Bloomberg — A decisão da Natura & Co Holding (NTCO3) de fundir-se com sua subsidiária Natura Cosméticos e mudar a liderança da empresa combinada acrescenta um novo conjunto de questões para os investidores após a queda dos lucros no trimestre mais recente.
A proposta de fusão será levada à votação dos acionistas em uma reunião marcada para 25 de abril.
A Natura & Co, que é a holding da Natura Cosméticos, informou que o CEO, Fabio Barbosa, deixará o cargo e se candidatará a presidente do conselho de administração da nova empresa combinada, que se chamará Natura Cosméticos.
O CFO, Guilherme Castellan, deixará a empresa em maio, um movimento que vinha sendo planejado há vários meses, de acordo com um comunicado.
O CEO da Natura Cosméticos, João Paulo Ferreira e a CFO Silvia Vilas Boas continuarão em suas funções após a fusão.
Leia também: Allos quer crescer o braço de mídia com atuação além da área do shopping, diz CFO
A Natura & Co continua a explorar alternativas estratégicas para a Avon International, incluindo uma potencial venda. Um plano de recuperação para o negócio está em andamento.
A mudança acrescenta mais incerteza a uma ação que sofreu a maior queda já registrada na semana passada, eliminando mais de R$ 5 bilhões de capitalização de mercado, depois que os fracos lucros do quarto trimestre e as dúvidas sobre os dividendos da empresa provocaram a decepção dos investidores.
Desde então, alguns analistas rebaixaram suas recomendações e pediram mais clareza sobre as mudanças propostas e o potencial de desinvestimento da Avon International sob a nova estrutura.

O foco dos investidores deve permanecer nas mudanças na administração, de acordo com o analista Joseph Giordano, do JPMorgan, que rebaixou a ação para neutra após a divulgação dos resultados.
Ele disse que a saída de Castellan, que estava no cargo desde 2021 e tinha um “forte histórico de disciplina de custos”, provavelmente não será bem recebida pelos investidores.
No entanto, uma fusão poderia desbloquear dividendos no futuro, disse o analista do Citigroup João Pedro Soares em uma nota aos clientes.
Mesmo assim, o banco cortou suas previsões para a Natura para refletir vendas e margens mais baixas na América Latina, ao mesmo tempo em que incorporou as expectativas de que a venda da Avon International poderia levar mais tempo para ser concluída.
“Dada a maior incerteza sobre a trajetória da margem e os efeitos negativos persistentes da Avon International, atribuímos agora uma classificação de alto risco”, disse Soares, rebaixando a ação para neutra.
As mudanças estruturais e de gestão propostas podem trazer volatilidade adicional, disse o analista Pedro Pinto, do Bradesco BBI.
Os analistas do Goldman Sachs disseram que a mudança na administração foi uma surpresa, com a expectativa de que esses movimentos acontecessem após a resolução de uma alternativa estratégica para a Avon International.
As ações da Natura fecharam em queda de 1,66%, a R$ 9,49, no pregão de sexta-feira (21). As ações caíram quase 30% desde 14 de março.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
Casas Bahia aposta em crediário recorde para sustentar expansão, diz CFO
Track & Field cresce com impulso de ecossistema wellness e geração de caixa, diz CEO
© 2025 Bloomberg L.P.