Bloomberg — Os investidores da Tesla (TSLA) ficaram surpresos ao saber na segunda-feira (8) que Zach Kirkhorn, um veterano de 13 anos da empresa, deixou abruptamente o cargo de diretor financeiro (Chief Financial Officer ou CFO) na empresa e será substituído por Vaibhav Taneja, que já exerce um trabalho pesado como diretor de contabilidade e acumulará as funções.
A montadora tem um longo histórico de promoção interna de talentos, e as contratações externas não costumam perdurar, tendo em vista a cultura agressiva de trabalho da montadora, além da exigência de certa resistência para trabalhar para Elon Musk.
Kirkhorn era uma presença calma e constante, que mantinha conversas regulares com os investidores e já tinha até substituído Musk em ocasiões como apresentações de lucros da Tesla. Já Taneja, de 45 anos, é bem menos conhecido.
Ele falou brevemente em apenas uma chamada de lucros da Tesla, no início de 2019, e não estava entre os 16 executivos convidados a subir ao palco com Musk em uma reunião com investidores em março deste ano.
A mudança ocorre em um momento crítico para a Tesla, que está construindo uma nova fábrica no México e se preparando para lançar sua picape Cybertruck no mercado, enquanto enfrenta rivais no mercado cada vez mais concorrido de veículos elétricos. Além disso, a montadora tem cortado os preços de toda a sua linha para se manter no topo, o que tem afetado a lucratividade.
Trajetória
Taneja começou sua carreira em Nova Délhi. Ele se formou em 1999 com um diploma de bacharel em comércio pela Universidade de Delhi, de acordo com seu perfil no LinkedIn. Em seguida, passou quase 17 anos na PricewaterhouseCoopers, a empresa de contabilidade de longa data da Tesla.
Ele ingressou na empresa SolarCity em 2016 e tornou-se controlador corporativo. Logo em seguida, a Tesla adquiriu a empresa de instalação de painéis solares. Posteriormente, os acionistas da montadora processaram Musk e a diretoria da Tesla, acusando-os de esconder os problemas financeiros da SolarCity.
Taneja tornou-se o controlador corporativo da Tesla em maio de 2018 e foi nomeado diretor de contabilidade em março de 2019. Seu antecessor, Dave Morton, havia sido contratado pela Seagate Technology, mas pediu demissão após menos de um mês.
Taneja possuía cerca de 105.000 ações da empresa em 7 de julho, uma participação que atualmente está avaliada em cerca de US$ 26 milhões, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
Incertezas
A saída de Kirkhorn, considerado um dos principais candidatos à sucessão de Musk como CEO, renova a incerteza sobre a liderança da Tesla.
Musk, a pessoa mais rica do mundo, supervisiona seis empresas: Tesla, SpaceX, X (anteriormente conhecida como Twitter), Boring Co., Neuralink e xAI, seu empreendimento mais recente.
Os muitos interesses de Musk e as demandas concorrentes por seu tempo há muito levantam preocupações sobre a dependência excessiva da Tesla em um único indivíduo.
A fabricante de veículos elétricos possui apenas quatro diretores executivos: Musk, Drew Baglino, vice-presidente sênior de engenharia de trem de força e energia; Tom Zhu, vice-presidente sênior da área automotiva; e agora Taneja.
Musk agradeceu a Kirkhorn em um tuíte e reconheceu que seu mandato não foi fácil. Ele não deu nenhuma dica sobre o que pode vir a seguir para o executivo. Em comunicado, a montadora informou que ele continuará na empresa até o final do ano “para apoiar uma transição perfeita”.
“Fazer parte desta empresa é uma experiência especial e estou extremamente orgulhoso do trabalho que fizemos juntos”, escreveu Kirkhorn na segunda-feira no LinkedIn. “Também quero agradecer a Elon por sua liderança e otimismo, que inspirou tantas pessoas.”
A CEO e diretora de investimentos da Ark Investment Management, Cathie Wood, disse em entrevista à Bloomberg Television que sentirá falta da presença de Kirkhorn, mas que Taneja é adequado para assumir o cargo de CFO.
--Com a colaboração de Craig Trudel, David Welch e Ed Ludlow
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
Musk revela investimento acima de US$ 1 bi no Projeto Dojo, para avançar em dados
Guerra de preços de carros elétricos chega ao Brasil com modelo de entrada da BYD