Nvidia sobe o tom e acusa Biden de tentar ‘se antecipar’ a Trump com restrições

Empresa líder em chips para IA criticou o esperado plano do presidente dos EUA de limitar as exportações de tais produtos sob alegação de defesa dos interesses de segurança nacional

Nvidia segue como a empresa mais valiosa do mundo graças ao boom de IA (Foto: David Paul Morris/Bloomberg)
Por Nick Turner
10 de Janeiro, 2025 | 08:18 AM

Bloomberg — A Nvidia criticou as novas restrições à exportação de chips que devem ser anunciadas em breve pelo governo dos Estados Unidos, dizendo que a Casa Branca de Joe Biden estaria tentando minar o novo governo Trump ao impor regras de última hora.

As mudanças iminentes, antecipadas pela Bloomberg News na quarta-feira (8), limitariam a venda de chips de Inteligência Artificial (IA) dos EUA tanto por país quanto por empresa - uma medida que limitaria mais rigidamente as exportações para a maior parte do mundo.

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As medidas fazem parte de um esforço de anos dos EUA para manter a tecnologia mais recente longe da China e da Rússia, dois adversários pela supremacia global.

Leia mais: Biden deve ampliar controle a exportações de chips de IA da Nvidia, dizem fontes

“A política extrema de ‘limite de países’ afetará os principais computadores em países de todo o mundo, não fazendo nada para promover a segurança nacional, mas, sim, empurrando o mundo para tecnologias alternativas”, disse Ned Finkle, vice-presidente de assuntos governamentais da Nvidia, em comunicado.

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A Nvidia é a principal vendedora dos chamados aceleradores de IA, que as operadoras de data center usam para desenvolver os mais recentes modelos de inteligência artificial. Mas a tecnologia é baseada nas unidades de processamento gráfico, ou GPUs, que são usadas em jogos e outras áreas.

“Não faz sentido para a Casa Branca de Biden controlar os computadores de data center do dia-a-dia e a tecnologia que já está em PCs de jogos em todo o mundo, disfarçada como uma medida anti-China”, disse Finkle.

As regulamentações, que poderiam ser emitidas já nesta sexta-feira (10), criariam três níveis de restrições aos chips, disseram pessoas familiarizadas com o assunto nesta semana.

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Um grupo de aliados dos EUA ainda teria acesso total aos semicondutores americanos, disseram eles. Mas a maioria dos países enfrentaria novos limites, incluindo restrições sobre o poder total de computação que poderia ir para uma nação.

Leia mais: De chip gráfico a PC: as novas apostas da Nvidia para fortalecer sua liderança em IA

Um representante do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca não quis comentar as regras.

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Se a política for de fato anunciada, ela ocorrerá menos de duas semanas antes da posse de Donald Trump como sucessor de Joe Biden, em 20 de janeiro.

“Essa política de última hora do governo Biden seria um legado que será criticado pela indústria dos EUA e pela comunidade global”, disse Finkle.

“Gostaríamos de encorajar o presidente Biden a não se antecipar ao novo presidente Trump, promulgando uma política que só prejudicará a economia dos EUA, atrasará país e fará o jogo dos adversários.”

Encontro com Trump

O CEO e cofundador da Nvidia, Jensen Huang, disse no início desta semana que estava pronto para se encontrar com Trump e oferecer sua ajuda ao próximo governo.

“Teria o maior prazer em vê-lo e parabenizá-lo, e fazer tudo o que pudermos para que esse governo seja bem-sucedido”, disse Huang em uma entrevista à Bloomberg Television. O CEO ainda não havia sido convidado para visitar a base de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, disse ele na ocasião.

Leia mais: China passa a investigar a Nvidia em novo capítulo de disputa tech com EUA

A Nvidia tem sido a maior beneficiária de um aumento nos gastos com IA nos últimos dois anos, ajudando a transformar a empresa, que já foi uma representante importante de nicho, na fabricante de chips mais valiosa do mundo. Suas ações quase triplicaram no ano passado, após um ganho de 239% em 2023.

Ao falar na conferência CES em Las Vegas nesta semana, Huang disse que espera que Trump traga menos regulamentação para a indústria e a economia.

"Acho que isso é uma coisa boa", disse ele. "Como setor, queremos avançar rapidamente."

-- Com a colaboração de Ian King, Ed Ludlow e Mackenzie Hawkins.

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