do que para o balanço patrimonial.

É o caso da Bayer, conglomerado alemão que é proprietário do Bayer Leverkusen, um time de futebol que se tornou campeão invicto inédito da Bundesliga, a primeira divisão do campeonato de futebol da Alemanha. E que derrotou o Augsburg por 2 a 1 no sábado (18) diante de 30.000 torcedores, na última rodada.

O Leverkusen já havia conquistado o título da liga de pontos corridos cinco rodadas antes do final, quebrando o domínio de 11 anos do Bayern Munich, e está na final da Copa da Alemanha e da Liga Europa da UEFA.

O domínio do Leverkusen é um estímulo para o moral da empresa Bayer, cujos funcionários estão acostumados com más notícias. No LinkedIn, a empresa destaca as conquistas do time, liderado pelo técnico espanhol Xabi Alonso.

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Antes de uma recente partida das quartas de final da Liga Europa, a sede da Bayer hasteou bandeiras do time de futebol. “Eles são conhecidos como #Werkself, ou ‘Onze de Fábrica’. Nós os chamamos de nossos colegas”, declarou a empresa em uma publicação no LinkedIn depois que o time venceu a Bundesliga.

As ações da Bayer caíram 70% desde que ela desembolsou US$ 63 bilhões para comprar a Monsanto, gigante da agricultura dos Estados Unidos, há seis anos. E desde que Bill Anderson chegou à empresa como CEO, em 2023, ele realizou uma revisão estratégica da empresa e promoveu um grande corte de empregos.

O objetivo é reverter a situação de um fabricante que tem unidades de negócios com foco variado, desde medicamentos contra o câncer e sementes de milho até cremes para a pele.

O CFO da Bayer, Wolfgang Nickl, vê potencial para que a sorte do time de futebol ajude um pouco com os problemas financeiros da empresa, que incluem altos níveis de endividamento.

“Os grandes sempre se valorizam”, disse Nickl em uma coletiva de imprensa na terça-feira (14). “Mas isso é provavelmente tudo o que podemos dizer neste momento.”

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Fundado há 120 anos por trabalhadores da empresa que acabara de inventar a aspirina, o Leverkusen passou seus primeiros anos nas ligas inferiores e só entrou para a Bundesliga em 1979. Desde então, ficou conhecido como um dos times mais fortes da Alemanha.

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No entanto, o Leverkusen não conseguiu conquistar o título na temporada de 2000 e, alguns anos depois, perdeu as finais da Copa da Alemanha e da Liga dos Campeões.

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Ainda assim, a administração da Bayer nunca considerou a possibilidade de vender uma participação no time. Em 2006, um participante da AGM pediu que a empresa se desfizesse do clube. O pedido foi rejeitado, e o time foi rotulado “um precioso ativo de publicidade para a Bayer”.

Na verdade, a empresa intensificou os laços com seu clube de futebol. Em 2007, anunciou que reformaria seu estádio, alocando 56 milhões de euros (US$ 60,9 milhões) para construir novas arquibancadas e um telhado.

“Nosso time de futebol é uma forma importante de promover nossa imagem no país e no exterior”, explicou o então CEO Werner Wenning, justificando a construção para os acionistas. Wenning se aposentou em 2010 e, desde então, é o presidente do Leverkusen.

A Bayer ainda é uma das principais patrocinadoras do time de futebol, embora não se saiba ao certo quanto ela investe em cada temporada. Em um e-mail, um porta-voz da empresa disse que o clube gera um valor de publicidade na faixa de “três dígitos de milhões” de euros, que é um múltiplo do investimento anual da Bayer.

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Em parte, isso se deve ao fato de a Bayer ser mais conhecida entre os torcedores de futebol, que reconhecem o logotipo da empresa nos uniformes, em comparação com o público em geral, disse a empresa.

É improvável que o investimento diminua tão cedo sob o comando do CEO Anderson. Natural do Texas, ele nunca considerou a possibilidade de vender qualquer participação no clube ao analisar o portfólio de ativos da Bayer, disse ele na terça-feira em uma coletiva de imprensa.

Além disso, as rigorosas regras de propriedade da Bundesliga não permitem o tipo de negócio que ajudou a impulsionar os valuations dos times na Premier League da Inglaterra.

“Há limitações muito rígidas sobre o que pode ser feito com os clubes de futebol alemães”, disse Anderson recentemente. “Isso não é nem mesmo uma opção.”

Fora do escritório, Anderson presenteou o chanceler alemão Olaf Scholz com uma camisa de futebol personalizada enquanto o acompanhava em uma viagem à China. Recentemente, ele almoçou com Alonso.

Embora o título da Bundesliga estivesse garantido, a possibilidade de terminar a temporada invicto havia empolgado tanto torcedores quanto dirigentes. No sábado, Anderson se juntou aos 30.000 torcedores que lotaram a BayArena de Leverkusen – que fica a apenas 10 minutos de carro da sede da Bayer – para a partida final do campeonato.

“É um dia realmente fantástico para o Leverkusen, para a cidade e para o time”, disse ele, antes do jogo. E para a empresa, que precisa de uma vitória.

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