Bloomberg Línea — Para o CEO da rede de cinemas norte-americana AMC Theaters, duas pessoas foram responsáveis pelo impulso na receita da empresa nos três meses finais de 2023: as cantoras Taylor Swift e Beyoncé.
Ambas lançaram, no final do ano passado, filmes de suas turnês - e a receita total da AMC subiu 23% em 2023 quando comparado a 2022, para US$ 4,8 bilhões, enquanto a receita do quarto trimestre de 2023 subiu 11,5% em relação a 2022, para US$ 1,1 bilhão, acima das expectativas do mercado.
“O que é particularmente notável é o quanto a AMC se beneficiou de nossos esforços pioneiros líderes na indústria com nossa distribuição altamente bem-sucedida de dois filmes de concerto, Taylor Swift: The Eras Tour e Renaissance: A film by Beyoncé [...] Literalmente, todo esse aumento na receita e no EBITDA da AMC é atribuível ao fato de termos exibido esses dois filmes em nossos cinemas nos EUA e internacionalmente”, disse Adam Aron, CEO e chairman da AMC Entertainment, maior rede de cinemas do mundo, no comunicado oficial de resultados.
A turnê de Swift no cinema, por exemplo, se tornou o filme-concerto mais lucrativo da história, ultrapassando This Is It, de Michael Jackson, lançado em 2009. Mundialmente, a produção da The Eras Tour faturou US$ 261,6 milhões em bilheteria.
Já o filme de Beyoncé teve um faturamento de US$ 43,9 milhões, segundo o BoxOffice Mojo, que monitora o setor.
“Este é um resultado impressionante, considerando que nenhum desses filmes estava no planejamento de ninguém até o meio do ano e que foram os primeiros filmes distribuídos pela AMC em toda a nossa história de 103 anos.”
“Nesse sentido, nossos elogios a Taylor Swift e Beyoncé Knowles Carter não têm limites, e oferecemos nossos agradecimentos ilimitados a essas duas artistas de classe mundial por confiarem na AMC para colaborar com elas na exibição teatral de suas duas obras-primas”, continuou Aron.
Mesmo assim, 2023 foi definido por Aron como um “ano ruim para os acionistas”, o que levou a empresa a cortar o salário do CEO em 25% neste ano.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização foi de US$ 42,5 milhões, abaixo dos US$ 46,7 milhões que os analistas previam.
As ações da AMC, sediada em Leawood, no estado do Kansas, caíram 9,2% para US$ 4,53 no final das negociações.
Pagamentos de juros mais altos aumentaram o consumo de caixa da empresa no período, escreveu a analista da Bloomberg Intelligence Geetha Ranganathan após a divulgação dos resultados.
“Isso prejudica ainda mais a perspectiva já sombria de 2024″, disse ela, acrescentando que a empresa pode ter que emitir mais ações para levantar dinheiro.
A S&P Global Ratings atribui à AMC uma classificação de junk CCC+, com uma perspectiva negativa, refletindo “seu substancial fardo de dívida” e expectativas de que a receita cairá de 8% a 9% neste ano devido a uma programação limitada de lançamentos de filmes dos estúdios de Hollywood este ano.
A empresa, que carrega dívidas de longo prazo e obrigações de locação de US$ 8,73 bilhões, evitou a insolvência no rastro da pandemia de covid-19 por meio de vendas de ações e outras manobras.
Impulsionadas por investidores varejistas no auge da pandemia, as ações da AMC foram brevemente negociadas acima de US$ 450 em junho de 2021, o que deu a Aron a oportunidade de levantar dinheiro. O CEO, cujo salário ultrapassou os US$ 23,7 milhões em 2022, também vendeu a maioria das ações que possuía antes da pandemia.
Durante uma call com analistas, segundo a Bloomberg News, Aron disse que “acredita que a bilheteria começará a se fortalecer novamente já no próximo mês”, com o lançamento de Duna: Parte Dois, da Warner Bros, e Legendary Entertainment, em 1º de março.
A empresa arrecadou cerca de US$ 325,5 milhões com a venda de 40 milhões de ações em setembro passado, um movimento que, segundo ela, resolveria uma crise de caixa à medida que a indústria de cinemas se recupera.
-- Com informações de Bloomberg News.
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