Nas finais da NBA e na Olimpíada, Nike busca o próximo LeBron James

No mercado bilionário de tênis de basquete, marcas fazem apostas em atletas como Jayson Tatum e Luka Doncic, enquanto craques como LeBron, Curry e Durant estão em fase final de carreira

In the Eastern Conference, 26-year-old Jayson Tatum, who has a shoe deal with Nike’s Jordan brand, led Boston to the NBA Fiinals.
Por Randall Williams
16 de Junho, 2024 | 12:13 PM

Bloomberg — Quem será o próximo ídolo do basquete?

Essa tem sido uma pergunta premente na NBA enquanto os superastros LeBron James, 39 anos, Kevin Durant, 35, e Steph Curry, 36, entram nos estágios finais de suas carreiras. Durante anos, eles dominaram o esporte e o mercado de calçados com suas linhas populares de tênis. Mas sua relevância tem diminuído - nenhum deles passou da primeira rodada dos playoffs - e ainda não surgiu ninguém para substituí-los.

As finais da NBA são uma oportunidade de resposta - o Boston Celtics lidera a série melhor de sete jogos com três vitórias e uma derrota contra o Dallas Mavericks. O jogo 5 será nesta segunda-feira (17).

O confronto apresenta equipes com jovens estrelas que ainda não ganharam um título - muitas vezes um pré-requisito para decolar comercialmente. Jayson Tatum, 26 anos, levou Boston até este ponto. O Dallas Mavericks conta com Luka Doncic, 25 - que chegou às finais após uma vitória sobre o Minnesota Timberwolves de Anthony Edwards, 22, que teve uma temporada de destaque.

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A incerteza sobre o próximo rosto da liga gerou um frenesi, em que grandes as marcas distribuem mais acordos de tênis do que nunca na esperança de encontrar a próxima super estrela ou apenas abocanhar uma fatia de um mercado de calçados em transformação. Ao todo, há quase 30 tênis exclusivos no mercado, quase o triplo da quantidade de uma década atrás.

“A visibilidade crescente dos atletas está levando mais marcas a ampliar seu repertório com eles, e está valendo a pena”, disse Beth Goldstein, analista da indústria de calçados na Circana, uma empresa de pesquisa de mercado.

Um sinal de que o mercado de tênis de basquete está mais aberto é que marcas raramente associadas ao esporte também entram na briga.

A Skechers construiu um negócio que alcançou US$ 8 bilhões em vendas no ano passado com calçados casuais e confortáveis. Mas, em outubro passado, a empresa lançou tênis de basquete de performance e assinou com jogadores, incluindo o ala do New York Knicks Julius Randle para promovê-los.

Em abril, a Skechers investiu ainda mais no basquete, supostamente assinando com Joel Embiid, o MVP da temporada regular da NBA em 2022-2023, um acordo que pode incluir seu próprio tênis.

A New Balance é mais conhecida por seus tênis de corrida, mas agora lançou quatro edições de um tênis de basquete exclusivo para Kawhi Leonard, uma estrela do Los Angeles Clippers que tem dois anéis de campeão da NBA.

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A empresa investiu esses recursos devido ao “impacto cultural e ao halo geral da marca que o basquete proporciona”, disse Trent Casper, gerente geral de conceitos de basquete e estilo de vida da New Balance, em uma entrevista à Bloomberg News.

LeBron James’ signature sneakers at Nike's flagship store in New York in 2010. Photographer: Jin Lee/Bloombergdfd

Rostos antigos também estão retornando ao mercado.

A Reebok, que já teve tênis exclusivos para Dominique Wilkins e Shawn Kemp, contratou a lenda do Los Angeles Lakers Shaquille O’Neal como seu presidente de basquete em outubro. O’Neal então recrutou o hall da fama do basquete Allen Iverson como seu vice-presidente.

Outro catalisador para o boom nos acordos de tênis é que a NBA tem mais fãs globais do que as principais ligas profissionais dos EUA. Isso significa que as estrelas da liga têm mais fãs no TikTok e Instagram do que outros atletas americanos, o que aumenta o retorno sobre o investimento de uma marca.

“A presença nas redes sociais adicionou uma camada extra na avaliação do valor de um atleta”, disse Matt Powell, consultor sênior da Spurwink River. “Pode ser mais importante do que seu desempenho em quadra, porque você pode alcançar muitas pessoas imediatamente nas redes sociais.”

Marcas asiáticas estão aumentando a competição.

Em janeiro, Nikola Jokić - campeão da NBA em 2023 que foi nomeado MVP três vezes nas últimas quatro temporadas - assinou um acordo com a 361 Degrees, uma marca chinesa de roupas esportivas.

Outros jogadores da NBA também têm acordos de tênis exclusivos com marcas chinesas como Anta, Rigorer, Li-Ning e Peak.

