Neon vai além do crédito e expande produtos para reter cliente, diz presidente

Fintech que nasceu com produtos para renda mais baixa hoje conversa com público mais abrangente e cresceu a receita em 130% no último ano, diz Fernando Miranda à Bloomberg Línea

Fernando Miranda, copresidente do Neon
20 de Maio, 2024 | 05:45 AM

Bloomberg Línea — O Neon, uma das fintechs “unicórnio” do Brasil, passa por uma transição em sua estratégia de negócios. Anteriormente reconhecida principalmente por seus serviços de crédito para as faixas de renda mais baixas, a empresa agora amplia sua oferta para uma maior variedade de produtos financeiros.

Essa mudança é uma resposta ao cenário competitivo em constante evolução, em que algumas fintechs expandem seus serviços além do básico para tentar atrair e reter mais clientes.

Fernando Miranda, copresidente do Neon, conversou com a Bloomberg Línea sobre a transformação: até recentemente, a fintech tinha foco limitado e oferecia apenas cartões de crédito e contas.

Miranda é um executivo experiente do setor financeiro, com passagens por Santander, Citi e American Express, entre outras empresas. Chegou há pouco mais de um ano, vindo do Nubank (NU), em que comandava a área de investimentos depois da aquisição da Easynvest (em que foi CEO) no fim de 2020.

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Nos últimos dois anos, a fintech expandiu sua linha de produtos, que agora inclui seguros, investimentos, empréstimos pessoais e consignado. Esta mudança estratégica visa não apenas atrair novos clientes mas também aumentar o engajamento e a fidelidade dos clientes existentes.

O Neon, que conta com o investimento da General Atlantic (GA) e recebeu uma injeção de capital do BBVA de US$ 300 milhões em fevereiro de 2022, disse que teve um crescimento de 130% na receita no último ano, sem divulgar números absolutos.

Na fase com número mais amplo de serviços, o executivo disse estar confiante de que o novo aplicativo do banco digital, uma parte dessa estratégia mais ampla, ajude a consolidar a posição da fintech como uma das principais instituições financeiras digitais do Brasil.

“Até dois anos e meio atrás, éramos uma empresa de poucos produtos. Nos últimos dois anos, investimos muito no que eu chamo de completude de produtos”, disse.

Hoje o Neon tem uma base de 30 milhões de clientes.

A expansão reflete não apenas o crescimento da empresa mas também a dinâmica do mercado financeiro digital como um todo. Concorrentes maiores como o Nubank adotaram há mais tempo o mesmo caminho, buscando diversificar suas ofertas para ficarem mais competitivos.

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O novo aplicativo é projetado para simplificar as operações financeiras e aumentar o engajamento - e as receitas - dos usuários.

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Miranda disse que o desenvolvimento desse novo aplicativo começou há cerca de oito meses, quando o Neon decidiu investir em uma pesquisa aprofundada para compreender as principais dores e necessidades e também as demandas de seus clientes atuais e potenciais.

“Foi muito na tentativa de repensar o modo como a jornada é feita e na contramão daquele modo de pensar que os aplicativos são mais ou menos iguais”, disse.

Segundo Miranda, essa pesquisa revelou que as necessidades dos clientes são diversificadas, de acordo com o perfil e as circunstâncias individuais. Com base nesse insight, a fintech decidiu criar uma plataforma flexível capaz de se adaptar às diferentes necessidades dos usuários.

O novo aplicativo da Neon foi projetado para permitir que os usuários realizem transações com poucos cliques.

Além disso, a empresa investiu em tecnologia e inovação para criar atalhos. Um exemplo disso é a funcionalidade “Lente”, que utiliza tecnologia proprietária para reconhecer automaticamente informações de pagamento a partir de imagens.

Essa tecnologia simplifica o processo de realização de transações, pois permite ler os números de chaves para o Pix escritos à mão em pequenas lojas.

“Esse projeto é estratégico para o Neon. O cliente vai usar muito mais e ter muito mais engajamento, porque você fala a mesma língua”, disse.

A empresa, no entanto, disse não querer desenvolver um super aplicativo que ofereça, por exemplo, produtos não financeiros.

“Não está nos meus planos, nem de curto nem de médio prazo, adicionar outros produtos não financeiros. Acho que aqui a simplicidade fala mais alto, [o objetivo é] ter o app mais fácil de usar no dia-a-dia, pensando na correria dos trabalhadores”, disse.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups