Bloomberg — A United Airlines (UAL) decidiu oferecer aos seus pilotos um contrato com um valor incremental superior a US$ 8 bilhões ao longo de quatro anos, um número que o tornaria o mais caro para uma companhia aérea principal dos Estados Unidos.
A empresa faz negociações semanais enquanto tenta chegar a um acordo formal com o sindicato, disse o CEO Scott Kirby em uma entrevista à Bloomberg News no mês passado. Ele não detalhou o valor dos salários, dos benefícios e das melhorias na qualidade de vida incluídos na proposta, além de dizer que ela superaria os acordos recentes firmados por suas duas maiores rivais.
“Temos um acordo que seria líder do setor”, disse Kirby.
As negociações trabalhistas aumentaram a pressão sobre a United, mesmo que a empresa se beneficie do aumento da demanda por viagens de lazer e não haja sinais de desaceleração na procura. Kirby reiterou que uma “recessão nos negócios” ainda mantém as viagens corporativas até 25% abaixo dos níveis de 2019, mas ele disse que espera uma recuperação completa.
A demanda geral é forte o suficiente para resistir até mesmo a uma recessão moderada, disse ele, e nada menos que um “choque exógeno” na economia poderá inviabilizá-la.
“Isso exigiria algo bastante significativo – além do escopo do que qualquer um tem em qualquer outro tipo de cenário básico”, disse Kirby.
As transportadoras lutam contra custos mais altos, principalmente na área trabalhista. A American Airlines (AAL) chegou a um acordo preliminar em maio que acrescentaria US$ 8 bilhões em custos adicionais. Isso ocorreu alguns meses depois que os pilotos da Delta aprovaram um novo contrato com um custo incremental de mais de US$ 7 bilhões, também ao longo de quatro anos.
Kirby disse que a United incorporou as despesas trabalhistas esperadas em seu guidance, apesar de não ter um acordo.
Os pilotos da United estavam prontos para votar a autorização de uma greve, uma tática comum de negociação. Essa votação não significa que os pilotos entrarão em greve imediatamente, mas ofereceria aos líderes sindicais a aprovação para convocar uma paralisação se ela for autorizada pelo Conselho Nacional de Mediação.
Apesar da incerteza, as ações da United subiram perto de 50% neste ano até sexta-feira (7 de julho).
Kirby também disse que a United não envidará nenhum esforço para reduzir a exigência de que a maioria dos pilotos tenha 1.500 horas de experiência de voo para obter uma licença para pilotar aviões de grande porte.
Aqueles com experiência de voo militar ou que se formaram em escolas de aviação específicas podem obter a licença com menos horas. Os defensores de uma iniciativa para mudar a regra argumentam que ela não tornou os voos mais seguros e que reduzi-la poderia ajudar a resolver a escassez de pilotos que assola o setor.
“Tentar apresentar argumentos complicados de que é possível reduzir o número de horas e aumentar a segurança não é o melhor argumento atualmente”, disse Kirby. “Portanto, não estamos tentando mudar nada na regra das 1.500 horas”.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
Estas são as melhores companhias aéreas do mundo, segundo os passageiros
Encomenda de 500 aviões, a maior da história, reforça temor de bolha no setor aéreo