Bloomberg — A Boeing enfrentou mais um trimestre de novos encargos e perdas, o que destaca o longo caminho que o CEO Kelly Ortberg tem pela frente enquanto tenta estabilizar a fabricante de aeronaves norte-americana.
Em um anúncio surpreendente na noite de quinta-feira (23), a Boeing disse que as vendas foram de US$ 15,2 bilhões, menos do que os US$ 16,76 bilhões esperados por Wall Street. O prejuízo por ação foi de US$ 5,46 de acordo com os princípios contábeis geralmente aceitos, disse a Boeing em um comunicado, citando números preliminares antes de sua divulgação programada para o início da próxima semana.
Embora grande parte da atenção do público tenha sido voltada para a problemática unidade de aviação civil da Boeing, os números revelaram o estado igualmente precário do negócio de defesa, que sofreu US$ 1,7 bilhão em encargos vinculados a cinco programas, incluindo o avião-tanque de reabastecimento aéreo KC-46 e os novos aviões presidenciais Air Force One, há muito tempo adiados.
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“A magnitude dos encargos da BDS [Boeing Defense, Space & Security] é decepcionante e levanta a questão sobre se a Boeing pode fazer alguma coisa para rescindir/descarregar esses contratos”, disseram analistas da TD Cowen em uma nota.
Quando a Boeing divulgar seus resultados na próxima terça-feira (28), os investidores vão querer saber se a empresa “finalmente delimitou sua exposição a perdas com os programas de defesa problemáticos”, disseram eles.
A unidade de aviões comerciais da Boeing registrará US$ 1,1 bilhão em encargos contábeis sobre o 767 e os jatos widebody 777X atrasados, alguns deles relacionados à paralisação do trabalho.
A nova iteração do maior avião de longo alcance da Boeing ainda está programada para ser entregue pela primeira vez em 2026, informou a Boeing.
Os resultados enfatizam a recuperação demorada que Ortberg enfrenta enquanto trabalha para estabelecer as fábricas e a cadeia de suprimentos da empresa em um ritmo operacional estável.
As fábricas de aeronaves comerciais da Boeing na Costa Oeste foram interrompidas durante grande parte do trimestre por 33.000 trabalhadores horistas que fizeram uma greve para exigir salários mais altos e melhores benefícios.
Embora a greve tenha terminado no início de novembro com um contrato de quatro anos que aumentou os salários em 38%, a Boeing não retomou a produção de aviões, incluindo o 737 Max, que gera muita receita, até dezembro. As entregas de novos jatos também foram reduzidas a um ritmo lento.
"Embora enfrentemos desafios de curto prazo, demos passos importantes para estabilizar nossos negócios durante o trimestre", disse Ortberg, que assumiu o cargo em agosto do ano passado após uma mudança na administração, no comunicado. "Nossa equipe continua focada no trabalho árduo que temos pela frente para construir um novo futuro para a Boeing".
A divisão de jatos comerciais da empresa registrou vendas de US$ 4,8 bilhões e uma margem operacional negativa de 44%, já que a greve e os cortes de empregos pesaram sobre os resultados.
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A divisão de defesa, espaço e segurança da Boeing registrou vendas de US$ 5,4 bilhões e uma margem operacional negativa de 42%.
Ortberg reforçou o caixa durante o trimestre, levantando até US$ 24 bilhões no mercado, para que a Boeing tenha mais tempo para reverter as operações. A empresa encerrou o ano com US$ 26,3 bilhões em dinheiro e títulos negociáveis. A saída de caixa operacional no trimestre atingiu US$ 3,5 bilhões, disse a Boeing.
A ação da Boeing caiu 1,8% nas negociações após o expediente em Nova York. As ações perderam cerca de um terço de seu valor no ano passado, o pior desempenho desde o auge da pandemia em 2020.
A rival europeia Airbus, que entregou mais do que o dobro de aeronaves comerciais aos clientes no ano passado do que a Boeing, ganhou 11% em valor de mercado em 2024.
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