Nvidia recebe intimação sobre investigação antitruste nos Estados Unidos

Segundo a Bloomberg News, autoridades avaliam se a empresa penaliza compradores que não usam seus chips exclusivamente; Nvidia diz que domínio decorre da qualidade dos produtos

Nvidia sofreu uma queda recorde de US$ 279 bilhões em seu valor de mercado na terça-feira (3)
Por Ian King e Leah Nylen
04 de Setembro, 2024 | 01:06 PM

Bloomberg — O Departamento de Justiça dos Estados Unidos enviou intimações à Nvidia (NVDA) e outras empresas em busca de evidências de que a fabricante de chips teria violado leis antitruste.

A medida eleva o tom de uma investigação sobre o domínio da fabricante de processadores para inteligência artificial.

As autoridades, que já haviam enviado questionários às empresas, agora fizeram solicitações que obrigam judicialmente os destinatários a fornecer informações, segundo pessoas familiarizadas com a investigação ouvidas pela Bloomberg News. Isso deixa o governo um passo mais perto de apresentar uma queixa formal.

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Autoridades antitruste receiam que a Nvidia esteja dificultando a troca para outros fornecedores e penalizando compradores que não usam seus chips exclusivamente, de acordo com as pessoas, que pediram para não serem identificadas.

A Nvidia, que sofreu uma queda recorde de US$ 279 bilhões em seu valor de mercado na terça-feira (3), estendeu a queda nas negociações após o fechamento do mercado, depois que a Bloomberg informou as intimações. Mas as ações da gigante de tecnologia ainda acumulam um salto de mais de 100% no ano por conta do crescimento explosivo de suas vendas.

Como parte da investigação, que a Bloomberg News já havia revelado em junho, as autoridades têm contactado outras empresas de tecnologia para coletar informações.

O escritório do Departamento de Justiça em San Francisco lidera a investigação, disseram as pessoas. Um representante do departamento não quis comentar.

O que diz a Nvidia

Em resposta a perguntas sobre a investigação, a Nvidia disse que seu domínio de mercado decorre da qualidade de seus produtos, que oferecem desempenho superior.

“A Nvidia vence por mérito, como refletido em nossos resultados de referência e valor para os clientes, que podem escolher qualquer solução que seja melhor para eles”, disse a empresa em declaração por e-mail.

A Nvidia atraiu o escrutínio regulatório desde que se tornou a fabricante de micro-processadores mais valiosa do mundo e uma das principais beneficiárias do boom de investimentos em IA. As vendas têm mais que dobrado a cada trimestre, ofuscado antigos líderes do setor de chips como a Intel (INTC).

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Na investigação, as autoridades têm analisado a aquisição da RunAI pela Nvidia, anunciada em abril. Essa empresa desenvolve software para gerenciar computação de IA, e há preocupações de que a fusão tornará mais difícil para os clientes abandonarem os chips da Nvidia.

As autoridades também averiguam se a Nvidia dá fornecimento e preços preferenciais aos clientes que usam sua tecnologia exclusivamente ou compram seus sistemas completos, de acordo com as fontes.

A Nvidia, fundada em 1993, fez seu nome vendendo placas de vídeo para jogos de computador. Mas sua tecnologia acabou se mostrando útil para construir modelos de IA, um processo que envolve bombardear o software com dados.

A empresa também expandiu rapidamente sua linha com uma variedade de softwares, servidores, redes e serviços — todos voltados para acelerar a implantação de IA.

O CEO Jensen Huang disse que prioriza clientes com data centers prontos para usar seus produtos assim que eles são entregues, para evitar o acúmulo de estoques e acelerar a adoção mais ampla da IA.

O sucesso dos produtos — juntamente com as dificuldades de rivais para lançar chips alternativos — tornou a Nvidia uma parte crucial da cadeia de suprimentos para algumas das maiores empresas do mundo.

Microsoft (MSFT) e Meta (META), por exemplo, gastam mais de 40% de seu orçamento para hardware com equipamentos da fabricante.

Durante o pico de escassez do acelerador H100 da Nvidia, componentes individuais eram vendidos por até US$ 90.000 cada.

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