Bloomberg — A Nissan reformulou seu quadro de executivos com a chegada de novos talentos para dar a volta por cima. A montadora enfrente erosão dos lucros, o aumento da dívida e a escassez de produtos geradores de receita.
O diretor executivo Makoto Uchida permanecerá no cargo, enquanto Jeremie Papin se tornará diretor financeiro a partir de 1º de janeiro. Ele será substituído como chefe da Nissan Américas por Christian Meunier, disse a empresa em um comunicado na quarta-feira (11). O atual CFO Stephen Ma será transferido para dirigir as operações na China.
As mudanças ocorrem cerca de um mês depois que a Nissan anunciou perdas de lucro devido às vendas fracas nos EUA e na China.
A incapacidade da marca de lançar carros atraentes - principalmente modelos híbridos e veículos elétricos a bateria - provocou uma queda acentuada na renda, forçando-a a cortar 9.000 empregos, o que reduziu a capacidade de produção em um quinto e cortar sua previsão de lucro operacional anual em 70%.
“Essa é uma medida provisória - não uma mudança drástica - feita para ajudá-la a superar a situação atual”, disse o analista automotivo sênior da Bloomberg Intelligence, Tatsuo Yoshida. “Mas a luta da Nissan tem a ver com liderança, produtos, estratégia de vendas e outras questões fundamentais que não podem ser resolvidas com a simples troca do diretor financeiro.”
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Papin é presidente da Nissan Américas desde abril de 2021, de acordo com o site da empresa. Ele foi nomeado para a diretoria executiva no ano passado e, mais recentemente, atuou como vice-presidente de seus negócios na América do Norte. Antes de ingressar na Nissan, ele esteve envolvido na aliança da Nissan com a Renault e a Mitsubishi.
Em sua nova função, Meunier se reportará a Guillaume Cartier, o recém nomeado diretor de desempenho. Meunier chega à Nissan vindo da Stellantis, onde foi o principal executivo da Jeep.
Antes disso, ele trabalhou na Nissan em várias funções, como vendas e marketing na América do Norte, chefe de operações no Canadá e no Brasil, e presidiu a marca de luxo Infiniti. Ele deixou a Stellantis há cerca de um ano.
A Nissan não tem um diretor de operações desde que Ashwani Gupta deixou a montadora no ano passado.
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Asako Hoshino, diretor do Japão e do Sudeste Asiático, será substituído por Shohei Yamazaki, que anteriormente supervisionava as operações na China.
Todas as mudanças na administração entrarão em vigor em 1º de janeiro, informou a Nissan.
Uchida assumiu o comando no final de 2019, após a chocante prisão e destituição do ex-presidente Carlos Ghosn, que orquestrou a reviravolta da Nissan há mais de duas décadas, cortando fornecedores ineficientes e introduzindo uma série de novos modelos.
Esse progresso foi prejudicado pelas últimas dificuldades da Nissan, que foram em grande parte desencadeadas por incentivos exagerados das concessionárias e por uma linha de produtos desatualizada que enfraqueceu sua vantagem competitiva em quase todos os principais mercados.
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