Bloomberg Línea — O Grupo Porto (PSSA3) avalia que os segmentos de saúde e de produtos financeiros, dois mercados em que a companhia tem uma penetração menor, oferecerem oportunidades de expansão, no momento em que a empresa já registra crescimento relevante nessas verticais.
O CEO Paulo Kakinoff se disse confiante com o desempenho das quatro unidades da companhia (Porto Seguro, Porto Saúde, Porto Bank e Porto Serviço). O executivo citou - em conversa com jornalistas no começo da semana - o exemplo da Porto Bank, que está na fase de implantação do projeto de abertura de contas digitais para pessoa física, como uma das frentes de crescimento.
“O cronograma está sendo cumprindo. Devemos ter conta para PJ [pessoa jurídica] no ano que vem. Vamos continuar a expansão da base de contas, com nível alto de satisfação. Isso graças à tecnologia do nosso sócio, o Itaú Unibanco. Somos o primeiro cliente do Itaú a ter uma plataforma bank as a service”, disse o CEO na terça-feira (12).
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O grupo elevou nesta semana o guidance (projeção) para as verticais de saúde e de serviços financeiros, enquanto a companhia evita entrar em uma guerra de preços e sacrificar rentabilidade no seu segmento principal, o de seguros para automóveis.
No segmento Porto Saúde, o grupo revisou o guidance de sinistralidade para 75% a 79%, ante o intervalo anterior de 77% e 82%. Também revisou a alta esperada para a receita do Porto Bank, para 18% a 24%, ante 13% a 19%.
O avanço da projeção de sinistralidade da vertical de saúde se deve a uma soma de fatores, segundo executivos da Porto.
Houve maior combate a fraudes com a digitalização do processo, com atendimento aos clientes por um time médico da companhia e maior acurácia nas recomendações médicas. Em relação ao segundo trimestre, também houve uma menor frequência de demanda por doenças.
“Temos um nível grande de confiança na trajetória das verticais, sendo resultado de um plano estratégico que começou há cinco anos, executado com disciplina, cujos resultados são inconteste. Para os próximos cinco anos, temos bons motivos para permanecer no nível grande de entusiasmo com o que vem pela frente”, afirmou o CEO.
As ações da companhia operavam em queda de 1,20% nesta quarta-feira (13), pouco antes do fechamento do mercado. No ano, os papéis acumulam valorização de 34,9%, enquanto o Ibovespa tem perdas acumuladas de 4,7%.
Resultados do terceiro trimestre
A melhora das projeções ocorre junto com a divulgação do resultado financeiro do terceiro trimestre. De julho a setembro, o lucro líquido atingiu R$ 738,1 milhões, crescimento de 32,3% em 12 meses, com o ROAE alcançando 22,9%.
“Foi o melhor trimestre do ano, em termos de rentabilidade nominal, acima da linha da água dos 20% de ROAE. Isso é decorrente da diversificação dos negócios”, disse o CFO Celso Damadi, também presente na conversa com jornalistas.
A receita trimestral do grupo cresceu 11% em 12 meses, atingindo R$ 9,5 bilhões. No acumulado do ano, a expansão foi de 12,9%, totalizando R$ 27,1 bilhões. O aumento de receitas em duplo dígito tem sido impulsionado pela ampliação da base de clientes, que totalizou 18 milhões ao final do período, segundo a Porto.
A unidade Porto Seguro, que responde pelos produtos de seguros, obteve receita praticamente estável (-0,2% em 12 meses), com crescimento de 8,1% no seguro patrimonial e de 10,4% no seguro de vida.
No automotivo, os prêmios foram 4,6% menores, decorrente da estratégia de manutenção de margens mais saudáveis, o que contribuiu para atingir um Índice Combinado da Unidade de 88,5% no trimestre, segundo a empresa.
No terceiro trimestre, a unidade Porto Seguro foi responsável por 59,3% da composição do resultado, seguida por Porto Bank (22,8%), Porto Saúde (10,6%) e Porto Serviço (7,2%).
Nos nove primeiros meses de 2024, o lucro líquido atingiu a marca de R$ 2 bilhões, um aumento de 25,2% em 12 meses. Já o ROAE foi de 20,4% no período, constituído por uma rentabilidade sobre o patrimônio acima de 20% em todas as verticais tanto no trimestre quanto no acumulado do ano.
Sobre os dividendos, o CFO do grupo disse que espera um aumento no pagamento dos proventos aos acionistas.
“A tendência é que, com a lucratividade que estamos tendo, a companhia volte a fazer uma distribuição de dividendos de 50%, como fizemos no passado”, disse o Damadi, lembrando que a companhia vem distribuindo aos investidores um patamar entre 43% e 45% do seu lucro.
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