Nem Taylor salva: receita com streaming desacelera e ação da Universal cai até 30%

Maior gravadora do mundo teve o seu pior dia desde o IPO em 2021 com dados que mostram impacto de crescimento abaixo do esperado em receitas com publicidade de Spotify e YouTube

Taylor Swift é uma das principais artistas com contrato com a Universal Music: aumento de 44% nas receitas com merchandising
Por Cagan Koc
25 de Julho, 2024 | 05:12 PM

Bloomberg — As ações da Universal Music Group (UMG) caíram até 30% nesta quinta-feira (25), a maior queda desde a oferta pública inicial da empresa em 2021, depois que a divulgação de desaceleração do crescimento de suas receitas com assinatura e streaming decepcionou os investidores.

A maior gravadora do mundo, que representa artistas como Taylor Swift e Drake, disse que a receita com o pagamento de assinaturas de música gravada cresceu 6,9% em moeda constante no segundo trimestre, em um comunicado na noite de quarta-feira (24). Isso ficou abaixo da média das estimativas de crescimento de 11% em uma pesquisa da Bloomberg com analistas.

PUBLICIDADE

A desaceleração do crescimento da receita de publicidade no Spotify e no YouTube foi responsável por grande parte das vendas mais fracas que o esperado, disse o diretor financeiro, Boyd Muir, em uma call com jornalistas.

Leia mais: Mais valioso que Netflix? YouTube avança no streaming à sombra da Alphabet

Outro fator que pesou negativamente foram obstáculos envolvendo empresas de redes sociais, que se tornaram uma parte fundamental da distribuição de sua música.

PUBLICIDADE

A Meta Platforms parou de licenciar vídeos musicais premium da UMG para o Facebook em maio, depois de descobrir que eles eram menos populares do que outros produtos musicais. A disputa da empresa com o TikTok também levou a um mês de perda de receita da plataforma no trimestre.

Embora a volatilidade da receita possa ser temporária, “esperamos que a decepção pese sobre o sentimento” dos investidores no curto prazo, disse Thomas Singlehurst, analista do Citi, em uma nota aos clientes.

No fechamento, as ações caíram 23,54%, para € 21,70, na Euronext Amsterdam nesta quinta-feira, depois de terem caído anteriormente para um mínimo de € 19,93 durante o pregão.

PUBLICIDADE

A receita de streaming, que depende do mercado publicitário, caiu 4% devido a uma "desaceleração no crescimento dos principais parceiros de plataformas baseadas em publicidade, bem como a quedas em certas plataformas relacionadas ao momento da renovação dos contratos", disse a empresa.

Leia mais: Taylor Swift é vítima de IA em novo álbum e evidencia riscos na criação musical

“Os investidores compraram a UMG principalmente por causa do crescimento dois dígitos baixos no streaming pago, em nossa opinião, a principal base para o valuation da UMG”, disse o analista do Barclays Julien Roch. “Se o crescimento do streaming pago permanecer mais baixo [em um dígito], vemos os múltiplos da UMG caindo”, disse ele.

PUBLICIDADE

Impacto de Taylor Swift

Swift, que segue com sua turnê Eras Tour, continuou a aumentar a receita gerada para a Universal Music: a receita do grupo com merchandising subiu 44% no trimestre.

Os produtos mais vendidos no trimestre incluíram lançamentos de Swift, Billie Eilish, Seventeen, Morgan Wallen e Ae! group, informou a empresa.

Apesar da desaceleração, o fato é que receita total da empresa aumentou pelo 12º trimestre consecutivo desde sua listagem, para 2,93 bilhões de euros (US$ 3,2 bilhões) de abril a junho, acima das estimativas, mas isso não ajudou o sentimento afetado pelas preocupações com seu crescimento.

Os maiores investidores da Universal Music incluem o bilionário Bill Ackman, gestor de fundos hedge, que detém uma participação de 10,3% por meio de seus vários fundos da Pershing Square.

Acionistas da empresa, como a empresa de mídia francesa Vivendi e a Bollore, também foram atingidos pelos resultados que decepcionaram - ambas caíram mais de 9% em suas mínimas nesta quinta. Segregada da Vivendi, a Universal abriu seu capital na Euronext Amsterdam em setembro de 2021.

Leia mais: Disputa entre TikTok e Universal Music leva à retirada de mais músicas da plataforma

A Universal Music tem pressionado para que as plataformas compensem os artistas no que chama de forma justa e tem defendido um novo modelo de royalties de streaming.

A empresa começou a retirar suas músicas do TikTok, de propriedade da chinesa ByteDance, em fevereiro, depois que as negociações para estender um acordo de licenciamento fracassaram.

Em maio, a empresa chegou a um acordo com a TikTok que incluía uma melhor remuneração para compositores e artistas, novos acordos promocionais e proteções contra músicas geradas por IA.

No início deste ano, a Universal Music deu início a uma reorganização para gerar 250 milhões de euros em economias anuais até 2026, inclusive por meio de cortes de empregos.

- Com a colaboração de James Cone e Sarah Jacob.

Veja mais em bloomberg.com

©2024 Bloomberg L.P.