Na LVMH, fraqueza da China pesa sobre resultados e reforça alerta no setor de luxo

Receitas da unidade de moda e artigos de couro tiveram aumento orgânico de 1% no segundo trimestre, metade do esperado pelo mercado e muito abaixo dos 21% um ano antes

Lojas da Louis Vuitton no Brasil e no mundo estão entre as preferidas de consumidores de alta renda para as compras de presentes para o Natal
Por Angelina Rascouet
23 de Julho, 2024 | 06:02 PM

Bloomberg — O crescimento das vendas da LVMH desacelerou no último trimestre, dado que os consumidores mais abastados reduziram seus gastos com as caras bolsas Louis Vuitton e a alta costura da Dior.

A receita da unidade de moda e artigos de couro do grupo de luxo - sua maior divisão - teve aumento orgânico de 1%, metade do ganho esperado por analistas. A evolução ficou muito abaixo do crescimento de 21% registrado um ano antes pela unidade, que abriga marcas como Christian Dior, Celine e Loewe.

Na LVMH (Moet Hennessy Louis Vuitton), as vendas na região que inclui a China caíram 14% no trimestre, uma decepção para um grupo de luxo que tem sido um dos mais resistentes apesar do arrefecimento da demanda por produtos de alta qualidade no país.

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A queda doméstica da segunda maior economia do mundo foi parcialmente compensada pelos gastos dos turistas chineses no exterior, especialmente no Japão, disse a empresa.

Os ADRs (recibos de depósitos americanos) da LVMH caíram até 5,1% depois dos resultados.

O lucro das operações recorrentes no primeiro semestre também ficou aquém das estimativas, enquanto a divisão que inclui a varejista de cosméticos Sephora cresceu cerca de metade do que os analistas esperavam no trimestre mais recente.

Comandada por Bernard Arnault, a terceira pessoa mais rica do mundo, a LVMH possui cerca de 75 marcas de luxo em áreas como moda, joias, hotéis e bebidas alcoólicas. Em uma declaração na terça-feira, ele se referiu a um clima de incerteza econômica e geopolítica.

Os resultados da LVMH aquém do esperado não foram fato isolado: o grupo suíço Swatch registrou uma queda de 70% no lucro - a culpa foi também atribuída ao colapso da demanda da China.

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Houve ainda um alerta sobre os resultados do Burberry Group, enquanto a Richemont, controladora da Cartier, apresentou vendas que quase não cresceram no trimestre mais recente, embora sua unidade de joias tenha se mostrado mais forte.

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As empresas que vendem artigos de luxo desfrutaram de um boom de gastos na era da pandemia, mas esse movimento perdeu força no ano passado, especialmente para as marcas que atendem aos chamados clientes aspiracionais.

Marcas mais exclusivas, como a Hermès - que divulga os resultados do primeiro semestre no fim desta semana -, resistiram mais à desaceleração.

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