Bloomberg Línea — O Nubank (NU) não descarta reconsiderar um retorno ao mercado argentino caso as condições macroeconômicas do país melhorem, de acordo com Cristina Junqueira, cofundadora e Chief Growth Officer (CGO) do banco digital brasileiro.
“Sim, é um mercado muito grande com muitas pessoas, pessoas que também acredito que gostariam de ter mais opções, melhores serviços, mas é um país complexo para navegar. Então, gostaríamos de ver o ambiente macro mais estabilizado para pensar nisso”, disse ela.
Junqueira compartilhou suas reflexões sobre a ideia de retornar ao mercado argentino em uma entrevista para o podcast ‘La Estrategia del Día’, da equipe da Bloomberg Línea no México.
Braço-direito do CEO global, David Vélez, Junqueira enfatizou especialmente o flagelo da inflação e a necessidade de níveis “mais justos” de preços. Além disso, destacou a importância da estabilidade nas relações entre as instituições-chave do país, como o banco central e o Ministério da Economia.
A breve incursão do Nubank na Argentina ocorreu em junho de 2019, com a abertura de um escritório em Buenos Aires e a contratação de 12 funcionários. No entanto a fintech deixou o país vizinho pouco tempo depois. A decisão foi definida como uma retirada estratégica para focar no crescimento do Brasil e, posteriormente, do México e da Colômbia.
O valor de mercado do Nubank atualmente ultrapassa os US$ 40 bilhões, permitindo que ele se posicione em 2023 entre os quatro maiores bancos do Brasil. Agora, Junqueira disse que a empresa pode considerar uma nova tentativa no mercado argentino, o terceiro maior país da América Latina em população e Produto Interno Bruto (PIB).
A Argentina, onde operam outros concorrentes como Ualá, Mercado Pago, Brubank e Reba, tem um dos índices de crédito em relação ao PIB mais baixos do mundo.
No meio de uma inflação galopante em outubro de 2023, os empréstimos em pesos para o setor privado argentino representaram 6% do PIB, em comparação com os 44% da Colômbia em 2022, segundo informações do Banco Central da República Argentina (BCRA) e do Banco Mundial.
“Há muitas mudanças agora na Argentina. Espero que vá para um caminho melhor e que a população tenha mais estabilidade, porque isso é um custo muito, muito grande para a população. Mas o tempo dirá”, disse Junqueira.
A cofundadora do Nubank destacou nesse sentido que, embora a Argentina apresente desafios, a porta não está fechada definitivamente, e a empresa poderia reconsiderar a possibilidade de operar novamente.
“Sim, é possível. Não é impossível”, afirmou Junqueira, deixando aberta a possibilidade de um retorno futuro. No fechamento do terceiro trimestre de 2023, o Nubank contava com 89 milhões de clientes, tendo adicionado 18,7 milhões nos 12 meses até outubro.
O neobanco também relatou uma receita recorde nesse trimestre, de US$ 2 bilhões, resultando em um lucro líquido de US$ 303 milhões.
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