Nissan planeja rejeitar termos de fusão com a Honda, segundo jornal japonês

Após sete semanas de conversas, as montadoras não teriam conseguido chegar a um acordo, segundo pessoas que não foram identificadas disseram ao jornal japonês Nikkei

Os atritos entre as duas empresas surgiram esta semana, depois que a mídia informou que a Honda lançou a ideia de uma aquisição completa, uma proposta que foi recebida com forte oposição dentro da Nissan. (Foto: Kiyoshi Ota/Bloomberg)
Por Nicholas Takahashi
05 de Fevereiro, 2025 | 07:41 AM

Bloomberg — A Nissan planeja rejeitar os termos do acordo com a Honda para combinar as duas marcas e recuperar a competitividade global, informou o jornal japonês Nikkei nesta quarta-feira (5).

As montadoras japonesas vinham negociando os termos de um acordo no qual a Honda ofereceria à Nissan uma saída ao absorver sua rival em dificuldades, e colocaria as duas marcas sob uma única empresa holding em 2026.

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Os dois concorrentes não conseguiram chegar a um consenso após sete semanas tumultuadas, de conversações, de acordo com o jornal, que citou pessoas que não foram identificadas, encerrando rapidamente o que poderia ter sido uma parceria histórica para a indústria automobilística do Japão.

A Honda e a Nissan discutem várias opções, incluindo a possibilidade de se retirarem do acordo, disseram as duas empresas em declarações separadas apresentadas à Bolsa de Valores de Tóquio. Uma estrutura para as negociações em andamento será anunciada conforme planejado, embora já tenha sido adiada uma vez, em meados de fevereiro, de acordo com os porta-vozes.

Os atritos entre as duas empresas surgiram esta semana, depois que a mídia informou que a Honda lançou a ideia de uma aquisição completa, uma proposta que foi recebida com forte oposição dentro da Nissan.

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A bolsa de valores de Tóquio suspendeu a negociação das ações da Nissan em resposta à reportagem do Nikkei. As ações da Honda subiram 8,2%, enquanto as da Nissan caíram 4,9%.

Desde o momento em que surgiram os primeiros relatos de uma suposta fusão em dezembro, ficou claro que a Honda, com mais do que o quádruplo do valor de mercado, tinha a vantagem.

Quando as duas empresas anunciaram o acordo em dezembro, a Honda deixou claro que a Nissan teria que implementar um plano de reestruturação para que qualquer transação se concretizasse.

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Uma linha de produtos desatualizada, incentivos de concessionárias inchados e liderança instável são apenas alguns dos problemas crônicos que afligem a Nissan. Sem o apoio da Honda, não está claro como a marca planeja dar a volta por cima.

"Ambas as empresas não têm ofertas atraentes de veículos elétricos, e a entidade combinada ainda enfrentaria o desafio de construir um novo pipeline de modelos de veículos elétricos", disse Vincent Sun, analista da Morningstar Inc. "É difícil para a Nissan se ela tiver que desempenhar um papel menor na nova entidade, em vez de ficar em pé de igualdade com a Honda."

O quadro completo da situação da Nissan ficou claro em novembro, depois que uma queda de 94% nas vendas líquidas do primeiro semestre a forçou a cortar milhares de empregos, reduzir a capacidade de produção e diminuir sua previsão de lucro anual em 70%.

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Semanas depois, a Honda revelou planos para resgatar a Nissan, combinando forças para recuperar o terreno perdido nos Estados Unidos, onde a popularidade dos híbridos elétricos a gasolina deu vantagem à Toyota Motor e na China, onde uma onda após a outra de veículos elétricos forçou as marcas estrangeiras a se afastarem.

A Nissan é detida em 36% pela montadora francesa Renault SA, que no final de janeiro enviou representantes ao Japão para expressar sua preocupação com a transação e buscar um prêmio por sua participação, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.

A Mitsubishi Motors Corp., que supostamente decidiu não participar da aliança, disse no início desta semana que tomaria uma decisão final quando a Honda e a Nissan chegassem a um acordo no final deste mês.

--Com a ajuda de Winnie Hsu.

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