Nosso negócio não está preso a caminhões, diz CEO da JSL sobre diversificação

Ramon Alcaraz afirmou em entrevista à Bloomberg Línea que a companhia tem buscado prestar serviços com alto grau de especialização: ‘não queremos brigar por preço’

JSL
06 de Novembro, 2024 | 09:00 PM

Bloomberg Línea — A JSL (JSLG3) tem trabalhado para diversificar cada vez mais os negócios, em um mercado de logística ainda fragmentado e com forte competição. Segundo o CEO da companhia, Ramon Alcaraz, a estratégia passa pelo aumento de contratos com maior valor agregado.

“Queremos ser uma empresa essencial para o cliente, que presta serviços com alto grau de especialização. Não queremos brigar por preço”, disse o executivo em entrevista à Bloomberg Línea.

Ele afirmou que a empresa tem elevado a aposta em operações de intralogística e armazenagem, que não utilizam caminhões. “Não é que queremos fugir dos caminhões, mas não estamos presos a eles.”

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Atualmente, 47% da receita da JSL vem de transporte de cargas, seguido de operações dedicadas (33%), armazenagem (13%) e distribuição urbana (7%).

Nesse contexto, a companhia tem investido na oferta de serviços que envolvem mão de obra especializada e tecnologia, com foco na gestão de armazéns – próprios e de terceiros – e na logística dentro das fábricas.

“Hoje, 30% do nosso negócio já não envolve caminhões”, explicou Alcaraz.

O executivo acrescentou que, desde o início da pandemia, 2024 tem sido o ano em que os preços dos insumos – como peças, combustível e caminhões – tiveram maior estabilidade. “Não tivemos grandes picos de preços, a tendência é a de estabilização.”

No terceiro trimestre, a JSL registrou um lucro líquido de R$ 43,8 milhões, com uma queda de 6,4% na comparação anual, segundo balanço divulgado na noite desta quarta-feira (06). Na métrica ajustada, houve crescimento de 25,3% do indicador, para R$ 72,7 milhões.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado no terceiro trimestre alcançou R$ 466,4 milhões, alta de 18,7% em relação ao mesmo período do ano passado.

Já a receita líquida aumentou 17% na mesma base de comparação, para R$ 2,35 bilhões.

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“Praticamente todos os setores demandantes estão indo bem, como mineração, florestal, alimentos e bebidas e varejo. O único que efetivamente não está tão bem assim é o agronegócio. De maneira geral, fomos favorecidos em termos de receita”, disse Alcaraz.

De janeiro a setembro de 2024, a companhia acumulou um capex de R$ 680,4 milhões, o que representou um aumento de 2,7% sobre o mesmo período do ano passado. “Continuamos sendo uma empresa de capex alto, o que deve permanecer também em 2025″, disse o executivo.

Ao longo do terceiro trimestre, a companhia registrou R$ 2,2 bilhões em novos contratos, com prazo médio de 64 meses. O volume deve adicionar uma receita média mensal de R$ 34 milhões à companhia.

Em 2024, a JSL acumula R$ 4,5 bilhões em novos contratos. “Há quatro anos temos trabalhado na eficiência, em redução de custos e na precificação correta dos contratos”, disse.

Foco também em redução de alavancagem

A JSL encerrou o terceiro trimestre com uma alavancagem medida pela relação dívida líquida sobre o Ebitda de 2,94 vezes, ante 3,04 vezes no período imediatamente anterior e 2,63 vezes um ano antes.

De acordo com o CFO da JSL, Guilherme Sampaio, a companhia atingiu o pico de alavancagem no segundo trimestre deste ano dentro do planejamento para curto e médio prazo.

“Faz parte da estratégia da companhia reduzir a alavancagem, esse é nosso foco, temos trabalhado para isso tanto neste ano quanto em 2025”, disse o executivo.

Nesse contexto, Sampaio disse que os movimentos de fusões e aquisições continuam a fazer parte do planejamento da companhia, mas que não há uma meta definida.

“Os M&As são sempre um complemento ao nosso plano de negócios. Precisamos achar a empresa certa, com uma expertise que possa se beneficiar do nosso sistema e, com valuation certo, nós a colocamos para dentro.”

Nos últimos três anos, a JSL realizou oito aquisições.

“Todas as aquisições que fizemos não afetaram a nossa alavancagem. São boas empresas, que já vêm com um bom patamar de margens e o preço negociado da forma correta”, afirmou. “Não acreditamos que [os M&As] têm potencial de mudar essa curva de desalavancagem.”

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Juliana Estigarríbia

Jornalista brasileira, cobre negócios há mais de 12 anos, com experiência em tempo real, site, revista e jornal impresso. Tem passagens pelo Broadcast, da Agência Estado/Estadão, revista Exame e jornal DCI. Anteriormente, atuou em produção e reportagem de política por 7 anos para veículos de rádio e TV.