NV, de Nati Vozza, entrega rebranding e novo app de olho em marca bilionária

Em entrevista à Bloomberg Línea, Antônio Junqueira, CEO e sócio da NV, conta as mudanças e os planos de uma das marcas de moda mais sofisticadas do país e revela o sonho grande em receitas

Antônio Junqueira, CEO, e Nati Vozza, Diretora Criativa e fundadora da NV (Foto: Divulgação)
12 de Setembro, 2024 | 06:33 AM

Bloomberg Línea — Clientes da NV, marca de moda feminina para o público high end fundada por Nati Vozza, se depararam recentemente com todas as lojas físicas fechadas ao longo de uma semana. Foi um movimento pensado para refletir uma nova fase com uma mensagem de sofisticação que vai além das peças, segundo contou Antônio Junqueira, sócio e CEO da NV, em entrevista à Bloomberg Línea.

As novidades incluem não só um rebranding como o lançamento de um app que pretende melhorar a experiência de compra e ampliar a força desse canal de vendas e também a expansão do número de lojas físicas, das atuais 19 unidades para 30 até 2026.

“Nós tínhamos que atualizar as lojas, mas não fazia sentido apenas mudar o logo diante da mensagem que nós queremos passar, de algo mais abrangente, com uma nova identidade”, disse Junqueira.

“O logo foi um dos pontos, mas nós amadurecemos a marca em vários aspectos, de campanha, de processos, de uso de dados, de governança e de fortalecimento de DNA”, afirmou.

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A nova identidade e a nova fase pretendem potencializar uma marca que já entregou um crescimento composto (CAGR) de 45% em quatro anos até 2023, o que levou a um patamar de receitas de R$ 425 milhões, em um momento em que o varejo de moda de forma geral tem sofrido com a concorrência de plataformas estrangeiras.

O sonho grande, segundo Junqueira e Nati Vozza, é levar a NV ao patamar de R$ 1 bilhão em vendas, o que passa por tornar a marca ainda mais desejada e aspiracional (eles ressaltam que não é guidance).

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“A virada de chave se deu agora, mas é um movimento que iniciamos há um ano em conjunto com a Filter. Nós entendíamos que a logomarca já não fazia jus ao que queríamos comunicar de uma nova NV”, disse.

O fechamento das lojas representou também uma oportunidade. Ao mesmo tempo em que as unidades ficaram fechadas, a NV iniciou a operação de um novo app que tem a objetivo de não apenas ser transacional como de oferecer uma experiência semelhante à das lojas e integrar as jornadas.

“A cliente terá acesso a pré-lançamentos e a preços diferentes em alguns casos. Além disso, consegue informações de compras que realizou em lojas e aproveitar créditos que tenha para consumo no app. E, em breve, contará com um programa de fidelização”, contou o CEO.

“O objetivo das mudanças é melhorar e transformar a experiência da cliente com a marca.”

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Como reflexo das mudanças nesse canal, a expectativa é que o novo aplicativo proporcione um incremento de até 40% nas receitas digitais no médio e no longo prazo, disse Junqueira, citando o impacto em métricas como recorrência de compras e fidelização das clientes.

Nas primeiras 24 horas desde que entrou em operação comercial, o novo app teve 11.000 downloads e gerou mais de R$ 1,5 milhão em vendas, o que sinalizou o seu potencial.

Um objetivo adicional pretendido é ampliar a frequência nas lojas físicas, por meio de serviços como permitir a retirada em lojas físicas de compras realizadas no aplicativo.

Atualmente a base conta com cerca de 90.000 clientes, o que indica uma receita média por cliente perto de R$ 5.000. “Temos um potencial de crescimento de base e de receitas muito grande”, disse o CEO.

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Outra frente de crescimento deve vir do atacado, por meio de multimarcas. A expectativa é dobrar as receitas em 2025 em relação ao planejado para este ano; isso significaria que esse canal passaria a responder por algo entre 20% e 25% das receitas, versus um patamar aproximado hoje de 10%.

A NV, também conhecida como byNV, foi fundada em 2012 pela empresária e influencer Nati Vozza e logo se tornou uma marca nativa digital de crescimento acelerado e com algumas das melhores métricas de performance do país, com alto nível de receita por metro quadrado e baixo investimento em mídia online.

Em outubro de 2020, foi adquirida pelo Grupo Soma, de Roberto Jatahy e Katia Barros, por R$ 210 milhões, em uma transação que envolveu o pagamento de 47% em dinheiro, e o restante, em ações.

A NV tem hoje a maior margem de contribuição entre todas as marcas do Grupo Soma, à frente, portanto, de FARM e Animale, assim como a segunda maior geração de caixa (de valor não divulgado).

Junqueira contou que, a despeito dos resultados expressivos de crescimento de dois dígitos e “forte geração de caixa”, ele e Nati Vozza, que segue como diretora criativa da NV, além de outras lideranças, encomendaram pesquisas com clientes para entender até que ponto os propósitos originais da marca estavam sendo ainda transmitidos, segundo a percepcão das mesmas.

“Sempre pensamos em uma marca que fosse além da Natália e do Antonio”, disse Junqueira, sócio da NV que depois passou a esse status no Grupo Soma e, mais recentemente, na Azzas 2154, nome da companhia resultante com a fusão recém-concluída com a Arezzo, de Alexandre Birman.

Nati Vozza, por sua vez, segue como uma das empresárias mais influentes do país. Em outra frente, ela acaba de lançar em parceria com a FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado), em São Paulo, um curso de pós-graduação nomeado “Moda por Nati Vozza”, que deve reforçar ainda mais a autoridade de sua marca - atualmente ela conta com cerca de 1,3 milhão de seguidores no Instagram.

- Matéria atualizada às 12h45 de 12/9 com a informação de que o crescimento de receitas de 45% se deu na taxa composta (CAGR) em quatro anos, e não apenas em 2023, como inicialmente informado.

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Marcelo Sakate

Marcelo Sakate é editor-chefe da Bloomberg Línea no Brasil. Anteriormente, foi editor da EXAME e do CNN Brasil Business, repórter sênior da Veja e chefe de reportagem de economia da Folha de S. Paulo.