Seguradora é destaque em resultado da Berkshire, de Warren Buffett

Holding do bilionário investidor amplia o lucro no segundo trimestre apesar da inflação e dos juros elevados, com impulso dos resultados de seus negócios no setor

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Bloomberg — A Berkshire Hathaway (BRK/A), de Warren Buffett, reportou aumento no lucro operacional no segundo trimestre, com a força de seus negócios de seguros ajudando a compensar as pressões inflacionárias que afetaram o conglomerado no período.

A empresa divulgou no sábado (5) um lucro operacional de US$ 10,04 bilhões para o segundo trimestre, superando os US$ 9,28 bilhões obtidos no mesmo período do ano passado.

Os resultados foram impulsionados principalmente por um aumento de 74% nos ganhos de subscrição de seguros (análise de riscos para definir termos e taxas das apólices), totalizando US$ 1,25 bilhão, com a redução de despesas na seguradora de automóveis Geico e benefícios da aquisição da Alleghany.

A resiliência do segmento tem sido destaque nos negócios das maiores empresas brasileiras, caso do Bradesco Seguros em divulgação na semana que passou. Essa divisão, que engloba ainda previdência e capitalização, teve crescimento acima de 30% no segundo trimestre na base anual, e o banco revisou para cima o guidance para o ano fechado de 2023 para uma expansão do lucro de 21% a 25%.

A Berkshire apresentou resultados melhores apesar de Buffett ter alertado em sua reunião anual em Omaha, em maio, que os lucros da maioria de suas unidades operacionais poderiam cair neste ano, à medida que um “período incrível” para a economia dos EUA chega ao fim.

Ainda assim, o ritmo agressivo de aumento das taxas de juros pelo Federal Reserve ajudou a empresa a obter um maior rendimento com o dinheiro que acumula principalmente em títulos do Tesouro dos EUA de curto prazo. O caixa atingiu US$ 147,4 bilhões no trimestre, o segundo maior nível desde 2014.

Na última quinta-feira (3), Buffett disse que o rebaixamento da dívida do governo dos EUA pela Fitch Ratings não diminuiria o seu apetite por ela. O caixa da Berkshire incluía US$ 120,4 bilhões investidos em títulos do Tesouro dos EUA, de acordo com um documento da empresa divulgado no sábado.

Ferrovias pesam contra

Um negócio que teve um desempenho pior foi sua unidade ferroviária BNSF, em que o lucro caiu 24% devido à diminuição do volume de cargas; o aumento no número de funcionários e a inflação salarial contribuíram para maiores custos com remuneração e benefícios.

A unidade de seguros Geico da empresa, que teve dificuldades com a falta de lucratividade ao longo de 2022, obteve resultados positivos pelo segundo trimestre consecutivo.

A Berkshire citou um benefício dos prêmios mais altos ao longo do último ano e da redução na frequência de sinistros, bem como uma redução nos gastos com publicidade. No entanto, nos últimos 12 meses, o número de apólices em vigor diminuiu em 2,7 milhões, sugerindo que os cortes nos gastos com publicidade estão custando participação de mercado à seguradora de automóveis do conglomerado.

Desafios para a Berkshire

Nos últimos anos, o conglomerado tem enfrentado um problema de alto nível: um excesso de caixa e nada para gastar, pois os elevados valuations do mercado privaram o investidor bilionário de oportunidades de aquisição. As taxas de juros mais altas aliviaram um pouco a pressão de manter esse caixa, segundo a Bloomberg Intelligence.

O que a Bloomberg Intelligence diz:

“As diversas empresas da Berkshire Hathaway contribuem para o poder de ganhos a longo prazo; uma desaceleração da economia e a inflação são riscos, mas a empresa conseguiu ignorá-los até o momento. O CEO Warren Buffett disse que os ganhos das empresas operacionais podem diminuir neste ano, mas um aumento significativo na receita de juros compensaria.”

Matthew Palazola, analista sênior, e Eric Bedell, analista associado da Bloomberg Intelligence

- Com informações da Bloomberg Línea.

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