Na Vivara, momento de expansão, ganho operacional e abertura de loja no exterior

Melhorias em gestão de estoque em lojas e em precificação e otimização de operação ajudam a explicar avanço das receitas em ‘same stores’, além de maior área de vendas, diz a companhia à Bloomberg Línea

Loja da Vivara em shoppings
08 de Novembro, 2024 | 06:21 AM

Bloomberg Línea — A Vivara manteve o processo de crescimento acelerado em dois dígitos e evolução de indicadores operacionais no terceiro trimestre, como parte de uma agenda que inclui de plano de expansão a melhorias operacionais. Em outubro, a companhia deu início também a um projeto piloto de loja no exterior, no Panamá, em linha com a tese de internacionalização defendida pelo fundador e presidente executivo do conselho de admnistração, Nelson Kaufman, em março passado (leia mais abaixo).

“Temos dado continuidade ao nosso plano de expansão, aumentando nossa área de vendas em 18,4% nos últimos doze meses - dada a adição de 63 pontos de vendas no período”, disse a companhia em resposta à Bloomberg Línea sobre as razões que explicaram o desempenho.

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As receitas líquidas subiram 23,1% na base anual, para R$ 562,9 milhões, ligeiramente acima do consenso de analistas consultados pela Bloomberg (R$ 561 milhões). Houve avanço também no conceito SSS (mesmas lojas), de 13,5% na mesma base.

O Ebitda ajustado - métrica de geração de caixa operacional - avançou 44% na base anual, para R$ 127,4 milhões, com expansão de 3,2 pontos percentuais, para 22,6%, acima das estimativas de analistas.

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“O período apresentou um incremento de rentabilidade operacional, com destaque para alavancagem operacional vinda tanto das despesas com vendas”, apontou a empresa no documento de resultados.

O aumento de dois dígitos nas vendas nas mesmas lojas, por sua vez, pode ser atribuído a uma combinação de iniciativas, segundo a empresa.

Essas ações incluem “(i) gestão eficiente de estoque em lojas, com melhor assertividade do mix - fruto de uma re-clusterização do parque - e início da trajetória de incremento de volume de estoque por loja, (ii) diligente precificação, e (iii) contínua otimização operacional - sempre aliada a melhoria do nível serviço”, segundo apontou a Vivara nas explicações para a Bloomberg Línea.

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A execução dessa estratégia segue no foco da companhia e deve continuar a se refletir no avanço de resultados nos próximos trimestres, segundo a Vivara - com impulso específico neste quarto trimestre em razão de fatores sazonais, com as compras de fim de ano.

“A companhia continua a investir em novas tecnologias na planta em Manaus, com o processo de internalização de produção de Life, bem como aprimorando o planejamento tributário, extraindo o máximo da nossa malha logística”, disse a companhia nas respostas encaminhadas.

“Queremos reforçar nossa posição de liderança no mercado e dar continuidade ao nosso tripé de crescimento forte, expansão de rentabilidade e sólida estrutura de capital e geração de caixa.”

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Na frente de expansão, a Vivara (VIVA3) abriu onze lojas entre julho e setembro, das quais dez da marca Vivara e uma da Life, o que levou o total de novas unidades neste ano para 49.

Para o quatro trimestre, 20 novas lojas devem ser inauguradas, o que levaria a Vivara a ficar praticamente em linha com a projeção de 70 a 80 unidades novas no ano completo de 2024.

Expansão internacional

Uma das novas lojas abertas neste trimestre atual, no fim de outubro, fica localizada no Shopping MultiPlaza, na cidade do Panamá, com 206 metros quadrados. É a primeira loja da Vivara fora do Brasil.

“A iniciativa piloto introduz a marca Vivara no contexto internacional, bem como irá contribuir para o planejamento e a avaliação de potenciais iniciativas futuras no médio-longo prazo”, disse a companhia no documento de resultados, com a ressalva do compromisso no mercado doméstico.

O plano de internacionalização foi inicialmente revelado, ainda no plano das intenções, pelo fundador e presidente executivo do conselho de administração, Nelson Kaufman, em março deste ano, quando anunciou que voltaria ao comando da companhia depois de treze anos.

Na ocasião, explicou que havia tomado a decisão de voltar por causa da visão de que a Vivara está pronta para se tornar uma marca internacional - e as oportunidades enxergadas estavam em mercados semelhantes ao brasileiro na América Latina, segundo relatado pelo Brazil Journal; e porque entendia que a empresa poderia melhorar em muitas frentes da operação, incluindo a experiência em lojas.

O processo de melhoria dos resultados vem na esteira da reaproximação do fundador à operação.

O empresário e executivo chegou a ocupar por dez dias o cargo de CEO em março passado, mas acabou desistindo diante da reação negativa de investidores e analistas, com queda das ações.

Na sequência, promoveu uma mudança no comando da companhia, com a nomeação do então CFO, Otávio Lyra, como novo CEO - o anterior, Paulo Kruglensky, saíra para Kaufman assumir.

Naquele momento, a Vivara já se posicionava como um dos destaques do varejo na visão de analistas do sell side, com tese de negócios elogiada, crescimento das receitas em dois dígitos e margens elevadas.

As ações da Vivara subiram cerca de 25% desde o ponto mais baixo do ano em meados de junho, mas ainda acumulam queda aproximada de 10% em doze meses.

- Matéria atualizada às 7h30 de 8/11 com a informação de que, na verdade, os números de Ebitda ajustado superaram as estimativas de analistas do sell side.

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Marcelo Sakate

Marcelo Sakate é editor-chefe da Bloomberg Línea no Brasil. Anteriormente, foi editor da EXAME e do CNN Brasil Business, repórter sênior da Veja e chefe de reportagem de economia da Folha de S. Paulo.