Bloomberg — Apenas uma semana após o Nubank (NU) anunciar um rendimento de 15% em suas contas de poupança de alto rendimento no México, a Ualá da Argentina decidiu neste mês elevar a própria taxa em três pontos percentuais, também para 15%.
A rapidez da decisão destaca a batalha que as fintechs e bancos digitais estão travando para crescer e atrair clientes no México, um países da América Latina com o maior número de pessoas desbancarizadas.
O México se tornou um mercado-chave para startups de serviços financeiros, dado que menos de 50% da população possui uma conta bancária.
Com rendimento de 15% ao ano, as taxas são muito competitivas para os usuários no México, onde a taxa de referência do Banco Central está em 11,25% e a autoridade monetária já indicou que não começará a reduzir até o próximo ano.
A inflação desacelerou para 4,26% em outubro, uma baixa de 32 meses. Os bancos mexicanos não oferecem juros sobre depósitos de forma ampla.
Competição
As empresas não estão sozinhas. A Stori, com base no México, também oferece 15% para aqueles que conseguem sair da lista de espera; a Klar, com sede no México, oferece até 14%, e a fintech do Mercado Livre (MELI), com sede em Buenos Aires, oferece 10,3% de juros sobre depósitos.
Para atrair novos clientes, apenas um peso mexicano (US$ 0,06) é necessário para abrir as contas. Algumas delas oferecem vantagens adicionais — por exemplo, a Ualá também oferece 5% de cashback.
Os rendimentos de 15% do Nubank estarão em vigor até 15 de abril, enquanto a Ualá os oferecerá até o final do mesmo mês, de acordo com comunicados das empresas.
O Nubank tem 4,3 milhões de usuários no México, impulsionados pelo lançamento e expansão de sua conta de poupança, afirmou a empresa em seu balanço do terceiro trimestre, divulgado este mês.
A empresa, que registrou lucro líquido acima das estimativas dos analistas, não divulga o custo de aquisição de clientes por país individualmente.
“O Nubank é lucrativo e possui US$ 3 bilhões em caixa, então tem um bom arsenal”, disse James Friedman, analista sênior da Susquehanna International Group. “Eles ainda não são lucrativos no México e não se comprometeram com um prazo, mas não parecem estar com pressa.”
Desafio para os bancos tradicionais
Para os bancos tradicionais, competir com essas altas taxas não é viável dada sua extensa infraestrutura, como agências bancárias e funcionários de agências, afirmou o CEO do Santander México, Felipe Garcia, em entrevista.
“O modelo de negócios é bastante diferente. Eu tenho uma infraestrutura grande e isso é caro”, disse ele. “Se eu começar a pagar essas taxas, vou à falência.”
Enquanto isso, os grandes bancos do país têm a vantagem de oferecer uma ampla gama de produtos financeiros, incluindo hipotecas e empréstimos pessoais, acrescentou.
“Nós, os incumbentes, temos todos os produtos disponíveis, então podemos convencer os usuários de que somos tão eficientes ao realizar transações, pagamentos, e assim por diante”, disse Garcia. “As fintechs vão capturar muitos novos clientes no sistema, dispostos a emprestar pequenas quantias. Se esses novos entrantes eventualmente quiserem uma hipoteca, eu posso fornecer a hipoteca.”
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