Nubank aposta em novos ETFs na disputa pelo recurso do cliente em investimento

Nu Asset chega a R$ 3,5 bilhões sob gestão e 1,5 milhão de cotistas e adiciona mais dois fundos de índices à sua prateleira, em busca de investidores tanto com perfil conservador como arrojado

Prédio que é a sede do Nubank na avenida Rebouças, na zona oeste de São Paulo (vista de fundo do edifício) (Foto: Divulgação)
16 de Julho, 2024 | 10:28 AM

Bloomberg Línea — O Nubank (NU) acaba de dar mais um passo para avançar no segmento de gestão de recursos para o investidor de varejo com a listagem de dois novos ETFs nesta terça-feira (16) na B3.

Atualmente, a Nu Asset Management conta com cerca de R$ 3,5 bilhões sob gestão.

O avanço em investimentos é importante porque representa o aumento do engajamento do cliente com o Nubank, na medida em que o banco digital busca se reforçar no conceito da “principalidade”, ou seja, se tornar a sua principal instituição financeira, com uso recorrente de mais produtos e serviços.

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Os novos ETFs (fundos de índice negociados em bolsa que seguem ativos de determinadas teses) são o HIGH11 (High Beta) e o LVOL11 (Low Volatility), cada um composto por 28 ações selecionadas do Ibovespa.

A carteira do LVOL11 priorizou papéis com histórico de menor volatilidade nos últimos 12 meses, como as de Usiminas (USIM5), CSN (CSNA3), Metalúrgica Gerdau (GOAU4), Gerdau (GGBR4), Petrobras (PETR4), Banco do Brasil (BBAS3), Bradespar (BRAP4), Cyrela (CYRE3), Itaúsa (ITSA4) e Bradesco (BBDC4).

A carteira do HIGH11 busca alocar recursos em empresas do Ibovespa com o histórico de maiores betas dos últimos três anos, ou seja, que se beneficiam mais de altas do mercado, mas com risco maior. Entre os papéis presentes estão Ambev (ABEV3), Bradesco (BBDC4), CPFL Energia (CPFE3), Itaú (ITUB4), Hypera (HYPE3), Cemig (CMIG4), Equatorial Energia (EQTL3), Copel (CPLE3), Raia Drogasil (RADL3) e Klabin (KLBN11).

“São duas ferramentas para capturar os ciclos de alta da Bolsa. O LVOL11 tem uma cesta de ações construída para quem busca menor volatilidade e olha mais para o longo prazo. Já o HIGH11 é mais tático para quem deseja tomar mais risco e aproveitar um momento específico do mercado com um retorno melhor”, disse Andrés Kikuchi, diretor executivo da Nu Asset, nesta segunda-feira (15).

Os dois novos ETFs do Nubank, que se somam a dois já existentes e lançados em setembro passado pelo banco digital, foram desenvolvidos em parceria com a B3. Eles se juntam ao NSDV11 (Dividendos Total Return) e ao NDIV11 (Dividendos Price Return), ambos com foco em ações que pagam dividendos.

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“Somos a sexta maior gestora em número de cotistas, com mais de 1,5 milhão. Tivemos um crescimento de mais de R$ 1,7 bilhão em 12 meses”, disse o diretor executivo da Nu Asset sobre o avanço do banco em investimentos.

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Segundo ele, a escolha de ETFs como novos produtos ocorre no contexto de crescimento médio anual de mais de 20% no volume do mercado de ETFs no mundo, que chegou a US$ 12,6 trilhões em maio, com a listagem de mais de 12.000 ETFs em mais de 70 bolsas.

No Brasil, o mercado de fundos de índices representa, no entanto, menos de 1% do volume total da indústria de fundos, abaixo da média observada em outros países.

“O crescimento de 20% ao ano no mundo é uma taxa de adoção comparável ao mercado de smartphones e social media desde 2009″, comparou o executivo.

Kikuchi apontou como benefícios do investimento em em ETFs a diversificação, a liquidez, a transparência e o custo mais baixo versus fundos tradicionais.

Os dois novos ETFs de renda variável da asset, o HIGH11 e LVOL11, têm como características uma taxa de administração de 0,50% ao ano e um investimento mínimo de R$ 100 (cota inicial). O BNP Paribas é o administrador dos dois fundos, enquanto o UBS atua como market maker.

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O gerente de índices da B3, Henio Scheidt, disse que a bolsa brasileira - a B3 - passa agora a contar com 64 índices. Desse total, 27 são índices desenvolvidos com a S&P.

“O investidor tem mais uma alternativa para diversificar sua carteira. E a B3 dá mais um passo como provedora de índices”, afirmou Scheidt.

Maré baixa na Bolsa

O lançamento de ETFs no mercado brasileiro busca não só diversificar a oferta de produtos para o investidor como também servir de contraponto ao momento mais adverso à negociação à vista de ações, em momento prolongado de incertezas sobre o ritmo de queda dos juros nos EUA e no Brasil, além de preocupações com as perspectivas do quadro fiscal do país e a eleição americana.

A B3 fechou junho com 5,109 milhões de investidores (CPFs individuais), queda de 3,4% em 12 meses e de 0,2% em relação a maio, segundo comunicado divulgado no dia 11.

Já o número de empresas listadas na B3 caiu 1,1% em um ano e 0,7% ante o mês anterior, encerrando junho com 439 companhias, o menor nível desde junho de 2021.

O volume financeiro médio diário do mercado de ações recuou 21,4% em 12 meses e 3% ante maio, para R$ 23,978 bilhões em junho. O Ibovespa acumula uma desvalorização de 3,63% em 2024, versus um avanço que se aproxima de 20%, por exemplo, do S&P 500, o benchmark das bolsas americanas.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.