Na disputa pelo cliente, IMC quer usar postos para alavancar Pizza Hut, diz CEO

Alexandre Santoro fala à Bloomberg Línea dos planos de expansão de marcas como Frango Assado e do aumento da digitalização para ganhar eficiência

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Bloomberg Línea — As rodovias mais movimentadas do Brasil testemunham uma disputa cada vez mais acirrada pela demanda alimentar de motoristas e passageiros. Redes de restaurantes e lanchonetes operadas por grandes grupos, como a IMC (International Meal Company) e o Madero, investem de olho no potencial de crescimento das vendas de alimentação fora do lar.

A IMC (MEAL3), que opera no país marcas como KFC, Pizza Hut e Frango Assado, decidiu apostar em postos também como canal de distribuição. O grupo começou a testar a utilização da rede de lojas de conveniência AmPm, que ficam em postos de combustíveis do grupo Ipiranga, para a venda de produtos congelados da marca global de pizzas.

A Pizza Hut gera atualmente uma receita de R$ 750 milhões por ano no mercado doméstico, com 256 unidades espalhadas pelo país, sendo 82 próprias e 174 franquias.

O CEO da IMC, Alexandre Santoro, disse à Bloomberg Línea que os testes começaram na cidade de São Paulo, sem fornecer previsão de quando o projeto será implantado em outras praças do país.

O executivo disse que pretende expandir as vendas da Pizza Hut também em lojas em grandes centros urbanos, especialmente capitais e cidades do interior, com áreas menores, ampliando o número de unidades de rua e em locais de grande fluxo, como shoppings, aeroportos e rodoviárias.

Santoro, que assumiu a companhia no começo de 2021, foi anteriormente presidente global da rede americana Popeyes e vice-presidente de Operações e Supply Chain da Restaurant Brands International (RBI), grupo que reúne marcas como Burger King e Tim Hortons, sob o controle da 3G Capital, dos bilionários investidores Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.

A IMC disputa o mercado de restaurantes com players como o Madero, que tem unidades em rodovias como Imigrantes, Bandeirantes e Carvalho Pinto, no estado de São Paulo, e Presidente Dutra, no Rio de Janeiro, e o Graal.

O Madero, comandando pelo chef Junior Durski, está presente nesse segmento com nove restaurantes nas rodovias de São Paulo e mais 13 em outros estados. Os restaurantes localizados nas estradas são chamados de Ecoparadas Madero.

O IMC está presente em estradas com a marca Frango Assado, adquirida em setembro de 2008 e que rende uma receita anual da ordem de R$ 700 milhões, segundo Santoro. Os principais pontos da estratégia preveem a melhora da experiência do consumidor, inclusive com redesenho de lojas.

Fundada em 1952, a rede de postos e restaurantes nasceu como uma barraca de frutas da família Mamprin, na Via Anhanguera, nos arredores da cidade de Louveira. Hoje, o Frango Assado tem 25 lojas próprias instaladas majoritariamente em rodovias do estado de São Paulo, onde é um dos principais operadores desse modelo de lojas, e em Minas Gerais. Os planos preveem a retomada da expansão.

“Vemos grande potencial de crescimento para o Frango Assado em 2024″, afirmou Santoro, sem, no entanto, apontar uma estimativa para o número de aberturas no próximo ano.

No segundo trimestre, o número de cadastrados do programa de fidelidade da marca, conhecido como Fran-GO!, ultrapassou a marca de 150 mil clientes. Houve aumento de 24% na taxa de download do app, com amplo potencial de expansão, segundo o executivo, dado que os pedidos que passam por esse canal representam ainda apenas 4,8% nas vendas da rede.

Além do plano de reforma nas principais lojas, houve a instalação de totens de autoatendimento com self-checkout em 100% das lojas de Frango Assado, segundo a IMC. O objetivo é agilizar a jornada e a experiência do cliente, além de contribuir com a rentabilidade e a eficiência operacional.

De volta ao lucro

Entre abril e junho, a IMC obteve receita líquida de R$ 605,8 milhões, alta de 2,7% em 12 meses, e Ebitda de R$ 88,7 milhões, com aumento anual de 20,8% e com margem de 14,6%. O lucro líquido atingiu R$ 35,1 milhões, revertendo prejuízo de R$ 4,8 milhões em igual período de 2022.

Segundo a IMC, o resultado se deveu à maior eficiência operacional, com investimentos em inovação, transformação digital, gestão de custos e sinergias, obtidas com o centro de serviços compartilhados e a cozinha central, além de otimização fiscal em imposto de renda e contribuição social.

Apesar da melhora dos resultados, as ações acumulam queda de 23% no acumulado de 2023; na comparação com o momento mais baixo em março, porém, a alta é de 15%.

Com a adição de 18 unidades líquidas, a IMC chegou ao fim do trimestre com 557 lojas na rede, entre unidades próprias e franquias, localizadas no Brasil, na Colômbia e nos EUA.

As vendas digitais aumentaram 34% e já representam 36% da receita das operações da KFC e da Pizza Hut, em razão em parte do lançamento do aplicativo proprietário da marca de pizzas. Totens de autoatendimento responderam por 26% das vendas nas lojas habilitadas do KFC.

A IMC encerrou o trimestre com dívida líquida de R$ 336 milhões. O índice de alavancagem financeira ficou em 2x a dívida líquida/EBITDA, abaixo dos covenants (3x). O CEO disse que a empresa segue em busca de reforçar a estrutura de capital por meio de alongamentos de prazos e redução do custo da dívida.

“A melhoria dos nossos resultados pelo nono trimestre consecutivo é a consequência da estratégia que definimos há dois anos e que seguimos implementando com disciplina”, afirmou Santoro.

- Matéria atualizada às 14h com os números de lojas próprias e de franquias da Pizza Hut no país.

- Matéria atualizada às 15h05 com a informação da IMC de que, diferentemente da versão original da matéria, o plano de venda de produtos da Pizza Hut em postos não prevê neste momento aqueles localizados em estradas.

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