Netflix: o que levou ao crescimento da receita e dos assinantes na América Latina

Desempenho financeiro no último trimestre de 2023, com contribuição da receita na região, superou estimativas de analistas e levou a salto de dois dígitos nas ações

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Bloomberg Línea — A Netflix (NFLX) terminou o trimestre encerrado em 31 dezembro de 2023 com receita na América Latina de US$ 1,156 bilhão, indicando um crescimento de 13,2% em relação ao mesmo período do ano passado. O faturamento da empresa na região foi de US$ 4,446 bilhões para 2023, um ganho de 9,3%.

No mesmo trimestre no ano anterior, a receita havia sido de US$ 1,016 bilhão, com um total de US$ 4,069 bilhões para o ano fechado de 2022. Em relação ao terceiro trimestre 2023, encerrado em 30 de setembro, o crescimento foi de 1,2% sobre o faturamento US$ 1,142 bilhão.

A expansão da empresa na região ajudou os resultados globais positivos da empresa, que superaram as projeções de analistas.

O gigante do streaming tem focado sua estratégia comercial na oferta de novos planos de assinatura mais baratos sustentados por anúncios, com o objetivo de atrair novos assinantes. Além disso, uma nova ferramenta tem dificultado o compartilhamento de senhas entre usuários do serviço.

O novo modelo tem mostrado resultado, com ganhos de assinantes e de faturamento globalmente e na região para a empresa.

Matheus Popst, sócio da Arbor Capital, disse à Bloomberg Línea que de fato a receita da Netflix cresce na América Latina e ainda mais se ignorar a desvalorização do câmbio do peso argentino.

“Essa desvalorização é tão grande que eles até mencionam isso na carta geral dizendo que a diferença do guidance de crescimento neutro de câmbio e crescimento em dólares americanos é de 3% por conta do câmbio argentino”, disse.

Na carta aos acionistas, a Netflix também pontuou a força das produções em outros idiomas, incluindo Código Penal, do Brasil, com 20,9 milhões de visualizações, e Nothing to See Here, do México, com 8,3 milhões de visualizações.

A empresa divulgou a participação de audiência de streaming em dezembro de 2023 para alguns mercados com dados da Nielsen e da Kantar. No Brasil, 5% da audiência é da Netflix, enquanto 11% é do YouTube e 1% de outros serviços de streaming.

As adições líquidas de assinantes da Netflix na América Latina no quarto trimestre de 2023 foram consideradas substanciais, alcançando 2,35 milhões.

Este resultado superou trimestres anteriores, indicando expansão do serviço na região. O número total de assinantes pagos na América Latina atingiu 46 milhões no ano passado. A receita média por assinatura foi de US$ 8,60 no quarto trimestre.

“A Netflix tem 80 milhões de assinantes na EUA e Canadá e 46 milhões na América Latina, tem um espaço muito grande para Netflix continuar crescendo. O grosso crescimento da Netflix vai vir de mercados emergentes”, disse Popst.

As ações da Netflix subiam 11,84% às 13h40 de Brasília nesta quarta-feira (24), depois que a empresa iniciou a temporada de resultados no setor de tecnologia e agradou aos analistas na terça-feira.

O ”sólido desempenho no quarto trimestre de 2023, as perspectivas de receita para o primeiro trimestre de 2024 acima das expectativas e o guidance de margem operacional melhor do que o esperado para o ano fiscal de 2024 parecem ser os motivos para o aumento de 8% das ações, conforme escrevemos este relatório na negociação pós-mercado”, disse o Itaú BBA, em relatório.

No mundo, a Netflix relatou 13 milhões de adições líquidas trimestrais no quarto trimestre de 2023, significativamente acima da meta de 9,0 milhões a 9,5 milhões.

A empresa espera que as adições líquidas diminuam sequencialmente no primeiro trimestre (refletindo sazonalidade típica e algum provável antecipação do desempenho do quarto trimestre), mas aumentem em comparação com as adições líquidas pagas de 1,8 milhão no primeiro trimestre de 2023.

As receitas no quarto trimestre de 2023 estavam de acordo com as expectativas do mercado (+12,5% em relação ao ano anterior), mas o guidance para o primeiro trimestre de 2024 superou as expectativas (+13,2% em relação ao ano anterior), conforme pontuado por analistas do Itaú BBA.

“A margem operacional ficou acima do guidance (17% em comparação com 13%) devido tanto ao upside de receita no quarto trimestre quanto aos gastos inferiores ao planejado. A administração está orientando para uma sólida expansão de 520 pontos-base em relação ao ano anterior para o primeiro trimestre de 2024 (+930 pontos-base em relação ao trimestre anterior)”, escreveram os analistas.

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