Nubank conversa com Reino Unido para possível mudança de sede legal, dizem fontes

Em nota à Bloomberg News, o banco brasileiro disse que ‘revisa continuamente sua estrutura jurídica corporativa para alinhar-se com a área de atuação de suas operações’ e que não há decisão tomada

Sede do Nubank em São Paulo: banco chegou a 100 milhões de contas no Brasil no começo de novembro de 2024 (Foto: Divulgação)
Por Anna Irrera - Alex Whickham - Daniel Cancel
20 de Novembro, 2024 | 06:12 PM

Bloomberg — A Nu Holdings (NU), nome de registro do Nubank, considera planos para mudar sua base legal para o Reino Unido, em um movimento que marcaria uma grande vitória no esforço britânico para incentivar - e convencer - mais empresas de tecnologia a se mudarem para o país.

O banco digital tem trabalhado com o governo britânico nos planos, que foram discutidos como parte de um conjunto mais amplo de acordos entre o Brasil e o Reino Unido nesta terça-feira (20), à margem da cúpula dos líderes do G20 no Rio de Janeiro, de acordo com pessoas familiarizadas com as negociações que falaram com a Bloomberg News.

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A mudança de domicílio não foi incluída em um anúncio conjunto dos dois governos na terça, uma vez que ainda estava pendente de aprovação da autoridade HM Revenue & Customs do Reino Unido, de acordo com duas das pessoas, que pediram para não serem citadas por discutirem informações privadas.

“O Nubank revisa continuamente sua estrutura jurídica corporativa para alinhar-se com a área de atuação de suas operações”, disse um porta-voz da empresa em um comunicado à Bloomberg News.

”Neste momento, nenhuma decisão foi tomada com relação à redomiciliação da Nu Holdings Ltd. ou de quaisquer outras entidades legais dentro do nosso grupo. Como uma empresa de capital aberto, estamos comprometidos com a transparência e seguiremos os protocolos de comunicação padrão se e quando tais decisões forem tomadas”, completou o Nubank.

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O Nubank - cuja holding está atualmente sediada nas Ilhas Cayman e é listada na Bolsa de Valores de Nova York, a NYSE - tornou-se recentemente o banco mais valioso de toda a América Latina. O seu valor de mercado nesta quarta-feira é de cerca de US$ 63 bilhões.

Embora sua sede corporativa permaneça em São Paulo, no Brasil, a mudança de domicílio legal para o Reino Unido seria vista como uma grande conquista nos esforços do governo do novo primeiro-ministro britânico Keir Starmer para atrair mais empresas de tecnologia e investimentos para o país.

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No mês passado, o Departamento de Ciência, Inovação e Tecnologia do Reino Unido disse que abriria um escritório para acelerar as aprovações de novas tecnologias.

O novo órgão, denominado Regulatory Innovation Office (Escritório de Inovação Regulatória), foi projetado para reduzir o tempo que os empresários esperam para colocar invenções no mercado e simplificar os obstáculos regulatórios com os quais precisam lidar.

O governo trabalhista vem cortejando empresas de tecnologia e investidores, pois enfrenta um amplo declínio no sentimento de confiança do setor privado, depois que a nova chanceler do Tesouro, Rachel Reeves, anunciou £ 40 bilhões (US$ 50,5 bilhões) de aumentos de impostos em seu primeiro orçamento.

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As medidas incluíram o aumento do imposto sobre a folha de pagamento do seguro nacional para empresas para o patamar de 15% e a redução do limite a partir do qual as empresas começam a pagar o imposto.

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O governo trabalhista também aumentou o imposto sobre ganhos de capital e eliminou a isenção do imposto sobre valor agregado nas mensalidades das escolas públicas.

Fundado em 2013 por David Vélez, Cristina Junqueira , o Nubank cresceu rapidamente e se tornou uma das fintech mais conhecidas e de maior impacto no mundo, tendo como clientes cerca de 60% de todos os adultos brasileiros. A empresa também tem operações no México e na Colômbia.

Embora seu crescimento vertiginoso tenha ajudado a impulsionar suas ações em cerca de 60% desde o início do ano, alguns investidores começaram a questionar a qualidade de sua carteira de empréstimos.

O banco digital conseguiu fazer seu nome em meio ao cenário bancário considerado conservador do Brasil, em parte por conceder crédito a tomadores de empréstimos de baixa renda, um movimento que havia sido amplamente evitado pelo establishment financeiro local.

- Com a colaboração de Daniel Carvalho.

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