A sensação do basquete feminino Caitlin Clark (à esq.), que estreou pelo Indiana Fever, da WNBA, depois de quebrar recordes no basquete universitário (Foto: Andy Lyons/Getty Images North America)dfd

Os fabricantes de tênis também aumentam suas apostas no jogo feminino.

A Nike tem desenvolvido um modelo para a jovem fenômeno Caitlin Clark, 22 anos, recém-saída do basquete universitário e selecionada para jogar no Indiana Fever, e para A’ja Wilson, duas vezes MVP e que tenta levar o Las Vegas Aces ao terceiro título consecutivo da WNBA. A Puma também tem um acordo de tênis com Breanna Stewart, estrela do New York Liberty.

A lacuna entre as eras dos superastros na NBA tem grandes implicações para a Nike.

A gigante de artigos esportivos já teve mais de 90% do mercado de tênis de basquete na América do Norte, mas esse domínio está sob pressão há anos. Agora, outras partes de seu negócio, como corrida, também perdem terreno para concorrentes, o que tem levado a empresa fundada por Phil Knight a resultados decepcionantes, cortes de empregos e queda nas ações.

A Nike era tão dominante nos tênis de basquete que poucas marcas tentavam competir. Nos anos 1980, a empresa fez uma parceria visionária com o grande Michael Jordan. Seu tênis exclusivo, o Air Jordan, tornou-se tão forte que a Nike o transformou em uma marca própria nos anos 1990.

As vendas da marca Jordan permaneceram fortes mesmo após a aposentadoria do jogador da NBA em 2003. Desde então, acordos de tênis com os super astros Kobe Bryant, James e Durant ajudaram a manter a Nike muito acima dos concorrentes.

Mas rachaduras começaram a aparecer na dominância da Nike na última década, quando Curry e seu Golden State Warriors se tornaram um dos times mais dominantes da história da NBA.

A Nike tinha Curry sob contrato assinado no início de sua carreira, mas a empresa cometeu um erro na tentativa de mantê-lo, e ele se mudou para a Under Armour antes de sua estrela explodir em 2015, quando ele ganhou o MVP e um título da NBA - outros três viriam em anos seguintes.

A Nike tem investido pesado na busca pelo próximo rosto da NBA. Por ser maior e estar disposta a gastar mais que os concorrentes, pode oferecer o maior acordo. Nos últimos anos, apostou em Ja Morant e Zion Williamson.

Mas essa dupla mostra os riscos de distribuir acordos de tênis para jogadores jovens. A liga suspendeu Morant, 24 anos, no ano passado por exibir armas nas redes sociais, quando seu tênis exclusivo estava prestes a ser lançado. Williamson, 23 anos, foi uma das principais escolhas do draft dos últimos tempos quando o New Orleans Pelicans o selecionou em 2019, mas lesões desaceleraram sua carreira.

Anthony Edwards, 22, of the Minnesota Timberwolves debuted a signature shoe from Adidas last year. Photographer: David Berding/Getty Imagesdfd

“Os atletas são pessoas e as pessoas cometem erros e se envolvem em problemas”, disse Powell. “E quando um atleta se envolve em problemas, isso tem um impacto negativo nas vendas.”

As finais da NBA podem ser exatamente do que a Nike precisa. Doncic e Tatum têm tênis exclusivos com a marca Jordan. Eles são estrelas estabelecidas que já fizeram jornadas nos playoffs. Uma série de destaque que capture a atenção do público em geral provavelmente os levará a patamares mais altos.

Ou talvez Victor Wembanyama, o pivô de 2,24 metros de altura, será a próxima super estrela. Ele assinou com a Nike e ganhou o prêmio de Novato do Ano da NBA nesta temporada depois de ter a primeira escolha no draft do ano passado. No entanto não houve muitos pivôs na história com tênis mais vendidos.

Armadores com alta pontuação, como Jordan e Bryant, muitas vezes dominaram. Isso pode ser um bom presságio para a Adidas porque ela revelou um tênis exclusivo para Edwards no ano passado em sua quarta temporada. Ele então liderou os Timberwolves à sua melhor performance em duas décadas, sendo comparado a Jordan com suas enterradas monstruosas e jogadas habilidosas.

O tênis exclusivo de Edwards esgotou repetidamente quando uma nova cor foi lançada, disse a Adidas em seu relatório anual de 2023, enquanto as vendas em sua categoria de basquete aumentaram em dois dígitos, enquanto a receita geral da empresa caiu cerca de 5%. A rede de calçados Foot Locker destacou recentemente seus tênis pela velocidade com que as vendas estão crescendo.

Embora a temporada de Edwards tenha terminado, há mais oportunidades pela frente. Ele será o jogador mais jovem da equipe olímpica de basquete dos EUA no próximo mês em Paris. Como os playoffs da NBA, as Olimpíadas podem servir como um trampolim para estrelas em ascensão.

Mas ele também pode ser ofuscado por nomes conhecidos. Essa equipe também inclui James, Durant e Curry.

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